O Sol e a Lua

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point of vision Ysis

Passamos a noite perambulando pela floresta, mas com cautela agora que sabíamos da maldição.

Não encontramos Margarida, e por não termos comido nada o dia inteiro tivemos que parar de andar. Nos escondemos em uma espécie de toca dentro de um morro, coube nós duas tranquilamente.

Estava frio, então esquentamos alguns galhos até que surgisse fogo, com um pedaço de pedra pontiaguda despelamos o esquilo que morreu sem ar dentro do saco.

-Então.. Me conta isso da lua.

Tento fazer Celina pensar em outras coisas.

-Quando minha mãe era viva, me contava seus maiores saberes. Um deles era sobre a Lua e o Sol. A Lua já foi uma mulher, linda e graciosa, ela esbanjava delicadeza e seriedade em seu olhar. Um dia essa Lua se apaixonou por um Sol, que era quente como uma fogueira, de características fortes e memoráveis.

-Uma vez que a Lua olhou para o Sol, nunca mais se esqueceu de seu olhar. Os dois se amavam todas as tardes quando o Sol se alinhava no céu, e todas as noites quando a Lua se alinhava também.

-Um dia a Lua foi morta injustamente, e o Sol prometeu se encontrar com a Lua, cometeu suicídio e se encontraram em outras vidas. E assim se fez por séculos e séculos.

-A minha mãe, se chamava de Lua e me chamava de Sol.

Percebo a expressão de Celina ao terminar a história.

Me aproximo dela e coloco minha mão em sua coxa.

-São belas histórias que o teu povo conta...

-Quando te achei na vila. Eu pude sentir a mesma energia que sentia em minha mãe.

-Por isso me escolheu?

-Sim..

-Entendo..

Celina me olha fixamente.

-Quando Gaya se foi, como conheceu Margarida?

Celina olha para cima como se tentasse se recordar.

-Minha mãe morreu de velhisse quando eu tinha 16 anos, eu já sabia de bastante coisa e quando ela morreu eu encontrei Margarida da mesma forma que te encontrei. Na vila.

-Ela vendia frutas e legumes nas tendas, um dia ela me alimentou com leite sem que ninguém da vila soubesse. Mas no dia que me acharam pela rua tentaram me matar por ter os pelos negros.

-Entendo bem como é.

Eu falo.

-Margarida vendo que não me aceitavam, saiu para morar dentro da floresta e eu a trouxe até a cabana. Onde eu e minha mãe ficávamos.

-Margarida era uma mulher mais jovem nessa época, cuidou de mim como uma filha, mesmo tendo forma de gato. Foi quando consegui falar com Margarida e ela me entendia.

-Mas nunca conseguiu se revelar a ela?

-Não.. Mas ela sabia que eu era alguém e sabia que em algum momento me revelaria.

-Entendo... Por causa do livro?

Celina tira o livro da sacola que trouxemos algumas poucas coisas. Era uma espécie de grimorio.

-O livro da Noite. As bruxas do passado escreviam seus feitos e saberes aqui. Eu não sabia que Margarida tinha um.

-Então por isso ela sabia..

Celina deixa o livro no chão e me olha.

-Eu sei que algo aconteceu com Margarida, eu sinto um aperto no peito.

Eu me aproximo mais de Celina, quase a beijando.

-Quem morre, nunca morre de verdade...

Celina me olha mais calma e completa.

-Sempre viverá...

Lhe dou um beijo demorado e suave, ela me devolve o mesmo beijo e então comemos o esquilo que ja estava assado. Deitamos juntas e dormimos aos carinhos e aconchego.

Ao amenhecer, saímos da toca e fomos mais uma vez atrás de Margarida. E desta vez achamos rastros no chão, como se algo foi arrastado. E este rastro seguia até para fora da floresta.

Seguimos o rastro sem ditubiar e ao mais a frente, vimos uma árvore de tronco grande e grosso, alta como se tivesse quatro metros e cheia de folhas acima. Ao nos aproximarmos vimos algo pendurado na árvore.

O sol negro - A lenda.Onde histórias criam vida. Descubra agora