Percy Jackson
Eu demorei onze anos para fazer aquilo e com certeza havia situações mais apropriadas, mas eu não tinha mais nada a perder.
Quer dizer, ela estava namorando e eu havia acabado de pedir para ela ir embora e fazer a vontade do namorado: se afastar de mim. Já havia perdido tudo o que me importava de verdade.
Annabeth parecia chocada demais com a minha declaração repentina e inapropriada, porque depois de minhas palavras, ela apenas murmurou um "Sinto muito", me dando a certeza de que não era recíproco, e então eu gritei com ela, ela pegou as malas e correu até seu quarto, batendo a porta em seguida.
E depois foi embora.
Todos os dias, sua saída de casa rondavaminha mente com todos os detalhes possíveis: ela me olhava chocado depois da declaração; eu gritava para ela sair dali; ela entrava em seu quarto, eu entrava no meu e trancava a porta e; três horas depois saía, já encontrando a casa e seu quarto relativamente vazio, com apenas algumas blusas e moletons – que ela sabia que eu a amava — jogados nas gavetas.
Depois de relembrar o momento pela centésima vez, cheguei a um ponto que não a dor parecia não me atingir mais, era como se meu corpo estivesse todo dormente.
Eu não o encontrava mais no St. Claire College. Ele provavelmente chegava mais tarde, já que seu horário era apenas a partir do segundo tempo, mas boa parte de mim acreditava que ele só chegava mais tarde para não poder esbarrar em mim.
Eu apenas a observava de longe, andando rapidamente pelos corredores às vezes e sorrindo para alguns alunos, sempre com sua bolsa preta de couro que eu odiava. De longe, ela parecia tão linda quanto quem estava a portando.
O meu apartamento estava uma bagunça. Eu não tinha disposição para arrumar nada, mas uma vez na semana me obrigava a fazer o esforço de pôr pelo menos minhas roupas na máquina de lavar e lavar a louça. Era o mínimo.
E assim eu segui meus dias após a partida de Annabeth Chase. Quando eu percebi, haviam se passado três semanas.
- Oi, mamãe. Bom dia - com meu celular na orelha, abri um sorriso, por mais que ela não pudesse me ver.
- Vejo que alguém acordou de bom humor, uh? - sua voz doce ecoou por meus ouvidos e logo eu senti todos os meus músculos relaxarem com a calma que ela me trazia. Falar com a minha mãe era sempre uma terapia.
- Apenas animado com as festas se aproximando - disse distraído, pondo o celular no viva-voz em cima do balcão para poder fazer meu chá.
- Eu estou com tantas saudades meu amor.
- Apenas vinte dias, mãe. Logo estarei aí fazendo bagunça. Como está meu padrasto?
- Esta bem, Ele esta se arrumando para o trabalho,mas e você, amor? Como está?
- Tudo muito corrido, mas estou bem. As coisas estão caminhando bem nesse período.
- E a Annabeth, como está? - meu corpo gelou apenas de ouvir seu nome.
Minha mãe não sabia de toda história. Eu apenas havia dito o que eu sabia que ela gostaria de ouvir: ela estava namorando e decidiu pacificamente se mudar para o apartamento de seu namorado. E eu estava bem sozinho.
Isso, em partes era ruim, porque significava que ela ainda me perguntaria sobre Annabeth e eu seria obrigado a inventar uma mentira, como se ainda fossemos os melhores amigos do mundo. Mas era o certo a fazer, eu não queria minha mãe preocupada comigo atoa.
- Está bem, uh... bem ocupada. Ainda não falei com ela essa semana, não temos saído juntos. Hoje é quinta, então devo vê-lá.
- Oh, é uma pena - senti seu tom desapontado e meu coração se apertou. — Bem, mande um beijo para ele quando o vir. Preciso desligar, meu querido. Beijos, te amo.
Ouvi um grito ao fundo dizendo "Beijos, Percy" e reconheci a voz do meu padrasto Paul e mandei outro beijo para ele, em seguida desligando o celular.
|...|
- Aula livre, pessoal. A sala está aberta para vocês pegarem o que quiser. Só peço para que consigam conciliar o espaço da quadra, evitem brigas desnecessárias - Avisei e logo ouvi murmúrios felizes. Me sentei na arquibancada e dobrei minhas pernas, observando alguns alunos correrem até a sala onde todos os objetos usados em aula estavam dispostos.
- Hey, treinador Jackson - uma das minhas alunas, Beatrice, sentou-se ao meu lado. Sorri e balancei a cabeça em cumprimento.
- Não vai se juntar às suas amigas?
- Eca! O senhor que me desculpe, mas eu abomino qualquer atividade física - gargalhei de suas palavras e ela sorriu. Observei-a olhar para cima e dar uma risada.
- Do que está rindo? - perguntei confuso, olhando para onde seu olhar estava direcionado há segundos atrás. Apontava para a janela do prédio da escola que eu reconheci por ser a sala dos professores.
- Professora Annabeth, como sempre, olhando para a quadra.
Meu coração doeu ao ouvir seu nome, e eu mal prestei atenção na frase dita. Era como se apenas seu nome me chamasse atenção e junto com ela todas as memórias viessem, fazendo meu peito se apertar.
Mas eu me obriguei a tirar tudo da cabeça e dar atenção ao o que Beatrice falava. Afinal, era algo relacionado a Annie.
- Desculpe? - Perguntei e Beatrice sorriu para mim.
- A professora Annabeth está todas as quintas na janela da sala dos professores, observando a quadra. Algumas vezes ele sorri, outras solta pequenas risadas ou apenas observa tudo seriamente. Eu e minhas amigas apostamos que ela estar à fim de algum garoto da turma, mas descartamos isso quando vimos o olhar dela acompanhar cada movimento seu, professor Jackson.
A olhei chocado. Então Annabeth ainda chegava antes de seu tempo começar? E ela sempre observava minhas aulas? Céus, eu me sentia um idiota por nunca ter percebido.
- Eu sei que é errado se meter na vida dos professores, mas eu sei também que vocês costumavam chegar juntos e há um tempo pararam. Vocês são tão bonitinhos juntos! Não deixem esses garotos babacas dizer besteiras sobre os dois!
- Hum... eu acho que você entendeu errado - murmurei sem graça, já sentindo meu rosto corar. Por Deus, era uma aluna ali! Eu deveria ao menos manter minha postura e no mínimo repreendê-la por estar se metendo na minha vida. Mas eu não o fiz, simplesmente por ver sinceridade em suas palavras. - Eu e a Annabeth somos amigos. Amigos de longa data.
- Oh. Certo - Beatrice sorriu sem graça. - Mas ainda é sério quando digo para não dar ouvidos à algumas pessoas. Elas trazem energia negativa - completou, saindo de perto de mim.
E então eu passei o resto do tempo pensando em como havia chegado ao ponto de receber conselhos de alguém dez anos mais nova que eu.
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Invisible String (Percabeth)
Fanfiction"Ele era especial, eu tinha certeza. Algo forte nos cercava, algo tão fortemente bom que me fazia perder os sentidos de vez em quando, me deixando num estado bobo de ficar o observando por minutos e só ser acordado do transe quando ele batia em meu...