Lucky Clover

Medo

Um final de semana inteiro já havia passado desde a festa de dia das bruxas e a escola já parecia voltar ao normal. Nenhuma casa se misturava uma com a outra, exceto um grupo relativo de pessoas onde eu estava incluído.

Como de costume, ninguém conversava sobre nada entre as casas.

Meu humor não estava dos melhores ultimamente, mas não era como se eu pudesse evitar. Draco e eu pareciamos distantes e eu sabia exatamente a razão disso.

As cores o atormentavam, agora mais do que nunca.

Não conseguir enxergar as cores em mim parecia refletir nele uma incapacidade de fazer tudo o que queria, como se isso o tornasse inferior a outras pessoas. Inferior a mim. Era como se sua maior missão tivesse fracassado e eu, bem, fazia parte dessa missão suicida de me amar a qualquer custo.

Isso me afetava mais do que ele mesmo imaginava, mas o que poderia fazer? Dizer para não tentar se apaixonar por mim? No fundo acabei escondendo minha dor para entender a dele, mas essa situação já não se sustentava mais.

Nosso "quase" relacionamento já não conseguia aguentar as mudanças de humor de Draco. Eu mesmo já não suportava mais.

Éramos dois lados opostos de uma ponte velha de madeira, qualquer que fosse nossa escolha, cairiamos mesmo assim. Talvez eu caísse primeiro por desistir de forçar nele um sentimento que não existia, ou talvez ele se esgotasse de tentar e acabasse cansando da nossa relação.

No fundo isso nos destruiria por completo e eu sabia disso, mas não seria eu a abandonar o barco com meu capitão lutando para não cair no abismo de tristeza de não conseguir me colocar em seu coração.

Draco Malfoy era minha única exceção para toda essa confusão suicida.

Sim, era suicida. Ele tentava a todo custo me amar como se isso fosse como um pega pega. Mas nessa brincadeira de acabar demonstrando que gostava menos de mim do que pensei, meu coração nunca era encontrado e eu saia ferido, machucado.

- Harry, demorou! Onde estava, cara? - Ron se aproximou de mim enquanto fazíamos uma fileira de acordo com as casas.

Claro que eu deveria estar na fileira da sonserina, mas ultimamente eu era um membro entre as duas casas.

Como nosso professor se via incapacitado de dar aulas por seus autógrafos exagerados a imprensa, Remus Lupin, um membro importante na minha família, seria o professor substituto até o final das aulas.

Remus era ótimo como professor, o melhor se ouso dizer!

Procurei Draco pela sala e o encontrei ali, parado com Zabini e Goyle. A expressão fechada como se tivesse tido um dia difícil, mas nunca ia saber.

Ele já não me contava nada. Absolutamente nada. A distância era seu melhor amigo, acabei me apegando a ideia de me afastar também.

(...)

A aula estava ótima e conseguimos juntar dois horários para terminar os deveres atrasados, mas no momento das aulas práticas, como se já não aguentasse mais nada daquilo, Draco saiu da sala, apressado.

Encarei Ron e Mione que assentiram com a cabeça quando deixei a sala também atrás dele. Queria dizer ao loiro que não estava sozinho, que o peso daquela frustração não era somente dele, mas como sempre, ele não me ouviu.

- EI, MALFOY! - gritei quando ele já estava longe o bastante - MALFOY!! - voltei a gritar e então ele parou, de costas para mim.