De volta ao expresso Hogwarts

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Entre todos os lugares de Hogwarts que eu mais sentiria falta quando partisse, a torre de astronomia era o topo da lista, número um. Gosto desse lugar, de enxergar os terrenos sem uma fronteira, sem fim.

E infelizmente seria o lugar que eu me lembraria dele.

Não existia um único canto de Hogwarts que sua imagem não tivesse envolvida na minha mente. Draco Malfoy tinha nas mãos minhas melhores lembranças deste lugar e não fazia ideia.

Draco me deu coragem para derrubar portas fechadas, me fez criar asas para voar onde eu quisesse ir, mas não fazia idéia que me prenderia a ele. Negaria conhecer a liberdade se eu também soubesse o quanto me custaria.

Meus amigos diziam que eu deveria agradecer por ele ter me deixado, que ele tinha perdido. Então por qual razão não enxergava dessa forma?

O fantasma dele me acordava toda noite me lembrando… me forçando a lembrar.

Limpei algumas lágrimas quando ouvi passos se aproximarem, apoiei o pé na parede e voltei e encarar o paraíso dos terrenos da escola, fingindo uma calmaria absurda.

Bem, ultimamente eu aprendi a fingir muito bem.

- Harry? - a voz calma me fez virar o rosto

Daisy estava parada na escada, apoiando uma das mãos no corrimão. A expressão assustada.

- Pensei que o papai fosse te buscar, ou Remo - franzi o cenho quando ela começou a tremer - O que foi?

Mal cheguei na escada e Daisy se jogou em cima de mim, chorando. Estava desesperada. O corpo tremia involuntariamente. Afastei os cabelos de fogo de seu rosto e percebi que conhecia bem aquela expressão… me senti daquela forma quando desabei no chão do salão comunal no início do ano letivo.

Daisy tinha o terror estampado no rosto. Tinha enxergado as cores.

- Quer me contar? - perguntei mas ela apenas balançou a cabeça em negação, trêmula - Não precisa ter vergonha, aconteceu comigo também...

Daisy começou a remexer os dedos, percebi que queria me contar mas tinha medo, muito medo. Será que foi tão ruim assim? Voltei a encarar seu rosto e esperei. Teria que ser no tempo dela.

A respiração cortada e o coração disparado, minha irmã estava exatamente como eu havia ficado meses antes.

- Enxerguei as cores… - começou - … e foi na sonserina… - assenti a encorajando a continuar e ela parecia não saber como dizer aquilo - … e foi… - engoliu em seco - … foi… foi uma garota, da minha turma...

Arregalei os olhos, surpreso. Realmente não esperava ouvir aquilo, não hoje.

- Harry… - continuou - ela é minha melhor amiga, o que isso significa?  - as lágrimas caindo.

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