As cores

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2015

Enquanto jogava aquele pomo de ouro no ar como uma distração idiota, imaginei diversas situações quando chegasse em Hogwarts, entre elas uma das piores que tinha que lidar todos as noites antes de dormir.

Para qual casa seria escolhido?

Era impossível não pensar nisso, afinal, já estava no sétimo ano e mesmo quando mamãe me tranquilizava, a situação nunca melhorava. Os alunos são escolhidos para sua casa em Hogwarts como são selecionados em Ilvermorny, no primeiro ano.

Era loucura pertencer a uma casa que não fosse Wampus.

Na verdade, nunca me imaginei em outra escola de magia que não fosse Ilvermorny.

Olhei os posters do meu novo quarto e suspirei, irritado naquela cama. Mesmo com todos os detalhes que tornavam esse lugar exatamente igual a minha casa em Los Angeles, ainda assim não parecia meu quarto, minhas coisas, minha vida. Era apenas um quarto.

Não era minha vida

Que inferno!

Joguei o pomo de ouro para longe quando voltou a pousar no meu peito. Eu sabia que, no fundo, não era apenas Hogwarts que me preocupava, afinal as cores ainda não tinham sido reveladas para mim, ainda enxergava tudo uma imensidão cinza insuportável, embora meus pais não dessem muita atenção para isso sabia que, no fundo existia uma preocupação, quando eu saberia as cores dos meus olhos ou do nosso jardim? Quando conseguiria ver as cores das fotografias ou até mesmo as cores de Hogwarts?

Já começava a pensar que minha vida seria uma eterna página cinza, algo na minha cabeça martelava indicando aquilo. Se as cores não foram apresentadas em Ilvermorny, lugar onde cresci, não era agora que seriam reveladas.

- Harry! - a voz fina da minha irmãzinha ecoou pelo quarto me fazendo virar a cabeça para a porta ainda deitado na cama - olha, meu uniforme chegou! Remus disse que é vermelho!

Sorri quando ela correu com seus cabelos bagunçados até mim, mostrando o uniforme. Claro que deveria ter alguma cor, mas só enxergávamos o cinza. Seria o primeiro ano de Daisy em Hogwarts e pelo menos alguém estava empolgado entre nós, sorri ajustando a gravata em seu pescoço quando ela me entregou.

Reconheci o símbolo da grifinória no mesmo instante que vi. Os marotos eram fissurados nessa casa. O maior orgulho de Sirius era dizer a todos que fugiu de uma família inteiramente sonserina para morar com meu pai, um grifinório.

- Coube certinho - sorri e ela passou os braços pelo meu pescoço - já foi ao beco diagonal? - a encarei confuso.

- Não, bobinho - sua mão bateu no ombro sorridente - foi o padrinho que meu deu, foi um presente - sorri imaginando Remus comprando um uniforme, ele não era muito apegado a essas coisas - Será que vamos ficar juntos na aula? - perguntou receosa me parecendo bastante preocupada com isso.

- Não. Falta apenas um ano para me formar, Daisy. Claro que não teremos aula juntos - ri da sua inocência.

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