Lucky Clover

Sozinho

Meus olhos não ousaram procurar Draco na cama naquela manhã, como não ousaram procurar pelo dormitório quando me levantei caminhando em direção ao banheiro. Malfoy me evitava sempre que podia, sempre que conseguia.

Não sei exatamente o que eu ainda fazia ali, porque ainda tentava de alguma forma consertar nós dois. Queria poder jogar tudo dentro daquele malão e desaparecer para meu antigo quarto. Mas uma parte - uma pequena parte de mim que ainda não tinha sido quebrada - não me deixava se afastar. Essa era a única parte que me mantinha ali, com ele.

Nosso navio estava afundando e dessa vez, o capitão abandonou seu passageiro. Dessa vez eu estava sozinho, mesmo quando ele me disse que não me deixaria sozinho.

Busquei o uniforme no malão e ignorei o olhar de outros monitores. Um olhar sujo, imundo. Zabini apareceu atrás de mim tocando meu ombro com um sorriso de lado. Zabini era quem conversava comigo no meio da noite quando meu mundo desabava. Zabini, não ele.

- Como está, Potter? - aquela pergunta era frequente todos os dias, Zabini havia se tornado meu amigo durante daquelas semanas.

- Acho que preciso tomar coragem e voltar ao meu dormitório. Ele não se preocupa mesmo se estou aqui ou não - disse por fim, jogando o uniforme sobre a pia - Nem mesmo sei onde ele dorme todas as noite.

Zabini parou por um instante. Buscou um pente e depois me encarou antes de ligar o próprio chuveiro.

- Está enganado. - os olhos castanhos querendo me dizer alguma coisa - Ele se preocupa. Mais do que imagina.

- Nem ao menos conversamos mais, Zabini. Consegue achar isso normal? Imagina Luna nessa situação

Zabini estremeceu e depois buscou o sabão, ignorando o pensamento.

- Não imagino. Ela não passaria por isso.

- Está vendo!

- Mas é diferente, Potter - os olhos novamente concentrados em mim - Dê tempo a ele, Draco está passando por coisas… problemas.

- Então vou continuar sem conseguir ajudar, já que a única vez que nos falamos é na aula.

- Harry…

- Não! - fechei os olhos deixando que a água se tornasse parte das lágrimas, das minhas lágrimas. - Nada justifica o que Malfoy está fazendo comigo, nada. E nada justifica a razão de eu ainda estar tentando. Não tenho culpa das cores, dos problemas dele ou qualquer que seja a coisa na qual está passando.

- Eu sei. - Zabini disse por fim - Quer um conselho? Não como amigo de Malfoy mas como seu também. Eu vejo como você fica toda noite… como chora por ele… - assenti e ele continuou - Termina. Nada é pior que segurar a mala de alguém sem saber quando esse alguém irá voltar.

Sorri para Zabini buscando minha toalha presa na parede, passei os dedos pelos cabelos tentando não aceitar que minha mente me dizia para fazer exatamente aquilo. Terminar.