DIABOLIC- Rafe Cameron

ameaças

congelei.
essa voz... a voz de mais cedo, a voz de 3 anos atrás, eu poderia estar delirando mas só ele me chamava assim.

-sentiu minha falta?- perguntou colocando as mãos na minha cintura me puxando pra perto e colando nossos corpos.

eu fechei os olhos, não conseguia me mover. amoleci com seu toque e ele percebeu a julgar pelo sorrisinho idiota que eu sabia que estava nos seus lábios agora. o filho da puta sabia que ainda tinha um efeito enorme sobre mim.

eu permaneci calada mas ele continuou.

-sabe, eu senti a sua...- mentiu.

ele realmente acha que eu sou idiota?

-deveria começar a mentir melhor Rafe- falei tentando parecer confiante.

ele ri e então se inclina para falar no meu ouvido ainda com as mãos na minha cintura, colando minhas costas ao seu peito. ele tinha o cheiro de coisas frias, como águas perigosas.

-porque eu faria isso? se você sempre acredita nas minhas palavras bonitas- sussurra no meu ouvido.

eu me virei, de frente a ele encarando seus olhos azuis escuro, nunca consegui enxergar através deles e talvez fosse por isso que eu havia me apaixonado pelo Rafe.

seus olhos me lembravam o mar, ele me lembrava o mar, ele era imprevisível e belo e intenso.

não importa. eu o odeio. ele representa tudo de ruim comigo que já aconteceu comigo.

mas eu não posso negar que ele foi uma única vez onde me senti viva. estar com ele era o mesmo que dançar. como se tivesse dançado com a morte.

-eu te odeio- cuspi as palavras da minha boca, arrancando uma risada sem humor dele.

-e você ainda me chama de mentiroso- fala com um sorriso presunçoso.

porra, ele esta certo, eu não o odeio.
tudo que ele me fez sentir no passado.
ainda está dentro de mim. e isso dói.

-porque voltou?- pergunta indo direto ao ponto.

-não posso matar a saudade de casa?- perguntei com sarcasmo e ele revirou os olhos rindo.

-você tem o diabo nos seus olhos, garota, eu sei que quer vingança- concluiu. mas havia algo nos olhos dele também que nunca tinha visto antes.

vingança? eu queria vê-los no inferno. e eu mesma abriria os portões para me certificar de que eles queimariam até o último fio de cabelo. Ward Cameron iria pagar por matar o meu pai. e Rafe por matar a minha alma.

-você chama de vingança, eu chamo de retribuir o favor- falei.

-e o que pretende fazer, hm? eu sugiro que tome cuidado, o "papai" não tá aqui pra te proteger desta vez- avisou com um sorriso sombrio no rosto.

-você sabe bem que eu não preciso de proteção- falei- e também sabe que eu não vou parar até tomar tudo o que você tem, como você fez comigo- minhas palavras são firmes e ele sabia que eu não estava blefando.

-cuidado- repreendeu passando uma mão pelo meu cabelo- você tá brincando com fogo- avisou.

eu ri me aproximando mais dele, nossos rostos estavam a pouquíssimos centímetros de distância.

-então eu vou queimar- sussurrei e ele riu.

-você gosta de joguinhos...- balançou a cabeça em aprovação- vou jogar com você- fala com confiança mas eu sei que minhas palavras mexeram com ele.

agora era ele quem ficaria pensando no que eu era capaz de fazer. isto era um jogo para ele, e estava tudo bem. ele só não era mais o único jogador agora.

com passos firmes me afastei dele indo em direção a saída, chamando a atenção de todos os garotos no porão, tinha me esquecido completamente que não estávamos sozinhos mas eu já nem me importava mais com eles.

-ei- Kelce gritou mas eu não parei, apenas comecei a subir as escadas pra dar o fora daqui.

-essa é minha- Rafe gritou quando dois garotos estavam prestes a me arrancar da escada- ninguém toca nela- ameaçou.

não fiquei pra ouvir mais, disparei o mais rápido que pude para longe dali, como se estivesse sendo perseguida por todos os demônios do inferno.