Todos estavam na cozinha, ainda na mesma posição, sem dizer uma palavra. Giulia cogitava a chorar, mas parecia algo bobo a se fazer, já que mal conhece Donatella e esse era um sentimento confuso. Alberto estava feliz pela felicidade de Donatella e por ter conseguido se redimir. Luca estava abatido pela amiga, que sofre com a partida de sua amada. Até que Alberto quebra o gelo.
-E se a gente for atrás dela?
-Mas agora ela deve estar no aeroporto, não? -Luca questiona-
-Sim, mas nada nos impede de irmos lá. Até porque, eu sempre quis recriar aquelas cenas de filme de comédia romântica dos anos 2000.
-Suas ideias são geniais, Alberto. -Giulia suspira-
-Sério? Eu também acho!
-Foi ironia, idiota. -Luca dá um peteleco na testa de Alberto-
-Mas é uma boa ideia!
-E vamos fazer o quê? Pedir pra ela ficar? Deixar seu sonho da sua faculdade em Recife?
-É não pensei nessa parte...
-É melhor deixar ela ir, é preciso.
-Então é assim que tudo acaba? -Giulia reproduzia alguns tiques de nervoso que ela tinha quando ficava ansiosa : pernas trêmulas, roer unhas, estralar dedos... Eram inúmeras formas de se aliviar da tensão.-
-Não acabou nada, Dona Giulietta. -Luca se levanta e caminha até Giulia.- Quando algo é para acontecer, essa coisa acontece. Não vê como eu e Alberto ficamos juntos depois de anos?
-MAS EU NÃO SOU VOCÊS! EU NUNCA VIVI UM AMOR, UM ROMANCE! -Giulia aumenta o tom de voz, mas não ao ponto de gritar. Alberto engole em seco e observa tudo, sem dizer nada.- EU TENHO A PORRA DE 22 ANOS E EU NUNCA AMEI NINGUÉM, NINGUÉM NUNCA ME AMOU.
Luca fica quieto.
-NÃO TEM A MERDA DE UM FINAL FELIZ AQUI, TÁ LEGAL? EU NÃO VIVO NA DESGRAÇA DE UM LIVRO INFANTIL. -Giulia bufa e puxa uma cadeira para se sentar.-
-Olha, tá tudo bem... -Luca aperta o ombro da amiga.-
-Foi mal... Por isso agora... -Ela suspira.- Mas tá tudo tão confuso... Eu mal conheço ela, sabe? É bizarro.
-Eu acredito que você a ame, ou goste dela. -Alberto começa a falar novamente.- Mas se deixar isso passar, pode se arrepender futuramente.
-Irei me arrepender mais ainda se ela desistir do sonho dela por um caso bobo.
Giulia olha para a porta em que Donatella passou. Ela ainda estava aberta, com a luz do poste iluminando a calçada. Nada mais parecia ter sentido naquele momento, nada era agradável o suficiente. Era Donatella quem aparecia em seus pensamentos. Era apenas a Donatella.
-Vamos superar isso, sempre superamos. Não? -Luca olha para Alberto.-
-Estaremos aqui, juntos. Somos uma família. -Alberto se levanta e anda até Giulia e Luca; Eles se abraçam.-
Giulia não diz nada, apenas respira fundo, fechando os olhos e repetindo para si mesma que tudo isso irá passar. Uma hora vai passar. Tem que passar.
É manhã. Luca e Alberto estão em cima da casa da árvore no quintal de Giulia, eles estão abraçados. Luca acorda e olha em volta, estava cedo demais : nenhum carro andando, nenhuma loja aberta e sem pessoas na rua. Alberto, por sua vez, dormia como uma pedra e roncava como um trator. Essa era a coisa que Luca mais invejava de seu namorado, o sono pesado e tranquilo.
Ele desce da árvore, caminhando para dentro da casa. A cozinha estava limpa e organizada, com o piso encerado e janelas brilhando. Subindo, a mesma coisa. Corredor cheiroso e brilhante, com a porta do banheiro entreaberta. Ele vai até ela e abre a porta.
-Opa, estou entrando. -Entrando ele se depara com Giulia dormindo encostada na privada, com luvas de borracha e um balde com alguma mistura de produto de limpeza dentro que fedia muito.- Ah dona Giulietta, essas terapias de limpeza que você faz vão acabar te matando intoxicada, o que colocou neste balde?
Ele pega a amiga pelos braços e a retira do banheiro, colocando ela no corredor. Ele abana com as mãos para acordá-la, dando leves tapas em seu rosto.
-Eu tenho orgulho de você, viu? -Ele sussurra, enquanto alternava entre carícias e tapas.-
-Eu posso te ouvir, idiota. -Ela diz com a voz fraca e rouca, mas com um sorriso de canto de boca. Uma lágrima cai do rosto de Luca, e Giulia retribui com outra lágrima.
-Obrigado por cuidar da sua filha rebelde. -Giulia abre os olhos fracos, olhando para o cabelo de Luca que estava todo amassado.-
-Capitão Paguro está apenas fazendo seu trabalho. -Ele sorri e seca as lágrimas.- Bom, hora de banho. Vamos tirar esse fedor de água sanitária de você.
-Quê?! "Vamos"? O que quer dizer com isso?
-Que eu vou dar banho em você, ora.
-Tá maluco? Sei muito bem me virar -A voz ainda estava fraca.-
-Você mal consegue falar, quem dirá se banhar. Fica quietinha que eu tenho que cuidar da minha filha rebelde.
Ele pega Giulia em seus braços e a leva para o banheiro; Talvez, em outro mundo, eles sejam pai e filha.
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Luca & Alberto
FanfictionSe passaram longos anos desde a partida de Luca. 10 anos, para ser exato. Seu retorno à Portorosso pode ser um estopim para iniciar sua vida amorosa com Alberto. Em contrapartida, Donatella ressurge dos piores pesadelos de Alberto; Ali então, se ini...