Capítulo 19 - Ladrão de filhos!

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   Giulia estava numa praça, umas 5 quadras pra cima de sua casa. Ela lia um livro chamado "Paixão de Matar". Alberto passa de moto em frente e buzina. Ela retira o livro do campo de visão e vê os dois em cima da moto, acenando. Ela se levanta e calmamente caminha em direção ao casal.

   -Cê tá maluca de sair e não avisar ninguém? -Alberto retira o capacete(e como sempre ele ajeita o topete amassado).-

   -Eu já sou adulta, tenho que dar satisfação do que faço para duas mariconas que moram na minha casa?

   -Olha, não precisa humilhar. -Alberto se retrai.-

   -Ok, foi mal. To espairecendo a mente lendo um livro na minha pracinha preferida. E por que tanto desespero pra me achar? É cedo ainda, não precisam se preocupar.

   -Seu pai chegou de viagem hoje, queríamos te avisar.

   -SÉRIO? PAPA VOLTOU? -Giulia começa a correr para a sua casa, descendo a rua.-

   -Meu Deus, ela nem esperou a gente dizer que vamos viajar hoje... -Luca diz segurando na cintura de Alberto, montado na moto.-

   -Deixa ela aproveitar esse momento vai, mais tarde conversamos. Que tal irmos visitar sua família agora? Melhor deixar a Giulia com o pai dela sozinhos por enquanto... -Alberto dá a partida.-

   Enquanto Alberto dirige, Luca admira Portorosso. Era uma nostalgia enorme, das ruas de pedras, das casas simples e modestas. O pequeno porto aumentou seu tamanho, ficando praticamente como uma cidade, as ruas estão asfaltadas, com novas expansões de terreno e casas reforçadas. Nas ruas principais, ônibus levando várias pessoas, carros e motos indo e vindo sem parar. Era uma Mini-Gênova.

   Alberto para a moto na costa da praia, desce dela e retira o capacete. Luca faz o mesmo.

   -Pronto para virar criatura marinha depois de semanas sendo humano? -Alberto sorri.-

   -Sempre.

   Ambos pulam no oceano sincronizadamente e aos poucos vão se transformando. Os cabelos somem, dando lugar ás escamas. Os dedos das mãos e dos pés grudam, dando lugar ás nadadeiras. A cauda aparece e ali estão eles : criaturas marinhas, novamente.

   -Você fica muito mais bonito desse jeito, acredita? -Luca diz.- 

   -Eu fico bonito de todo jeito, eu sou bonito. -Alberto flexiona os músculos.-

   -Nem um pouco exibido... 

   Luca e Alberto nadavam, brincando e dançando no mar. Faziam décadas que eles não relaxavam lá em baixo, da forma que eles são. Por um tempo, Luca pensou ter pedido a sua essência, o seu modo de ser. Até porque, era totalmente inviável e improdutivo virar criatura marinha em Gênova, uma vez que ele estava lá para estudar. Agora, finalmente, ele retornou à sua casa.

   -Pai, mãe? -Luca adentra a toca.-

   -Luca? Luca! -A mãe de Luca nada rapidamente até seu filho e dá um abraço forte- Quanto tempo! Pensei que iria abandonar seus velhos aqui em baixo!

   -Nunca! -Luca retribui o abraço apertado.-

   -Ah, olha ai meu garotão. -O pai de Luca sai de dentro da toca e o abraça.-

   -Quantas saudades!

   -Como está a vida na cidade? -A vó estava deitada na cama de algas.-

   -Boa, estou super acostumado. Na verdade, chega a ser estranho voltar ao oceano.

   -Isso que dá esquecer os pais pra virar um hippie... -O pai de Luca resmunga.-

   -Na verdade, era exatamente sobre isso que eu vim aqui falar. -Luca entra na toca e se senta na mesa de pedras.-

   -Tinha que ser, só vem pra dar notícia ruim -A mãe e o pai entram com ele, Alberto os segue.-

   -Bom, eu vou partir em viagem com Alberto hoje, depois do almoço.

   O pai engasga com a própria saliva. A mãe arregala os olhos.

   -Viajar? De novo?

   -Já ficou dez anos de viagem, e agora que voltou, vai viajar de novo?

   -Eu já sou um adulto, sabe... Eu sei oque eu faço.

   -Um adulto? Você cresceu sem nos ter por perto, Luca! Você viveu a sua adolescência e nós nem vimos, nem acompanhamos! -Sua mãe indaga.-

   -Ei, calma! Eu não vou sumir, não vou desaparecer. -Luca apoia a cabeça nas mãos.- Só vou sair por uns meses, fazer um mochilão pela Itália.

   -Maldito Alberto que te roubou de nós! -O pai de Luca olha torto para Alberto, que retribui o olhar.-

   -Ah, que ciúmes bonito... -Luca ri.-

   E assim eles ficam, conversando por horas. Luca não via a família fazia semanas, pois se empenhou em colocar a vida em ordem na cidade primeiro, antes de voltar ao oceano. Ao se despedir, Luca desaba em lágrimas com os pais, por mais que a viagem fosse opção própria, ele ainda sentiria a falta deles.

   -Ei garoto, vem cá. -A vó o chama e Luca vai até ela.-

   -Olha aqui -Ela tosse.- Aproveita bem viu? Viva cada momento. Sempre estaremos aqui quando precisar de nós, mas nunca, nunca deixe de viver algo que você quer muito. Amamos você. -Ela dá um beijinho em sua testa.-

   -Certo, Nonna.

   Luca e Alberto começam a nadar de volta à superfície.

   -Tenho a leve impressão que seu pai não gosta de mim. -Alberto diz, um pouco desapontado.-

   -É comum pais não gostarem das pessoas que roubam os filhos deles, né?

   -É, deve ser. Mas olha, não roubei ninguém não, viu? Foi tudo consentido!

   -Aham... -Luca sorri e finalmente eles voltam para Portorosso.-

   Não demora muito para as malas ficarem prontas, já que ambos estavam ansiosos para esta viagem. Eles ficam na frente da porta da casa de Giulia, esperando ela e seu pai descerem para se despedirem.

   -Vão demorar muito? Eu tô com pressa! -Alberto berra.-

   -Estamos descendo, calma! -Giulia retribui o berro.-

   E ali estão eles, na frente de Luca e Alberto.

   -Promete que vai cuidar bem do meu Luca? -Giulia diz com um tom ameaçador para Alberto.

   -E alguma vez eu já cuidei mal dele?

   -Pra tudo tem uma primeira vez... -Ela se vira para Luca.- Olha aqui meu bem, se ele fazer qualquer coisa de ruim com você, tu me liga que eu vou direto te resgatar desse tribufu, tá legal?

   -Relaxa Giulietta, ele é um bunda mole. Não teria coragem de me maltratar.

   -Ei -Alberto se ofende.-

   Todos caem na risada.

   -Enfim, hora de ir. -Luca dá um abraço forte a apertado em Giulia, que demora dez segundos.-

   Alberto abraça o pai de Giulia.

   -Até um dia, pessoal. Voltamos daqui alguns meses, provavelmente no fim do ano. Aproveitem bem essa casa sem a gente! -Alberto diz enquanto ele e Luca montam na moto.-

   -Até! -Eles se despedem, enquanto Alberto dá a partida na moto e sai da cidade.-

   

   

Luca & AlbertoOnde histórias criam vida. Descubra agora