Entre Chuteiras e Pompons

Capítulo Dois: Tine É Do Contra

Os cabelos pretos sedosos estavam num topete firme e muito bem alinhado, o uniforme branco/preto servia perfeitamente no corpo malhado que Tine tanto gostava. Além disso, o atacante carregava uma expressão séria no rosto que denunciava todo o seu foco e ao mesmo tempo, fazia as pernas de Tine ficarem bambas. As sobrancelhas franzidas, o nariz empinado e o maxilar marcado também eram detalhes que não passavam despercebidos por Tine que sentia-se arrepiado só de imaginar como seria observar Sarawat de perto e também admirar suas cicatrizes.

Depois de ter secado Sarawat na cara dura por uns bons minutos, Tine apenas repassou mais algumas informações para o restante da equipe e, em seguida decidiu: era agora ou nunca.

…

Tine estava prestes a entrar em colapso. Após mais de 45 minutos de jogo, o cheerleader se encontrava inquieto depois de ver Sarawat jogando tão mal. Em meio as coreografias que faziam, Tine observava as jogadas mal feitas de Wat e trocava olhares com Phuak que também lhe encarava com um ponto de exclamação no rosto, como se perguntasse o que porra estava acontecendo com Sarawat hoje?

O moreno corria de um lado para o outro com o cabelo todo bagunçado e errando todos os passos que fazia. Tine agora, já havia parado com a dança ensaiada e se encontrava na lateral do campo, apertando as mãos em nervosismo. Ele agora pouco se importava com seu time, ele estava torcendo inteiramente para Sarawat.

De repente Sarawat estava com a posse da bola e corria em direção ao gol, Tine então olhou para os amigos, que também o olhavam com expectativas.

O cheerleader acabou lembrando da conversa que havia tido com os colegas antes e do plano horrível de Ohm. Que a essa altura do campeonato não parecia tão horrível assim e melhor, lembrou de quanto queria chamar a atenção do outro. E com esses pensamentos que moveram Tine ao impulso de levantar seus pompons e gritar em plenos pulmões:

— Marca a porra desse gol, Sarawat! Você é o melhor! — A frase finalmente saiu de sua boca e como esperado, não só chamou a atenção do atacante como a de seus amigos e de todo o time que olharam para Tine com os olhos arregalados e com uma expressão de surpresa.

Antes que pudesse procurar de onde a voz melodiosa vinha, Sarawat sentiu-se motivado e absorveu todas as palavras de incentivo que ouviu e marcou um belo de um gol e isso levou Tine e o resto da torcida à loucura.

— Finalmente Wat! Eu disse! Eu falei! — Tine pulava, comemorando sozinho e nem se preocupava mais se estavam olhando feio para ele. Seus amigos de equipe riam, achando graça de como ele havia saído tão rápido do personagem desinteressado de antes.

Tine estava tão feliz e radiante que acabou não percebendo que agora, alguém o encarava de longe. Sarawat olhava para Tine de cima a baixo, gravando bem o rosto daquele que havia sido o responsável pelo seu gol marcado. Um garoto alto, mas com um sorriso fofo de coelho ele era o cara mais bonito que Sarawat já tinha visto.

Depois de quase ser apedrejado pelos torcedores do seu time, o jogo por sorte ou esforço mesmo, virou e no fim o time de Tine foi vitorioso.

Tanto os jogadores quanto toda a equipe de líderes de torcida ficaram um bom tempo, após o jogo comemorando feito louco. Afinal, vencer um clássico como aqueles era bom demais e fazia um sentimento delicioso correr pelas veias. Por outro lado, mesmo de longe o clima negativo de derrota era sentido vindo do outro time. Porém, ainda que Sarawat estivesse completamente frustrado pela derrota e pela sua performance um tanto quanto vergonhosa diga-se de passagem, o atacante no momento estava mais preocupado e interessado em observar o garoto que havia gritado tão alto para ele, o encorajando.

Sarawat sorriu fraco e deu um breve aceno quando o rapaz em questão o olhou de volta, vendo o mesmo morder os lábios para conter um sorriso e acenando tímido em sua direção. Wat riu, achando uma graça o jeitinho do outro. Logo foi chamado por Man, seu colega de equipe, para se trocarem, precisando infelizmente, deixar uma possível aproximação com o cheerleader para outra hora.