Eloquente.

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Por todos seus vinte e quatro anos de idade, Soojin fora capaz de entregar seu corpo apenas para uma pessoa, um único homem que confiava e o achava digno de tê-la em seus braços, tocar-lhe a pele e ceder permissão a um contato tão íntimo como aquele.

Durante anos, se absteve dos costumes religiosos e conservadores de seu pai, levava consigo a ideia de que deveria se casar pura, nunca tocada por mãos que poderiam ser sujas e indignas. Não se atrevia a ir contra os costumes ultrapassados de seu pai, e nem mesmo sentia tal desejo pelos homens que conhecia. Os achava nojentos, sujos e indignos, não confiava em nenhum para entregar algo tão íntimo como sua pureza.

E havia se seguido assim pelo menos até que completou dezenove anos e conhecera Taehyung. Sentia desejo pelo homem, além da paixão que balançava seu coração como ninguém fora capaz antes. Confiava sua intimidade ao rapaz da mesma forma que seu pai lhe dissera que deveria ser. Passaram dois anos juntos, ele nunca a tocando de uma forma inapropriado pois apesar de sim, ter consigo guardado seus desejos por aquela mulher, a admirava e respeitava mais do que tudo.

Com vinte e um anos, Soojin decidiu que não haviam mais razões para esperar. Entregou-se para o Kim como nunca fora capaz de se entregar para outro alguém, ignorando completamente os avisos de seu falecido pai sobre casar-se virgem. Pensava que seu relacionamento duraria, estava apaixonada e Taehyung fazia planos para se casarem logo.

Foi quando, ao vinte e três, tentaram assassiná-la em uma de suas viagens à negócios. Seo soube naquele momento que, para Taehyung, o seguro era se afastar o mais depressa possível. Temia pela vida do homem mais do que pela sua própria, não desejava ter o sangue de um inocente em suas mãos, e devido à isso, acabara por terminar seu relacionamento com o rapaz, para a felicidade de seu pai. O senhor Kim não considerava Soojin boa o suficiente para o filho, ele sabia das coisas que aquela mulher era capaz de fazer por seus objetivos.

Todos a viam como uma louca sanguinária que matava por diversão e caprichos. Eles se esqueciam, ou preferiam não enxergar, que na verdade Soojin matava para se manter viva.

O ponto alto era que, após Taehyung, Soojin não permitia que ninguém a tocasse, nem mesmo um rápido selo na bochecha. Quando precisava se trocar, Nicha a auxíliava sem encostar em seu corpo, aquela era sempre sua ordem mais rígida, dentre todas as outras.

Não cedia nem mesmo abraços a seus irmãos, a quem amava mais do que a própria vida. Se tornara uma rocha impenetrável, era verdade.

E agora, sem segundos pensamentos, uma mulher desconhecida a tocava como se fossem iguais, como se fossem íntimas a vida toda. Além de enfurecida e incrédula, Soojin sentia-se curiosa por saber quem era aquela mulher tão audaciosa ao ponto de tocar-lhe a pele sem sua permissão.

- Desculpe! Desculpe! Eu realmente não pensei no que fazia, só estava tentando consertar o dano que causei. Eu peço mil perdões pela minha desatenção. - a mulher tentou se aproximar uma vez mais, sendo detida rapidamente pelo segurança carrancudo.

Como ousava se aproximar, mesmo com armas apontadas para seu rosto?

- Vocês podem... Abaixar as armas? - perguntou assustada. - Eu... Eu realmente não planejava fazer nada de mal. - riu nervosa. - Eu não consigo matar nem uma formiga.

A mulher desconhecida deslizou seus olhos para Soojin, que ainda parecia enfurecida e curiosa de quem lhe cabia aquela ousadia sem tamanho.

- Me desculpa, senhora, eu realmente-

- Eu não sou sua senhora. - interrompeu a mulher antes que pudesse começar um monólogo que não lhe interessava em nada.

Suas bochechas ficaram vermelhas pela vergonha quando Soojin a interrompeu rudemente.

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