Denki acordou se sentindo estranho, sentia como se algo estivesse o abraçando e por um momento pensou que fosse um sonho enquanto via os cabelos roxos e a janela ostentando o grandioso sol quente da manhã.
Não entendeu o que Hitoshi fazia ali até seu cérebro raciocinar normalmente e tudo veio como um raio, as lembranças vergonhosas e melosas demais o faziam corar enquanto se desenrolava dos braços do outro. Sorriu minimamente quando o viu dormir, e mesmo que ele estivesse prestes a babar em cima de seu travesseiro, sentia o coração acelerar um pouco vendo Shinsou de forma tão tranquila e atípica. O ver dormindo ao seu lado assim que acordasse nunca nem havia passado por sua cabeça por todos os dias que remoia sobre o que o arroxeado o fazia sentir.
Mas no final não tinha como negar, nem para si mesmo e nem para ele: estava apaixonado.
Era cansativo, o deixou exausto de tanto pensar em coisas negativas sobre o assunto, coisa muito fora de comum para si. Por toda a sua vida, tentou ser otimista em tudo. Dizia a todos que era uma forma mais leve de viver — contudo, também admitia que momentos tristes eram importantes. E ainda assim, nunca passou por sua cabeça ser correspondido, e mesmo se fosse, não conseguiria ter momentos assim com o maior. Se achava errado e não considerava os outros assim. Os outros a quem se referia eram as pessoas que eram iguais nesse quesito.
Suspirou, sentado na cama e magoado com sua consciência culposa. Se achava errado, porém, no momento em que estava com ele se sentia tão... Bem. No momento em que ele o beijou foi como se todo o peso que carregasse se fosse, o deixando tão leve que poderia flutuar até às nuvens. E pareceu tão certo. E queria mais daquela sensação. Queria ver aquele lado de Hitoshi que nunca tinha visto nestes meses, e queria saber mais, muito mais. Ele o daria mais se pedisse ou simplesmente quisesse?
Suspirou como um adolescente na puberdade e abraçou a si próprio, corando com a vergonha que era pensar em tudo isso.
Virou o rosto, olhando para trás e para a expressão tão doce de Shinsou enquanto o mesmo dormia. Sem pensar, se virou e ajoelhou sobre a cama, os nervos seguindo o que o coração queria enquanto a vontade do cérebro era completamente ignorada no momento. Seus dedos hesitaram ainda, todavia, logo estavam se arrastando sobre a bochecha do arroxeado, até tomar coragem para colocar sua palma no local, sentindo a pele quente sob a sua. Os olhos brilharam e a curiosidade o fez levar os dígitos até os cabelos, se infiltrando nos fios roxos e passando a ponta dos dedos sobre o couro-cabeludo.
— Que bela forma de acordar.
Assustou-se quando a mão dele se pôs sobre a sua e as pálpebras abertas revelaram os olhos violetas. Corou e tirou a mão de sua cabeça enquanto ele ria, o fazendo sentir ainda mais vergonha. Ouviu mais uma risada rouca dele enquanto virava o rosto e logo depois, a mão que cobria a sua foi parar no topo de sua cabeça, acariciando os fios assim como fazia com o maior antes.
— Vamos para o desjejum? — ele perguntou
Kaminri somente acenou positivamente, reprimindo o sorriso bobo que queria esboçar.
×××
Estava parado com Hitoshi ao seu lado, em frente à capela onde tinha arrepios. A rainha estava lá dentro, o que certamente fazia os seus calafrios aumentarem. Shinsou parecia muito tranquilo, ou somente aparentava estar, estava distraído. Tentou se distrair também, e sua mente acabou levando até a pessoa que passava por si neste momento.
Ochaco.
Ela parecia estranha, muito estranha na verdade. Olhava para os lados constantemente, apertando as mãos em punhos e às vezes parecia prestes a cair no chão. Franziu a testa enquanto a olhava passar pelo corredor com as roupas comuns. Uraraka ainda estava bem abalada com a morte de Izuku, mas já conseguia trabalhar, só não estava em seu turno. Falando nele, será que... Não, não poderia ser isto, e se fosse tudo iria desabar de vez.
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Sarapintado (ShinKami)
FanfictionA praga se extendia por toda a região, os gritos de sofrimento e dor sendo ouvidos na calada das noites onde os lobos uivavam para saudar a lua. O reino coberto por aquela névoa de angústia, amarga. O castelo, afastado de todos e onde os nobres esta...