Capítulo 12

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— Argh, que calor...

Denki resmungava enquanto andava se arrastando pela casa em busca de algum lugar mais frio. Ochaco estava na mesma situação que si. O sol parecia muito mais quente hoje, e Kaminari não soube quantas vezes já orou para uma nuvem cobrir aquela cabana ardente.

Tinha se passado duas semanas desde que chegou ali e já denominava aquilo de casa. Na verdade, a melhor definição agora seria asilo. Se sentia tão cansado como um idoso. Eijirou havia dito que melhoraria em breve, mas não tinha certeza, pelo menos não estava debilitado em um nível grave. Ainda conseguia tudo e mais um pouco, só ficava abatido mais rapidamente.

A mancha azul em seu dedo evoluiu com o passar dos dias. Agora parecia uma cobra de duas cores cobrindo seu dedo, com a participação de um amarelo saturado. A manifestação sendo mais rápida que a do príncipe por não ser privilegiado e não ter remédios que atrasassem o inevitável. Riu sozinho de seu estado deplorável e se sentou sobre uma das cadeiras da sala, observando Uraraka quieta no sofá, estirada para seus membros pegarem o máximo de ar possível.

Ela também tinha piorado um pouco com o tempo, bocejando todo o tempo, o sono desregulado e constante. Hoje de manhã tinha visto uma mancha rosa no pulso dela, não era grande, mas não era minúscula também. Kirishima tinha ido a algum lugar, falou que mandaria cartas para Ettarats e receberia outras de Brishiget. Esperava que tivesse boas notícias, talvez Hitoshi estivesse entre elas. Queria saber como ele estava, onde estava e se ele aparentava estar saudável. Não o viu desde a trágica despedida de ambos, e isso já foi o suficiente para o desestabilizar.

Sentia falta dos olhares, das mãos bobas, dos abraços, dos beijos... Sentia falta dele por inteiro, e seu coração só o queria ali para o confortar.

Gemeu com desgosto de tudo aquilo e resolveu tirar a camisa, para amenizar o calor que sentia. Uma gota de suor passou pela lateral de seu rosto e resolveu limpar com o tecido que tinha em mãos, sua mente um espaço branco e nublado sem nada no meio. Um barulho alto o acordou de sua inércia e quase o fez cair da cadeira. O moreno que tinha atravessado a porta de entrada de forma bruta e a fechando do mesmo jeito. 

— O que foi? — a morena perguntou aturdida enquanto se sentava

— As cartas! — ele balançou os envelopes no alto, sorrindo animado e retirando o sobretudo que usava — Chegaram finalmente.

— Tem alguma do castelo?

— Abra-as logo! — disse o loiro, ansioso por qualquer notícia que fosse — Estou aflito aqui!

— Calma, me deixe ver os destinatários.

O combo inteiro foi para a cozinha, se sentando todos na mesa enquanto os outros esperavam o maior ver para quem são todas as cartas. Eram cinco ao todo, três para Eijirou, outra à menor ao seu lado e a última era para si. A tomou em mãos rapidamente, esperando boas notícias e só elas. O envelope estava com cheiro de novo, quase tão branco quanto as nuvens do céu e com uma fechadura de cera, sem nenhum símbolo.

Sentia o coração rasgando seu peito de tanta ansiedade que sentia enquanto tentava não rasgar a carta enquanto a abria de forma afobada, em busca de respostas e relatos.

A carta era tão branca quanto o envelope, as bordas tão finas que poderiam cortar a sua pele e seus dígitos. Seus olhos brilharam quando viu as palavras "Meu querido Denki, ... " e finalmente o texto se desenrolava até o final da folha, quase como se cada linha imaginária fosse calculada. A letra de Shinsou por um momento pareceu a mais linda a qual já viu. As palavras doces dele eram tão formais e ao mesmo tempo tão acolhedoras que seu coração se acalmou, suas frases quase poéticas o acalentando. Ele falava mais coisa sobre o castelo em si, contudo, não sobre como estava e como se sentia. Deu um sorriso mínimo quando leu o parágrafo destinado somente para as palavras "eu te amo" junto de outras mais românticas demais até pra ele. 

Sarapintado (ShinKami)Onde histórias criam vida. Descubra agora