Como deveria continuar com aquilo? Se perguntava toda vez. Sabia muito bem o plano, memorizou todos os passos, dominava o mapa daquela cidade e mesmo assim se sentia cada vez mais inseguro com a ideia de estar à menos de dez quilômetros dali. Talvez sua viagem anterior à Lork já o tenha traumatizado o suficiente.
Conseguiram achar informações como endereço dos velhos que roubaram, mas ir para lá seria uma escolha tão burra que chegaria a ser patética. O perigo de tal escolha era óbvia. Estacionaram o carrinho com os sinos barulhentos em um dos becos da cidade, e provavelmente alguém o usurparia novamente, contudo, não os importava. Os velhos não tinham muito dinheiro, e se usassem a moeda de Brishiget estariam mortos, então, teriam que sobreviver com aquilo que tinham em mãos. Depois, roubariam outra pessoa.
Os três estavam em uma das mesas mais afastadas do restaurante que encontraram e acharam ser mais barato pelas ofertas na placa que tinha lá fora. Os três dividiam dois pratos, e por mais que não fosse uma porção para cada, já era mais que suficiente. E além disso, precisariam de dinheiro para pagar algum hotel por aí.
— No que pensa, Hitoshi?
Piscou duas vezes, percebendo que eles prestavam atenção em sua pessoa. Todos os três usavam capuz para esconder as faces.
— Nada...
Então continuaram a comer.
×××
— Então querem alugar somente um apartamento? — o atendente jovem perguntava receoso, olhando as três figuras — Tem no máximo duas camas. — avisou
— Não tem problema. — respondeu Fumikage
Ele os encarou novamente em silêncio, então, suspirou, começando a anotar algo em um caderno grande e debelado. Quando o mesmo terminou, deu uma chave que Kyouka pegou e tinha o número 25 no chaveiro borrado, mas antes que eles se afastassem, foram impedidos pela voz arrastada e cansada do garoto.
— Por favor, — ele pediu — façam isso de forma baixa, não quero que essa merda vire um motel.
Hitoshi, surpreso, elevou as sobrancelhas, encarando-o depois com desgosto. Tokoyami permaneceu neutro, mas Jirou ficou muito vermelha, contudo, não sabia se era de fúria ou vergonha.
— Como é, seu merdinha? — ela pronunciou lenta e sussurrado, quase o ameaçando
— Vamos logo. — disse depois de um suspiro
Quando acharam o quarto e o adentraram, a morena foi direto para uma das camas, soltando a mochila em um dos pés e se estirando sobre o colchão. O moreno o encarou, quase dizendo com os olhos que era para ele se deitar. Sorriu, vendo sua preocupação com a missão e os parceiros. Ele era um bom amigo. Porém, negou com a cabeça, se livrando de algumas das peças de roupas que estavam começando a esquentar o seu corpo e logo se dirigiu aos dois novamente.
— Vou ir até a cidade.
— Por quê? — a menor perguntou, se sentando devidamente na cama
— Tenho que arranjar dinheiro, além de comida e água, principalmente.
A mulher deu de ombros, todavia, Fumikage segurou seu braço antes que pudesse sair.
— Tem certeza que não quer companhia? É perigoso na cidade, alguém pode lhe perceber.
— Não se preocupe, eu darei meu jeito.
Ele o fitou por mais alguns instantes, no entanto, logo assentiu e o soltou, fechando a porta quando Shinsou saiu e começando a se livrar dos mantos calorentos também.
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Sarapintado (ShinKami)
FanficA praga se extendia por toda a região, os gritos de sofrimento e dor sendo ouvidos na calada das noites onde os lobos uivavam para saudar a lua. O reino coberto por aquela névoa de angústia, amarga. O castelo, afastado de todos e onde os nobres esta...