Capítulo 23

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3 meses depois

Seu joelho tocava o chão, as mãos apoiadas na espada em sua cintura e no solo. Seu rosto estava completamente virado para baixo, e sua visão só se limitava ao chão ao qual se ajoelhava. Seus parceiros estavam da mesma forma em frente aos guardas reais e ao soberano de Ettarats.

Seu coração estava batendo forte e moderadamente. Engoliu em seco quando sentiu uma gota de suor começar a descer por seu pescoço. Fazia um bom tempo que o rei e os conselheiros que residiam ali não falavam nada. Por um momento pensou em tomar a iniciativa, mas seria muito desrespeitoso além de não saber se aquilo era nescessário ou não.

— Kyouka Jirou. — a voz soou como um trovão, tão forte que quase sentiu os ouvidos doerem após tanto tempo em mudez. O chamado o fez olhar de soslaio para sua colega que estava ao seu lado, tão quieta quanto si. Ela pareceu meio assustada pelo chamado repentino, contudo, logo se acalmou quando ele continuou — Fumikage Tokoyami. Hitoshi Shinsou. — Yooku, o rei de Ettarats, deu uma pequena pausa — Ergam-se, filhos de Brishiget!

E assim fizeram, como bons soldados, mantendo uma pose formal e digna de um rei, principalmente um que não conheciam ou que não era de sua terra natal.

Ettarats era realmente muito bonita.

Quando conseguiram chegar lá foi como se adentrassem o paraíso que os religiosos tanto almejavam e diziam. Era uma coisa tão bela que chegava a doer nos olhos, como se aquilo não fosse digno de ser visto por eles. Flores cultivadas e adornadas de forma harmônica eram vendidas e expostas nas janelas. Crianças davam risadas divertidas e cantavam cantigas enquanto comiam doces baratos e mulheres dançavam na praça entre as carruagens e cavalos que passavam.

Hitoshi ficou tão encantado que não pôde expressar nenhuma palavra enquanto observava tudo ali. Kyouka tinha ficado tão maravilhada com as moças dançando e lhe entregando flores e pondo-as sobre seu cabelo curto que corou como nunca observando-as dançar e acenar para si. Já Fumikage disfarçou bem, porém, não evitou o sorriso pequeno que apareceu em sua face quando outra mulher daquelas lhe presenteou com uma coroa de flores rosinha, ficando envergonhado e dando um tchau para a mesma.

Foi uma tristeza terem de tirar os enfeites naturais, todavia, tinham que mostrar que não estavam brincando ali, principalmente para o rei e seus conselheiros reais. Tudo que menos precisava agora era alguma coisa que fizesse com que a relação de aliança trêmula e escorregadia de seu reino com Ettarats fosse totalmente despedaçada.

Tinham passado por muita coisa, sofrido muito para chegar ali, e não era por coisas tão minúsculas que iam desperdiçar uma chance de vitória de guerra que estava completamente virada agora.

O rei os olhava incisivo, as sobrancelhas grossas quase juntas em sua testa, as mãos jogadas para trás enquanto ostentava sua vestimenta real e luxuosa que deveria custar mais que a vida dos três, além de seus cabelos constituídos de várias tranças tão longas que ultrapassavam sua cintura. Seus grossos lábios estavam franzidos, no entanto, logo sua expressão relaxou por enquanto que o silêncio permanecia e encarava cada uma das expressões dos guardas que não pertenciam à seu exército.

— Fale-me, capitão da operação. — se dirigiu à Shinsou enquanto descia um degrau da escadaria pequena que existia até os tronos reais — Qual o seu propósito?

O arroxeado deu um passo a frente, e mesmo confuso com a pergunta, iria responder como deveria, entretanto, invés de esperar por sua fala, o rei Yooku levantou uma das mãos, o interrompendo.

— Não indago sobre seus intuitos originais, soldado. Eu já estou ciente de muita coisa graças a seu rei que continua leal à aliança. Eu estou a perguntar sobre a criança. Vocês não especificaram muita coisa nas cartas que enviaram.

Sarapintado (ShinKami)Onde histórias criam vida. Descubra agora