15-Liberdade

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O sangue fluía devagar nas veias de Francis, que ainda estava se acostumando com a viagem. Ao abrir os olhos, viu o rosto de seu melhor amigo voltando ao normal.

Nunca esteve tão aliviado ao ver aqueles cabelos desgrenhados familiares.

— Carlos, você está bem? — foi ao encontro dele, mas suas pernas cambalearam e ele caiu de joelhos.

— Cuidado. Nosso corpo ainda está se acostumando. Principalmente o seu, por causa do... você sabe, o AVC. — O jovem o ajudou a levantar.

Olharam ao redor e notaram que estavam bem no meio de um galpão e pelas condições do local, estava abandonado a muito tempo.

— Então...esse é o cheiro da liberdade? — falou Carlos enquanto esticava as costas.

— É melhor sairmos logo daqui. Você sabe que as viagens no tempo deixa um rastro enorme, bem fácil de rastrear e conseguir uma localização exata. — falou Francis preocupado.

— Espera! Temos que encontrar sua cadeira de rodas. Ela vai aparecer em instantes. Talvez...já tenha aparecido. Vou procurar. — ele olhou rapidamente pelos arredores.

Francis obedeceu. Não queria dar mais problemas ao rapaz. Respirou fundo a fim de absorver, afinal tudo tinha acontecido tão rápido.

Depois de mais ou menos três minutos, Carlos apareceu dos fundos, assobiando uma música e empurrando uma cadeira de rodas.

— Francis, não vai acreditar nos caras que encontrei lá atrás. — disse ele, rindo. — Claro que eles estavam muito loucos de heroína porém a informação foi valiosa. — De repente ele ficou sério.

— O que foi? — o velho não gostava nem um pouco de ver o amigo assim.

— Desculpa por te levar neste plano insano. É que eu...não podia te deixar lá. Eles iriam te matar. — Ele não olhava nos olhos, apenas para o chão. — Eu sei o que acontece com aqueles que não conseguem mais trabalhar.

— Ora, você escolhe alguma época do tempo e fica lá aproveitando a aposentadoria. — Francis foi sarcástico sem pensar. — Desculpe. Também sei que trabalhamos até morrer. Mas o dinheiro não lhe compensa? Quero dizer, desistir disso tudo, logo você que é jovem. Pensei que os jovens de hoje gostassem de ostentar.

— Percebo que sabe pouco sobre a minha vida. Mas eu sei da sua. Pode não perceber, mas durante esses 5 anos, você comentava uma frase ou outra sobre sua vida antes de trabalhar lá.

—Posso saber o que eu comentava? — perguntou com um tom falhado, pelos olhos já estarem marejados por lembrar da família.

— Claro, mas primeiro, temos que sair daqui. — Carlos deu batidinhas no assento para que Francis sentasse.

Francis o obedeceu. O garoto parecia saber o que estava fazendo.

— Ah eu nem falei sobre o que os caras da heroína me contaram. — Carlos falava enquanto empurrava a cadeira para a saída do galpão. — Bom, eles não saberiam dizer ao certo se era real ou não, mas viram que há 3 dias, outra pessoa apareceu do nada no galpão também.

— Outra pessoa? — ele virou um pouco o pescoço para trás a fim de olhar para Carlos. — Quem?

Eles já estavam na saída do galpão, encontrando uma noite estrelada, com uma lua que iluminava a estrada vazia entre campos de trigo.

— Era a nossa carona. Deve estar atrasada.

— Carona? O quê mais você aprontou Carlos? — Francis franziu a testa.

E quase como uma resposta às suas dúvidas, podia-se ouvir ao longe, o som de uma moto se aproximando cada vez mais. A moto era muito veloz e rapidamente chegou ao encontro deles, no acostamento, enquanto arrastava o pneu para parar, Francis se assustava. Não com a moto, mas sim com Carlos, que parecia animado com a situação.

Experimento 505Onde histórias criam vida. Descubra agora