— Como assim? Eles mataram seus pais? — Francis estava perplexo.
— Bom, se acomode que lá vem o monólogo. Eles eram um casal apaixonado que queriam mudar o mundo com seus conhecimentos científicos e por acaso encontraram um senhor que lhes ofereceram um trabalho perfeito, que paga muito bem. Assinaram sem ler o contrato. Pois bem, ela ficou grávida e os dois ficaram muito felizes, mas no entanto, ninguém poderia saber, afinal ela seria usada como um experimento ou pior, o seu bebê. Como ninguém se aposenta ou pode se demitir, eles tentaram fugir quando ela não tinha mais como esconder a barriga. Ela fugiu com uma amiga, que os ajudou. Mas ele ficou para que não descobrissem o paradeiro de sua amada.
Francis notou que havia muito rancor na voz do rapaz, mas também havia muita dor.
— Acabaram descobrindo tudo e o jogaram no mar acorrentado a uma cadeira. Ela teve o bebê ali perto, em Glasgow, mas não resistiu e morreu no parto. Sua amiga cuidou do bebê mas sabia que eles a achariam então deixou o bebê em um orfanato na Inglaterra e fugiu para o Canadá. Eles não a encontraram. Nem o bebê, afinal não valia a pena gastar tanto procurando uma cobaia a menos.
Francis notou que lágrimas corriam dos olhos do amigo. Nunca imaginou que aquele estagiário sorridente continha uma terrível história.
— Eu sinto muito meu amigo. — ele tentou dar tapinhas nas costas de Carlos, mas ele estava um pouco longe, sentado na outra extremidade da cama, de costas para ele.
— Tudo bem. O orfanato não era tão ruim. Mas eu queria saber a verdade. Até que recebi um telefonema aos 16 anos, contando cada detalhe. Era Alexandra, a amiga deles, que estava em seu leito de morte. Fiquei com sua herança e sai de lá, buscando vingança. Nem precisei procurar muito até um homem me oferecer o emprego perfeito para um jovem em busca de dinheiro. Eu queria destruir todos aqueles filhos da puta, mas eu não contava com uma coisa...— ele virou-se para olhar no fundo dos olhos de Francis. — ...Você. Não estava contando com a sua amizade. Para ser sincero, não estava contando com amizade alguma.
— Eu? Por que? — Francis franziu a testa
— Você me fez ver que a maioria está ali também está sendo enganada. Não passam de meros peões no jogo daquele Smith infeliz. Trabalham sem parar para que? O que ele quer com todas essas viagens no tempo? — Ele ficou pensativo.
— Sabe, não sou como você pensa. Eu li o contrato, praticamente vendi a minha alma para o diabo, com a condição de que eles não seriam donos da minha família. Eles não encostariam nem em Meredith, nem em Agnes. — falou Francis duramente. Ele se culpava todos os dias por isso. Também lamentava que o amigo pensasse que ele era apenas ingênuo e não burro em aceitar.
— É ai que você se engana meu caro Francis. — ele se levanta, assustando Francis. Parecia que o mesmo Carlos de antes havia voltado. — Tem mais uma coisa que eu queria lhe contar.
— Mais uma? Eu estou muito velho para esse tipo de coisa. — Francis olhou através da persiana e viu que uma moto havia estacionado em frente.
Ele fez menção de se levantar mas Carlos o advertiu.
— Tem razão, então é melhor ficar sentado.
A moça desceu da moto e tirou o capacete, mas estava muito escuro lá fora, então Francis não conseguia ver o rosto dela. Ela se aproximou devagar e bateu na porta de leve.
— Antes de abrir a porta, gostaria de saber se você ainda confia em mim. — ele lançou um olhar suplicante ao amigo.
Era muito claro que Carlos gostava muito de Francis e que a amizade deles era real e verdadeira. Mas depois de você saber que não conhece nada a respeito do outro, é de se questionar, pelo menos por alguns minutos.
Francis olhou sério para Carlos.
— Depois de passar 5 anos enquanto você me irritava e guardava pudins para mim, você me sequestra em uma cadeira de rodas, me droga para me fazer dormir, me faz viajar no tempo sem a minha permissão, me faz andar de moto, que é um dos piores e mais perigosos veículos, mente sobre seu passado e ainda me pergunta se eu confio em você? — ele se aproximou de Carlos, que estava assustado, tentando decifrar se a resposta era sim ou não.
— M-me desculpe. Eu não queria, mas foi preciso. — ele estava com olhos marejados e a sensação de garganta presa.
— Saiba, que depois de tudo isso eu...— Francis também estava com olhos marejados e a garganta seca. —...daria minha vida por você.
E os dois se abraçaram ali, chorando silenciosamente, enquanto uma sensação de alívio tomava conta dos dois, até que o momento foi interrompido por algumas batidas leves na porta.
Eles se distanciaram e Carlos deu uma olhada no "olho mágico" na porta. Ela ainda estava lá.
— Bom, como eu disse, ainda tenho uma última coisa para te contar. — ele então abriu a porta e Francis pôde finalmente vê-la.
Ele ficou tão perplexo, que se deixou cair sentado na cama.
Era uma mulher jovem, que deveria ter a idade de Carlos. Com a pele branca, e cabelos pretos bem contrastantes com algumas mechas coloridas em vermelho. Seus olhos eram iguais os da mãe, castanhos com uma pitada de verde e o encarava timidamente.— Oi pai. — disse ela, sem jeito.
— A-Agnes. Como você cresceu. E-Eu...nem posso acreditar que...como você...vocês, quero dizer... — Era muita informação para seu cérebro processar, que as palavras não saiam de sua boca.
— Muita coisa aconteceu. — ela se aproximou e pegou na mão dele, que ainda estava sem reação. — você deveria descansar. Esta pálido.
— Não, eu quero respostas, agora. — Ele falou sério.
— Tudo bem. Eu lhe conto tudo. — ela sentou-se à frente dele e Carlos voltou a se sentar na ponta da cama. — O Sr Smith não cumpriu com o trato. Sentia que alguém me vigiava o tempo todo. Enquanto eles me seguiam, mandei mamãe para bem longe. Eles conseguiram me pegar, então me levaram como garantia, caso você não quisesse trabalhar depois do seu acidente. Era um absurdo o que estavam fazendo com o senhor. Foi então que eu conheci o Carlos. Ele me pediu ajuda para acabar com tudo isso. Eu aceitei, então fui mandada para cá faz três dias.
Ele tentava assimilar tudo. Era demais para ele. Tudo isso. De uma só vez.
— Olha, sei que está muito cansado. Vamos, conversar melhor amanhã. Começaremos a bolar um plano e...vamos agir o mais rápido possível. Então, por agora, descanse Francis. —Carlos se levantou.
— Descansa tá bem?! Amanhã eu venho aqui para ver se está bem. — Agnes deu um beijo em sua testa e também se levantou.
— Vocês querem saber? Eu não estou nem um pouco cansado. Vamos conversar agora. Qual é o plano, Carlos? — ele endireitou as costas na cabeceira da cama.
Carlos e Agnes se entreolharam e voltaram a se sentar na cama.
— Não escolhi as cobaias por acaso. Um deles é o filho do Smith. Temos que encontrá-los, tenho certeza que podem nos ajudar. Caso contrário, podemos usá-lo para chantagear o Smith. — sugeriu Carlos
— Um homem que deixa seu próprio filho ser cobaia? Acho que ele não ligaria muito se fizéssemos algo com o filho. — Falou Agnes.
— Nós temos que encontrar aquelas quatro pessoas e acabar com aquele filho da puta do Smith e aquela empresa de merda!!! — Falou Francis, determinado.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Experimento 505
Научная фантастикаE se a viagem no tempo for possível, você mudaria alguma coisa do seu passado? Você ficaria em 2021 ou escolheria viver em outra época? Eles não tiveram nenhuma escolha. { Em 2021, Ryan, Jack, Ga-eul e Olívia estavam vivendo o "novo normal" que a...