20. Finalizando ciclos

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É estranho chegar até aqui, olhar para trás e ver a evolução que eu tive. Não era mais a mesma garota, não era mais a Babi que todos achavam bobinha e sem conteúdo.

Demorei para perceber que as coisas eram muito diferentes e que eu queria seguir caminhos também diferentes dos que eu naturalmente faria.

Durante os últimos dias, acertei minhas contas com as minhas amigas, os meus amigos e por fim com a mami. Eu ainda estava muito magoada com os acontecimentos, não tinha como não estar, mas pelo menos agora eu conseguia voltar a olhar para ela. Não tinha o que fazer: ela é humana e comete erros, e aparentemente estava bem arrependida de tudo.

Minha relação com Ângelo foi basicamente reduzida a nada, ele passou a sentir os efeitos e suas consequências em seu psicológico. Recentemente estava tendo muitas crises de ansiedade, algo que ele não estava habituado a ter antes de tudo virar uma bola de neve. Estava fazendo acompanhamento com remédios e também com um psicólogo.

De toda forma, ele havia feito o mínimo: ele quitou as dúvidas com os caras que estavam atrás do Gael, colocou o Gabriel em outra clínica de tratamentos mais avançados e eficazes próximo à casa deles na Zona Leste. Lana, a mãe deles fez questão que ele apenas resolvesse tudo com os meninos, porque ela não queria nada que envolvesse ele. Preferia continuar morando de favor em um fundo de quintal do que depender da ajuda dele depois de ter criado os dois meninos basicamente sozinha. E eu não tirava sua razão.

A relação com Denis melhorava a cada dia. Fazíamos jantares, almoços e ele sempre muito disponível para que nos déssemos bem. Era legal estar com ele e Eva, eles estavam fazendo de tudo para que eu me sentisse da melhor forma possível e por isso, depois de tanto pensar em sua proposta, propus um almoço em um restaurante um pouco afastado do centro, para finalmente dizer que:

— Eu vou passar um tempo em Paris com o Denis.

Todos ficaram em silêncio e olhando para mim, enquanto eu tentava manter a pose e parar de tremer as mãos. Denis e Eva foram os primeiros a comemorar e me abraçarem, mas mami largou os talheres dentro do prato, nervosa.

— De forma alguma! — disse mami ficando de pé. — Eu não autorizo! Bárbara, você tem todo um futuro aqui, tem instabilidade, tem tudo! Nos sempre te demos tudo que você precisava.

Mami, essa é a questão! Não quero mais nada de mão beijada, preciso ir atrás do que eu quero e acho que ficar um tempo em outro país, com outros costumes e culturas diferentes, vai ser bom! — tentei explicar. — Também quero passar um tempo com o meu... com meu pai. Acho que precisamos disso. Ele está disposto a cuidar de mim por lá, não que eu ainda demande cuidados, agora tenho 18!

— Babi... — ela choramingou, vindo me abraçar dessa vez. — Estou tão feliz pela mulher que você se tornou, por tudo que está passando e por sua busca de ter o que precisa... Acho que não estou preparada para te deixar ir, mas eu não posso te impedir.

Meus amigos ficaram chateados, afinal, eu também não estava contente em deixá-los para trás por pouco tempo. Acho que seria dois ou três meses apenas, mas ainda assim sentiria saudades todos os dias.

— Você vai voltar, Babi? — Nico perguntou ao meu lado e eu o abracei com força.

— Claro que sim, pivete! — baguncei seus cabelos encaracolados. — Te amo demais para te deixar aqui sozinho, né?

Percebi que uma movimentação estranha estava acontecendo na porta do restaurante, alguns homens começaram a entrar rapidamente, ignorando a recepcionista que já acionava o segurança.

Reconheci eles no mesmo momento, eram os caras do bar! Inclusive o atropelado estava mancando, talvez tenha sido a roda que eu passei por cima dele.

Declínios de Uma Adolescente Rica [COMPLETA]Onde histórias criam vida. Descubra agora