13. Bar + Problemas.

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Terminei de ler Dom Casmurro e tudo que eu sentia era uma sensação de dever cumprido. Eu sentia como se tivesse concluído algo muito importante por ser meu primeiro livro e não ser muito fã da literatura, mas acho que dali para frente muitas coisas poderiam mudar.

Coloquei o livro dentro da minha bolsa de couro cor de rosa e passei pelo braço, organizando novamente minha saia rodada. A porta do quarto da frente estava aberta e em seguida Gael saiu com a roupa de sempre e os cabelos bagunçados e cheiroso, extremamente cheiroso e gostoso.

— Oi — ele disse e eu apenas sorri. — Também acordou atrasada?

— Não, mas não vou tomar café da manhã, não estou com muita fome hoje.

Descemos as escadas juntos e caminhamos até a porta de saída não encontrando ninguém pelo caminho de casa, nem mesmo Nico. Ir até a escola foi tranquilo mesmo que ele não quisesse conversar; curiosamente, respeitei seu espaço e seu momento, coisa que eu não estava muito acostumada a fazer.

O dia foi mais tranquilo que o esperado, poucas cobranças dos professores, todos os alunos estavam em silêncio absoluto e atenciosos nas aulas. Entretanto, a aula de literatura deu o que falar, afinal, era o dia da entrega do trabalho. Eu segurava em mãos o livreto encadernado que tinha apenas o meu nome, de Suelen e Louise. Havíamos finalmente decidido juntas que as meninas não mereciam ter o nome em nosso trabalho, pois não haviam feito muita coisa e mesmo que com o coração partido não achei justo que minhas novas colegas também as levassem nas costas.

O professor então fez a pergunta final, questionando se Capitu realmente havia traído Bentinho e dessa vez a maioria da sala havia concordado que não e que ao meu ver era apenas charme dele para declarar seu ciúme no "toco" que havia levado da protagonista, que não estava nada menos que certa. Homem com ego ferido era ridículo.

Pensando nisso, antes de entregar o trabalho tive a ideia de chamar as meninas e falar sobre a entrega. Elas estavam bem ocupadas conversando com os garotos ou mascando chicletes grudentos, pareceram não se importar com o que eu tinha para falar.

— Ficou lindo o trabalho, acho que vamos tirar 10! — Cami falou batendo palminhas e senti o estômago revirar.

— Não sei nem como agradecer mais uma vez, amiga — Tati falou.

— Na verdade, meninas... Eu, a Sue e a Lou não achamos correto colocar o nome de vocês — as duas me encararam assustadas e depois se olharam. — Achei muito injusto o fato de vocês não terem se esforçado para ajudar com o trabalho. Eu sempre fiz por vocês, mas não seria justo com a Suelen e com a Louise, então...

— E você não avisou antes? — Tati parecia completamente irritada com minha atitude.

— Vocês nem se quer se lembraram de quem eu era nos últimos dias! — justifiquei usando realmente a verdade. — Eu sinto muito, mas não me pareceu justo.

— Você se junta com aquelas fedelhas e ignora as suas amigas de verdade, mas você está certa, Bárbara — Cami finalizou se afastando com Tati.

Aquele assunto me deixou mal durante o restante do dia. Eu não queria perder minhas amizades de anos como a das meninas; de todo modo, eu só estava tentando ser justa e sincera. Acho que ler esse livro me fez abrir os olhos para outras vertentes do mundo e acho que isso é muito bom apesar de um pouco assustador.

No final do período, encontrei Gael no portão apenas esperando para ir embora para casa. Não falei nada, apenas agradeci por ter aberto a porta do carro e colocado minhas coisas no banco de trás. Parecia bem calmo e dirigia com cuidado pelas ruas que passava, acredito que numa velocidade até baixa demais para quem estava acostumado a ser com o Renegade. Gael estava diferente, parecia mais tranquilo do que nos dias anteriores e isso me deixava com o coração quentinho. Não era fácil ver toda aquela confusão que ele tinha com o papi e não saber o que realmente estava acontecendo, mas tudo indicava que ele estava sofrendo com essas mudanças.

Declínios de Uma Adolescente Rica [COMPLETA]Onde histórias criam vida. Descubra agora