Querido tio cabeça-de-abacaxi

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O visitante chegou próximo do meio-dia, quando Shaia e Sanji terminavam o almoço e, para o desgosto da menor, ela não tinha conseguido vê-lo antes que entrasse na cabine de Luffy e ali ficasse pelo que lhe pareceu uma eternidade. Afinal, de que raios eles falavam tanto que a conversa não se encerrava? Ela não estava gostando nadinha daquilo.
Poxa, por que o Rei dos Piratas era o único a poder passar tanto tempo com o recém chegado? Bem, talvez porque a visita fosse para ele. Ainda assim, Shaia se sentia ofendida.
Assim que a refeição ficou pronta, pediu ao pai para deixá-la ir ao convés brincar com os amigos, o que ele não negou, e então saiu da cozinha.
Observou atentamente como Kai e Kurt treinavam com Zoro, alheios a sua presença. Perfeito.
Não havia mais ninguém por perto, dessa forma, podia concluir sua missão. Atravessou o navio de fininho, embora sua tentativa de passar despercebida não tivesse sido completamente eficaz, pois o mais velho dos Roronoa certamente tinha lhe visto. Para sua sorte, o esverdeado apenas a ignorou.
Quando se aproximou da cabine de Luffy, empurrou um barril para debaixo da janela, subindo nele e tentando espiar. E ali estava ele. Óculos quadrados sobre os olhos escuros, fios tão dourados quanto os de Shaia ou de Sanji e… cabeça de abacaxi? Além de ser muito mais alto do que ela imaginava, provavelmente até maior que Sanji e Zoro.
Os olhos dela brilhavam em admiração, por estar finalmente vendo um dos maiores médicos do mundo, isso se não fosse o maior. Marco, a Fênix, seu tio.
Não podia acreditar que estava tão perto daquele que um dia havia sido o braço direito de seu avô, Barba Branca. De repente, se perguntou se o loiro teria conhecido Roger.
Ela analisava o mais velho com cuidado, sabendo que ele era um poderoso usuário de Akuma no Mi, tinha ouvido também que, tal como ela e Sanji, ele lutava com as pernas. Será que ele podia lhe ensinar algo novo?
Tudo parecia bem, até o loiro correr os olhos pela cabine e seus olhares se encontrarem. Ela havia sido pega no flagra e, com o susto, se desequilibrou, caindo do barril.
Ao cair no chão, pensou em fugir dali o mais rápido que pudesse, mas, antes de sequer levantar, ouviu a porta se abrir.
— Eu ‘tô muito fu... Não, pera, quem fala isso é o Kurt.
— Está tudo bem, menina? — uma voz áspera, diferente da de Luffy, invadiu os ouvidos de Shaia
— A-Ah, tá, claro! Eu só... Escorreguei.
— Está machucada? — ele perguntou, abaixando-se e procurando por qualquer machucado na garota.
— Não… está tudo be- — ela se auto interrompeu ao ver a maneira terna como o médico a olhava. — Hmm… Oi… Sou a Shaia.
— Eu sei disso — O mais velho sorriu para ela, analisando-a com mais atenção. Seus olhos brilhavam com certa nostalgia neles, ele estava pensando em Ace, ela sabia — Quer ouvir uma história, Shaia?
Shaia sorriu de canto, pegando a mão do médico e se levantando.
— Eu adoraria… tio Marco.
Ela observou enquanto as lágrimas se formavam no canto dos olhos do loiro.
— Essa história… é sobre o capitão dos Piratas Spade, seu confronto com o Homem Mais forte do Mundo e a família que ele encontrou.

[...]

Nami observava a filha conversar com Marco, com um pequeno sorriso de canto. Shaia parecia tão feliz.
A navegadora estava contente por ter a loira como parte da sua família e por vê-la cercada de pessoas que a amavam. Sua pequena princesa. A ruiva se sentia tão realizada ao saber que, agora, era mãe.
Aquilo tinha sido uma surpresa, é claro, afinal, tinha sido tudo de uma hora para outra. Em um dia, ela e Sanji eram apenas dois piratas, e, no outro, pais de uma menina. Tinham sorte de ela não ser tão arteira quanto Kurt.
Naquele mesmo dia, havia contado a Nojiko sobre Shaia, sua irmã estava tão orgulhosa e insistia para que Nami levasse a sua sobrinha para que elas se conhecessem. Ela falaria com Luffy mais tarde, seria muito bom voltar a sua terra natal.
— Está tudo bem, Nami-san? — perguntou uma voz, já mais do que familiar para a navegadora.
Ela se virou para encontrar o olhar preocupado de Sanji. Era fofo.
Ela balançou a cabeça, afastando o pensamento.
— Só estava pensativa. Shaia está conquistando uma família grande, não é? — ela riu.
— É. Pouco convencional, um tanto quanto desajustada, mas definitivamente grande — o Vinsmoke a acompanhou na risada.
— Nojiko quer conhecê-la — comentou a ruiva.
— Shaia vai ficar muito feliz de conhecer a tia, com certeza.
Eles se olharam por um instante e então caíram em um silêncio confortável. Sanji tinha um largo sorriso no rosto, feliz pelo momento e porque, depois de tantas aventuras ao lado um do outro, Nami e ele embarcavam na melhor delas: serem pais.

Uma mãe para minha filhaOnde histórias criam vida. Descubra agora