capítulo dezeseis.

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Último capítulo do passado. Boa leitura. 💢

Passado ㅣHannah.

Sinto a queimação na palma da minha mão e só então percebo que dei um tapa no rosto de Louis. Tão forte a ponto de seu rosto se contorcer e virar para o lado. 

ㅡ Você é muito cara de pau! ㅡ Eu rosno e começo a fechar a porta, mas ele a trava com o braço me impedindo de fechá-la completamente. 

ㅡ Hannah! ㅡ Ele me chama e eu continuo tentando fechar a porta, mas ele é mais forte que eu. ㅡ Hannah, espera! Me deixa falar. 

Eu paro de fazer força e permito que ele abra a porta completamente. Eu cruzo os braços em frente ao peito e o olho em fúria. Seu olhar me analisa com cautela e hesitação. Vejo os vergões que meus dedos causaram se formarem em sua pele, mas não sinto remorso. 

ㅡ Falar o quê? Falar o que, Louis? ㅡ Eu grito, tentando não deixar nem uma lágrima escapar dos meus olhos, apesar do bolo que se forma em minha garganta. 

Ele não merece nem uma lágrima minha.

ㅡ Você viu a publicação, não é? ㅡ Sua voz é baixa e cautelosa. Eu não respondo, apenas permaneço olhando em seus olhos, que estão aflitos. ㅡ Hannah...

ㅡ Se você tem um pingo de decência, ㅡ eu digo entre os dentes ㅡ  você some da minha vida, você finge que eu não existo, ok? 

ㅡ Eu não menti quando disse que estou apaixonado por você, Hannah, porque eu estou. 

ㅡ Vai para a puta que te pariu, Louis!  

ㅡ Hannah, por favor. É tão complicado. ㅡ Ele suspira, escorando o corpo no batente da porta, passando a mão nervosa pelo rosto. ㅡ Eu não tive escolha. Eu… isso tudo é tão complicado. 

Eu solto uma risada. Alta. E ele olha para mim com os olhos brilhantes. Apesar de querer acreditar muito que exista algo que ele possa me dizer que irá contornar a situação, eu sei que isso não é possível. 

ㅡ No momento que escancarei meu coração, eu te dei a oportunidade de ser sincero comigo. Ali eu esperava que você me deixasse, que você recuasse, que você me colocasse no meu lugar me dizendo que era só sexo sem sentimento o que havia entre nós. Mas o que você fez, Louis? O que você fez? ㅡ Eu tento controlar minha voz extremamente trêmula. ㅡ Você me disse olhando em meus olhos que também era apaixonado por mim, e você confirmou isso na mensagem. E pra que? Para duas horas depois você postar na porra da rede social que está namorando outra menina? Você nem se deu o trabalho de me enganar, Louis. Você poderia ter me bloqueado... mas você nem sequer pensou em mim. Você nunca pensou em mim. Eu não sei nem o que está fazendo aqui agora.

Eu respiro de forma rápida e ele permanece me olhando.

ㅡ Ah, eu sei. Deve ter vindo transar com a imbecil aqui, depois de ter jantando fora com sua namorada oficial. Ela fica com os jantares, eu com o quarto.

Ele me olha com os olhos pesarosos. Suas sobrancelhas se curvam, e ele franze o cenho. 

ㅡ Não diga isso, Hannah. Eu queria tanto que você entendesse… 

ㅡ Entender o que? ㅡ Minha voz se eleva e ele não me responde. 

Meu corpo me trai e vejo o meu peito subir e descer. Estou a ponto de desabar em choro, mas me controlo para que eu não faça isso, não na frente dele. 

ㅡ Por que você não foi sincero comigo, Louis? Era a única coisa que você tinha o dever de me dar, a sua sinceridade. Por que me disse que estava apaixonado por mim se não estava? 

ㅡ Mas eu estou. ㅡ Ele sussurra tão baixo que mal consigo ouvir. Talvez se não tivesse o olhando, eu não teria entendido o que ele havia dito. 

ㅡ Porra nenhuma! ㅡ Eu grito. ㅡ Você só gosta de você. Você só se importa com você. 

ㅡ Hannah, não fala isso. É complicado. Eu era noivo dela. 

Eu solto uma risada totalmente sem humor com a informação, e limpo uma lágrima solitária, que por teimosia, rolou dos meus olhos. 

ㅡ Você está conseguindo piorar as coisas. 

Ele bufa, passando a mão na testa em frustração. 

ㅡ Eu queria muito poder te explicar.

ㅡ Então explique, Louis. ㅡ Eu digo com toda fragilidade possível. ㅡ Me dê um motivo. Me dê um único motivo para não te odiar. 

Ele olha para mim, com os olhos completamente hesitantes. Sua boca se abre e volta a se fechar. Ele engole em seco, sua mandíbula se retrai, e ele solta um suspiro exasperado. 

ㅡ Eu não consigo... Eu não sei como. ㅡ Ele finalmente diz, abaixando o olhar para fitar os próprios pés. Sua respiração se desregula e meu coração cai como pedra. 

Ele não volta a me olhar quando sinto meu corpo se estremecer. 

ㅡ Vá embora. ㅡ Eu digo em um suspiro. 

Ele não reluta. Ele apenas nega com a cabeça baixa e dá as costas saindo do meu campo de visão e caminhando pelo corredor. 

No instante seguinte que eu fecho a porta, eu desabo em lágrimas. Choro baixo pois tenho medo que ele ouça tudo o que ele me causou. Deslizo o meu corpo trêmulo pela madeira até abraçar meus joelhos enquanto choro por ter perdido alguém que eu nunca tive. 

Um mês depois. 

Estou imersa nos diversos livros de Direito Trabalhistas que tenho em minha frente. Foi isso que eu fiz desde que eu e Louis encerramos o que tivemos, eu me afundei em livros. Estudei até a exaustão para que a minha mente não tivesse um segundo livre para pensar nele, e mesmo assim, eu falhei. 

Louis não me procurou mais. Não me mandou mensagem. Não veio até a minha casa. Parte de mim agradeceu por isso ter acontecido, para evitar o sofrimento, mas parte de mim implorava para vê-lo de novo. Sentia tanta saudades de Louis que meu corpo deu sinais físicos. Eu emagreci 5kgs nesse um mês que se passou. Eu perdi um pouco da minha vaidade. Eu não sai mais e minha rotina se resumiu a faculdade, estágio e me afundar em livros. Eu não tive o interesse em baixar o aplicativo de relacionamento novamente e não quero me envolver tão cedo com um outro alguém. 

Louis me deixou marcas, e nenhuma delas eram bonitas. 

Quando olho no relógio, marcando mais de meia noite, percebo que preciso ir dormir. Estou exausta e faço isso justamente para que quando eu deite na cama, o sono me tome com tudo. 

Meu celular apita e eu o pego para ver a notificação. Meu coração quase para quando percebo o número de Louis na tela. Apaguei o contato, mas infelizmente sabia o número de cor. 

L: Eu queria tanto te ver. 

Era isso o que estava escrito na mensagem. Pensei em ignorar, pensei em apagar, mas tudo que fiz foi responder, sabendo exatamente o que falar.

Quanto? 

L: Quando você quiser. 

Eu perguntei quanto. 

L: Como assim quanto? 

que você me trata como uma prostituta, pelo menos me pague como tal. 

Eu respondo sentindo meus dedos tremerem. Louis não responde depois disso, e espero que ele finalmente tenha entendido o recado. 

SUBTOM - L.TOnde histórias criam vida. Descubra agora