capítulo dezessete

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Louis ㅣ Presente

O rosto de Hannah se contorce em uma careta ao me ver parado em sua porta. Ela torce os lábios e os repuxa formando um sorriso mínimo e falso antes de abrir a boca.

ㅡ Eu nao lembro de te dever nada. ㅡ Ela diz. ㅡ Muito menos satisfação.

Suas sobrancelhas retas arqueiam em deboche, mas eu não recuo. Não depois de ficar sabendo que ela pediu demissão do estágio logo após o que aconteceu entre nós na sala dela. Sinto a culpa me consumir e percebo que talvez extrapolei nas investidas. Eu deveria ter a deixado em paz, eu não deveria ter a beijado, por mais que meu corpo inteiro implorasse por isso.

ㅡ Foi pelo o que aconteceu entre nós na sua sala? ㅡ Eu mantenho o tom de voz calmo. ㅡ Foi por esse motivo que você pediu demissão, Hannah?

Observo os seus dedos pressionarem com força a maçaneta da porta, como se ela precisasse de algo para se segurar.

ㅡ Não. ㅡ Sua voz trêmula só me confirma que esse é sim o motivo.

Eu bufo frustrado e passo a mão pelo rosto.

ㅡ O que eu posso fazer para consertar isso? Se você quiser eu peço conta, Hannah. Eu converso com Malcom e peço para ele te dar o estágio de volta. Eu saio de lá para te deixar trabalhar em paz.

Falo sem perceber o quanto estou abdicando por ela. Mas faço qualquer coisa para me redimir. Não é justo que ela esteja se sentindo desconfortável pela minha presença, quando eu fiz por merecer esse desconforto. Hannah pressiona os olhos me avaliando e depois de algum tempo, ela nega com a cabeça.

ㅡ Eu não vou pedir para que você peça conta do seu trabalho para que eu volte a fazer estágio em uma área que eu não vou seguir, Louis.

ㅡ Mas você deve precisar do dinheiro, você deve precisar da experiência do estágio, você deve precisar das horas para apresentar na facu-

ㅡ Louis. ㅡ Ela me interrompe. ㅡ Você não precisa fazer nada. Minha decisão está tomada. Eu não saí de lá pelo o que aconteceu na sala.

ㅡ Então me fale porque, Hannah. ㅡ Eu insisto. ㅡ Foi pelo Charles? Ele te fez algo? Caso ele tenha feito, eu juro por Deus que eu mato aquele filho da puta.

Ela mais uma vez nega com a cabeça.

ㅡ Não. ㅡ Ela diz com a voz suave. ㅡ Eu só não quis mais ficar lá. Não se preocupe. Você não deveria ter perdido o seu horário de almoço para vir aqui.

ㅡ Eu sabia que se eu mandasse mensagem você não iria responder. ㅡ Eu digo tendo certeza da minha afirmação.

Ela balança a cabeça, parecendo estar em conflito consigo mesma e olha para mim com os olhos verdes brilhantes e profundos.

ㅡ Você comeu antes de vir aqui? ㅡ Ela pergunta e eu nego com a cabeça. ㅡ Você quer almoçar para não perder a viagem? Eu fiz arroz com uma lasanha pronta.

Eu avalio o seu semblante e sei que ela está desconfortável com a proposta. Talvez esteja em conflito entre me mandar embora e me oferecer um prato de comida. Nem sei se ela está sendo irônica. Engulo em seco, repassando em minha cabeça tudo o que vivemos e tudo que a fiz sentir.

Hannah é um vinho caro que eu não soube apreciar. Foi o perfeito acaso do destino que deixei passar. Foi a borboleta que deixei escapar porque não soube preparar o jardim para ela fazer morada.

Me perco em seus olhos verdes e nego com a cabeça.

ㅡ Obrigado! ㅡ Digo com a voz trêmula, sabendo que não nos resta muita coisa. ㅡ Acho melhor eu ir.

SUBTOM - L.TOnde histórias criam vida. Descubra agora