GRAY & A BATALHA GRECO-ROMANA

IV - UM ROUBO MAL FEITO E UM DRAMA HUMANO

ELA RECONHECEU UM GAROTO COM FEIÇÕES FURTIVAS tentando pensar no que dizer ao ser pego em flagrante.

Alice tinha cochilado por alguns instantes quando foi cercada com uma impressão de invasão. Sem abrir os olhos ou ousar de mover, resmungou como alguém faria se estivesse dormindo e virou-se rapidamente para o lado de fora da cama pondo-se de pé e abrindo os olhos de repente assustando quem quer que fosse, pois este deu um grito repentino.

— Larga isso. — O menino com cabelos cor de areia lançou um sorriso travesso enquanto colocava o embrulho de volta na mochila. — De nada.

— Eu que deveria dizer isso. — Ele fingiu estar ofendido com a fala de Alice.

— Você estava me roubando. — O garoto deu um sorriso brincalhão. — Filho de Hermes?

— Que doce estereótipo. — tentou enrolar a conversa enquanto se dirigia a uma das camas no fundo. — Mas sim.

— Não ligue para Cecil. Ele é assim mesmo. — Agora, reparara que a garota de cabelos escuros que dormia minutos atrás estava sentada verificando seus machucados. — E eu sou a Lou.

— O que aconteceu com você? — Alice perguntou arrumando a mochila. Ficou imaginando que antes das cicatrizes teriam ferimentos.

— Nada que precise se preocupar, eu já estou bem.

Doralice aproximou deixando a mochila junto dela, não queria que ninguém mexesse em suas coisas.

— Will? — pela porta entrou uma garota de cabelos castanhos encaracolados e olhos da mesma cor. Ela olhou para os três posicionados no fundo da enfermaria e acenou.

— Está numa reunião com os conselheiros — Alice respondeu relutante.

— Ah. Obrigada. Eu sou Katie Gardiner, filha de Deméter. Voltei para ajudar com a batalha — ela disse, ajeitando o cabelo vendo a expressão séria de Doralice permanecer inalterada. — Você é?

— Ah, sim. — Percebeu a falta de educação. — Pode me chamar de Alice. Acabei de chegar.

A menina lançou um sorriso simpático para dar as boas vindas. Depois, disse que qualquer coisa podia conversar com ela.

— Você sabia que Katie viria? — Cecil perguntou para a amiga.

— Não. Parece que a situação está feia mesmo.

— Lou Ellen. Não fale besteira, precisa descansar, depois a gente pensa nisso.

— Estão falando da batalha contra os romanos. — Os dois pareceram surpresos e a olharam para assentir. — Estou com um mal pressentimento sobre isso. — Doralice resmungou automaticamente.

— Estamos. Nem sabíamos da existência deles, agora estamos em pé de guerra e ainda tem o lance com a matriarca maluca. — Cecil bufou jogando as mãos para o alto, sentando-se.

O ponto de interrogação era visível e o garoto indicou Lou para começar a explicação.

— Nós somos semideuses e convivemos com as profecias do Oráculo de Delfos, que agora habita a Rachel.

— Habita? A ruiva? — Era a única Rachel que conhecia e Lou concordou antes de continuar.

— Então. Gaia quer despertar. Antes, já lutamos contra Cronos, mas agora é diferente. Ela é a Mãe Terra, muito poderosa. Quer destruir os deuses e a nós também.

— É por isso que a gente ficou em função da construção do Argos II, um barco, para que os queridinhos fossem numa missão.

— Queridinhos?