VIII - ÍRIS E SUAS VÍDEO CHAMADAS

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COMEÇOU O DIA RECUSANDO A COMPANHIA DAS PLANTAS depois do último ocorrido. Doralice acabou passando o dia na parede de lava. De lava! E em seu treinamento com a filha de Nêmesis.

Tendo se familiarizado levemente com as espadas, as lâminas curvas que usava no momento foram mais fáceis de se acostumar do que Alice imaginara. Claro que nenhuma das armas estava à altura do bastão, mas enquanto Shane não aparecesse com a haste novinha em folha, ela tinha que se contentar com as foices.

Ariane já tinha reclamado um tempão sobre a falta de defesa que Doralice tinha em ambas as opções. O bastão não tinha abertura para ataque tirando as boas pancadas que a vara poderia dar e as foices cortavam, mas não faziam papel de escudo. Mesmo assim, a garota ensinava técnicas de escape e barreiras com lâminas.

A vingadora expulsa da Marvel avistou os irmãos Stoll correndo depressa em direção à Sherman, filho de Ares que substituía a irmã, e se distraiu por segundos até parar no chão com o golpe de Doralice. Sorriu para a garota de cabelos cinzentos e elogiou o aproveitamento da oportunidade. Segundo ela, os filhos de Deméter tendiam a ser mais gentis e tímidos demais para ataques tão repentinos.

Pelo visto, Doralice Gray não combinava com aquelas expectativas.

— Pessoal! Não é um treinamento! — Sherman vociferou para os campistas na arena. — Peguem as armas úteis e corram para o refeitório! Os romanos estão vindo!

— Disso a gente sabia. — Doralice resmungou enquanto recolhia os escudos de madeira. Antes que Ariane pudesse retribuir a queda, a garota conseguiu inclinar o corpo para a frente e rolar sem maiores impactos.

— Muito bem. Vamos lá. — Ariane disse saindo em disparada.

O ruivo de seus cabelos curtos estava mais nítido sob a luz do sol. Doralice parou na metade do caminho quando percebeu que não sentia mais o toque frio do colar em seu pescoço. O cordão estava preso a tanto tempo que já fazia parte do seu corpo.

Retornou ao local de treinamento às pressas e achou o cordão de prata nas mãos de um dos únicos filhos de Dionísio. Após recuperado, ela notou que, infelizmente, o colar tinha perdido o fecho. Segurou o objeto entre os dedos com força e voltou a correr em direção ao tumulto que estava se formando.


Próximo ao refeitório do acampamento, Clarisse La Rue estava em posição de comando e gritava ordens para os campistas, reunindo-os em fileiras. Quíron já estava vestido para a guerra. Trotava para cima e para baixo nas fileiras com o capacete emplumado e vestia uma expressão sombria e determinada.

Os trirremes gregos estavam sendo postos ao mar em Long Island, preparados para a guerra. Alguns eram enviados para as catapultas que estavam sendo preparadas ao longo das colinas. Sátiros patrulhavam os campos e os cavaleiros em pégasos circulavam o céu atentos a qualquer ataque.

Doralice estava perdida no meio daquela agitação, ela nunca participara de guerras e sempre buscou lugares longes da confusão. Olhando o pessoal do chalé 9, que corriam entregando armaduras e distribuindo armas, ela notou o pequeno Harley se equipando com firmeza. Alguém não tem juízo.

— Harley! — ela o alcançou — minha arma tá pronta?

— Não. — respondeu de mau humor quando percebeu com quem falava. — Shane se atrasou e agora vai atrasar mais, estamos no meio de uma guerra.

— Eu sei. Mas pode consertar uma coisa para mim? — O brilho louco em seus olhos voltou e Doralice continuou. — Eu confio em você. Esse colar é muito importante e se você ver o meu bastão por lá, me atualiza do progresso dele, pode ser?

GRAY & A BATALHA GRECO-ROMANAOnde histórias criam vida. Descubra agora