O Último Lobo De Prata - Luar Vol.1

Capítulo 4 - Salvador!?

A festa já havia passado das 23 horas, mas um forte temporal tinha feito com que quase todos fossem embora, a rua antes repleta de carros, agora estava com cinco ou seis, um deles era de Sophia, que havia perdido a noção do tempo enquanto conversava com Eve, o grupo em que Caique estava, já havia ido embora, e Kai tinha saído, tão misteriosamente, como chegou.

- Eve, vou indo nessa, já está tarde, prometi a minha mãe que a essa hora eu já estaria em casa.

- Tudo bem, amanhã vou ao parque, quer ir?

- Tudo bem, amanhã a gente se vê ao meio dia no parque, pode ser?

- Fechado, à, Sophia, Caique e Bernard também vão, ok?

- Bernard? O Nerd da sala 12?

- Ele é um Nerd, mas um Nerd gato!

- Está bem, agora preciso ir, até amanhã amiga.

Sophia se virou e foi embora, antes que sua amiga pudesse dar Tchau, correu até o outro lado da rua onde estava estacionado o Toyota Hilux que sua mãe havia lhe emprestado, a chuva estava muito forte, o que foi suficiente para que Sophia chegasse ao carro já totalmente molhada, abriu rapidamente a porta e se jogou para dentro, ligando o carro, e partindo rumo a sua casa.

Tinha se passado alguns minutos, Sophia dirigia por um bosque que cortava caminho, mesmo sabendo que era muito arriscado andar nele em dias de chuva por ser uma estrada de terra, além de ser um lugar onde jovens se aglomeravam para usar drogas, e até assassinatos já ocorreram por ali.

Sophia já estava na metade do caminho quando seu carro ficou atolado, a chuva já havia dado trégua, o que mesmo que fosse o contrário, não a impediria de descer do carro e dar um bom e clássico chute no pneu.

- Que droga, minha mãe vai me matar quando eu chegar, já vai dar meia noite - Sophia puxou para trás uma mecha de cabelo molhado e pegou o celular - ótimo, fora de área!

- Vejo que está com problemas, moça! - um jovem punk com cabelos verdes estava parado atrás dela, a menos de seis passos, e mais dois amigos dele com cabelos espetados, roupas pretas e correntes, o acompanhava - por sorte, eu sou um tipo de herói de donzelas em perigo, não é mesmo rapazes? - Os outros garotos atrás dele começaram a rir.

- Obrigada, mas não preciso de ajuda!

- E quem disse que não precisa? - O garoto de cabelo verde puxou um canivete do bolso e começou a rodar entre os dedos.

- Olha, eu só quero ir pra casa, não quero confusão, assim ninguém se machuca, está certo?

- Talvez, você tem o que de valor?

- Não tenho nada, só quero ir para casa.

- E você vai, mas antes vamos conversar - o garoto vai até Sophia e a segura pelo pulso - você é até bonita, vamos, me passe o dinheiro, ou celular, não importa, qualquer coisa que tenha valor!

- Eu já disse que não tenho nada de valor, e não vou dar meu celular, ok!? - Sophia chuta a canela do garoto, que solta um grito e larga os pulsos dela, que tenta correr para o carro, mas os outros dois amigos do garoto de cabelo verde, seguram ela, um em cada mão.

- Você me paga sua vaca... - o garoto puxa os cabelos de Sophia para trás e leva o canivete até o pescoço da garota, até que ouve alguém se aproximar, e então olha para trás e vê um garoto de cabelos escuros, jaqueta de couro por cima de uma camiseta branca com gola V, calça jeans e botas de couro.

- Não é legal três idiotas agredirem uma linda garota...

- Kai... - Sophia solta um gemido de alívio e surpresa.

- Kai? - O garoto punk aponta o canivete na direção de Kai - nome legal, você é estrangeiro?

- Isso não é da sua conta, soltem ela, agora!

- Ouviram isso rapazes? - Os três garotos começaram a gargalhar - temos um herói, pena que eu sempre gostei dos vilões.

- Vilões? - Kai deu um leve sorriso meia boca - prazer, eu sou o pior deles...

O garoto de cabelo verde foi pra cima de Kai com o canivete em punhos, e tentou acertar o peito de Kai, que foi para o lado, pegou o braço onde o garoto segura o canivete, e apertou, fazendo o punk gritar de dor e deixar o canivete cair, logo em seguida Kai o arremessou a alguns metros de distância, o garoto bateu a cabeça e desmaiou.

- Maldito - um dos garotos que estava segurando Sophia, correu na direção de Kai - maldito, você me paga!

- Outra palavra que já escutei muito - Kai desvia de um soco dado pelo garoto, e em seguida gira o corpo dando um pulo no alto e acertando o rosto do garoto com um chute - agora só falta você - Kai aponta para o garoto que ainda segurava Sophia, que olha para seus amigos desacordados, e então foge o mais depressa que conseguiu - bem, agora não falta mais...

- Obrigada - Sophia cai de joelhos no chão lamacento, lágrimas descendo.

Kai caminha até Sophia, se achava colocando uma das mãos sobre o queixo da garota e levantando sua cabeça, com a outra ele passa os dedos sobre as bochechas dela, tirando do caminho as lágrimas que escorriam.

- Porquê choras? Você foi corajosa ao enfrentar esses idiotas, sabia!?

- Eu... Eu estava com tanto medo, eu não deveria estar a essa hora na rua, não deveria estar aqui, e... Você, você não deveria estar aqui...

- É um atalho até minha casa, não vim de carro, então tenho de caminhar - Kai segura Sophia pelos braços, e a levanta sutilmente - venha, eu te ajudo com o carro!

Sophia se levanta, completamente suja de lama, ela estava aliviada por Kai ter salvo sua pele, entretanto, ela sentia mais medo dele do que dos três garotos, algo em Kai não se encaixava, ela não tinha engolido a história de que ele estava ali por acaso, e as palavras " Vilões, prazer eu sou o pior deles ", ainda estavam em sua mente.

- Olha, você entra no carro e acelera, eu vou empurrar, está bem?

Sophia apenas balançando a cabeça como sinal de positivo, enquanto ela entrava, Kai foi para trás do carro, e assim que ele deu um sinal para que ela acelerasse, ela pisou fundo, e ele empurrou, o carro saiu sem dificuldades daquela situação, Sophia ficou pensando o quão forte era Kai, por enfrentar dois garotos sem dificuldades, e ainda empurrar um Hilux sem ao menos se cansar.

- Obrigada, de verdade, por tudo, você bem, hã... Quer uma carona?

- Carona? - Kai abriu um sorriso, um sorriso encantador, e cafajeste ao mesmo tempo - sabia que é perigoso oferecer carona a estranhos?

- Você salvou minha vida, deveria temer você? - Sophia perguntou, mas não queria ouvir a resposta.

- Todos temem, mas mesmo assim, obrigado pela carona, mas prefiro andar!

- Está bem, então vou nessa, a gente se vê - ela pronuncio essa última palavra, desejando que não acontecesse, mas uma parte, uma parte dentro de si, queria vê-lo outra vez.

- Sim, nos veremos, Sophi... - Sophia notou que os olhos de Kai estavam de um azul claro, pareciam ter luz própria.

Sophia olhou para Kai que estava na janela, e então acelerou, dessa vez indo para casa, sem mais interrupções, ela olhou para o retrovisor, e parou o carro ao olhar para trás, Kai havia sumido.