Capítulo 4 - Seus Olhos Encontram os Meus

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Lucca Leblanc Miller

- Nós não podemos ir direto comer? - Pergunto para Celine.

- Não, baby. Preciso comprar roupas. - Eca, odeio quando ela me chama assim.

Celine é uma ficante, digamos que uma das poucas a qual eu disponho atenção. Para ser sincero, garotas são confusas e dão dor de cabeça. Por isso meto o louco e fico com várias. Não preciso me prender a uma só, muito menos dar satisfação da minha vida.

- Vamos rápido com isso aqui, parece que quer comprar a loja inteira. - Digo isso com uma grande pilha de roupas, que cai da minha mão assim que algo pequeno esbarra em meus braços.

- Meu deus me desculpe, eu sou tão desastrada. - Ouço a pessoa pedir, envergonhada. Uma garota, com longos cabelos pretos, aparentemente sedosos como seda. Seus olhos, um tom acinzentado que me desperta certa curiosidade.

- Ei sua idiota, vai ficar parada aí ou o que? me devolva minhas roupas! - Celine cospe as palavras com brutalidade, me tirando do transe.

- Desculpe eu só... estava distraída. - Assim que vai abaixar para pegar a roupa, eu o faço antes.

- Relaxa, essas coisas acontecem. - Digo com as roupas de novo em minhas mãos e saio com a ruiva.

- Que garotinha sonsa. Quem ela pensa que é? - Celine revira os olhos.

- Você se importa com coisas atoa. Fica de boa. - Passo o braço direito pelo seu ombro e dou um selinho em sua boca.

Mesmo com Celine falando o tempo todo em meus ouvidos sem parar, meus pensamentos estavam naquela garota. Aquele olhar cinza como névoa, suas sobrancelhas juntas em confusão seguido de bochechas rosadas com certa vergonha. Preciso conhecê-la. Eu sou amigo de tanta gente, não é possível que eu não conheça ninguém que saiba quem ela é.

❆ . ❆ . ❆ . ❆

- Anda, idiota. Acorda! Vai se atrasar pra aula. - Sinto um travesseiro ser jogado em minhas costas nuas.

- Porra me deixa dormir, Peter. - Falo com grosseria. Peter, meu irmão um ano mais velho. Ele é burro como uma porta, esse é um dos motivos de ainda estar no terceiro ano do ensino médio mesmo com quase dezenove anos. Apesar de tudo, é a pessoa que mais confio em toda a minha vida.

- Vai cara, qual é. Não vamos vacilar esse ano, quero me formar com você.

- Faltar o primeiro dia não significa que vou repetir. - Respondo enquanto levanto.

- Você tem trinta minutos para estar pronto. - Sai fechando a porta do meu quarto.

Coloco meus chinelos e vou até o meu banheiro. Estou sem camisa com uma calça moletom. O dia está quente e ainda tenho que usar aquele uniforme horrível.
Depois do banho, desço as escadas e vou até a mesa de jantar, onde minha mãe e meu padrasto estão comendo.

Minha mãe, Katherine Leblanc é um boa mulher. Ela é uma renomada cirurgiã cardíaca e por isso quase nunca está em casa.
Meu padrasto, Tom Duncan, é um cara legal, pelo menos comigo. Mas ele enche a cabeça da minha mãe sobre o meu irmão ser um vagabundo que deveria trabalhar e tomar um rumo, o que faz com que eu o odeie. Minha mãe gosta dele, infelizmente.
E meu pai Rey Miller, bom... não quero falar dele.

- Finalmente terminou de se arrumar, parece uma noiva. - Tom comenta sarcástico quando vê meu irmão chegando no local. Essa birra deles dois aconteceu do nada, repentinamente começaram uma guerra fria dentro de casa.

- E você nem se arrumou ainda né, olha só sua cara. - Peter fala com tom de nojo na voz.

- Gente, são seis e meia da manhã. Façam-me o favor de ter pelo menos um café da manhã decente nessa casa antes do meu plantão. - Minha mãe pede e todos terminamos de comer em silêncio.

Peter entra no banco do carona do meu Ford Mustang GT preto fosco, que ganhei de presente da minha mãe quando fiz aniversário e liga o som.

- Nada melhor do que ouvir uma música para tirar toda energia negativa que o Tom me proporciona. - Fala encostando a cabeça na poltrona do carro.

Meu irmão vai para a escola comigo pela próxima semana porque sua moto Honda CBR 1000RR vermelha está na mecânica.

- Não entendo essa coisa de vocês. - Jogo minha mochila no banco de trás e ligo o carro.

- Ele é um filho da puta, sabe disso. Aquele otário coloca tanta merda na cabeça das pessoas e é um sínico. - Peter fala com desdém.

- Relaxa, irmão. Qualquer coisa a gente lambra ele na porrada. - Brinco e ele ri.
Seguimos ouvindo música até a escola.

Novamente nesse inferno. Ainda bem que treino futebol, o que torna esse lugar mais interessante. Futebol é minha paixão desde criança, assistir aos jogos era tão mágico aos meus simples seis anos. Diferente de mim, meu irmão sempre gostou muito de basquete. E é o que ele pretende focar.

Eu e Peter seguimos conversando sobre coisas aleatórias até nosso grupo de amigos, que estavam do lado de fora do colégio.

- Olha aí, os irmãos Miller... - Brad, um dos nossos amigos, aponta para nós.

- Que isso, tá bonitão hein irmão. O que umas férias não fazem não é?! - Peter comenta abraçando Brad.

- Eai. - Chego dando um aperto de mão em Brad, Jonas e Liam.

Continuo conversando com os garotos por um tempo, contando algumas novidades e logo combinando a próxima grande festa que o Brad vai dar. Mas logo depois vou em direção a secretaria. Preciso pegar a chave da quadra fechada, teremos uma reunião com os jogadores hoje antes da aula e como sou o capitão, tenho o dever de ir buscar.

Na correria, esbarro em uma garota e quando tomo consciência, vejo a garota de duas semanas atrás.

E em uma fração de Segundos, seus olhos encontram os meus...

❆ . ❆ . ❆ . ❆

Quais as coisas se passam na cabeça do nosso jogador gato de futebol? O que ele tem pra contar? Fique comigo e vamos descobrir juntos. ❤️❤️

Em Uma Fração de Segundos Onde histórias criam vida. Descubra agora