Fique bem

Um cara normal

"Preciso seguir meu caminho
Sei o que é melhor para mim."

Hoje é sábado e eu estava aqui pensando naquele show que Amelie mencionou,mas eu não vou. Sou chato para essas coisas, não gosto de estar em um lugar lotado de pessoas,som alto demais,etc.

Já é quase 19:30. Fiz uma longa corrida pelo parque agora a tarde.
Está ventando um pouco por aqui.
Estou um tanto cansado.
Abro a tampa da minha garrafa de água e bebo um pouco.
Minha mãe detesta que eu me atrase para o jantar. Ela é tão metódica com essa questão de horários, bem perfeccionista.
Eu não gosto de jantar cedo demais.

Não tem muitas pessoas mais no parque a esta hora. Há árvores de diversos tipos e tamanhos.
Eu gosto daqui, me sinto tão bem. É um dos lugares mais bonitos da cidade. O céu está cheio de estrelas e a lua é a minguante. Vejo crianças correndo e brincando, casais juntos.

Um homem de meia idade passa por mim segurando a coleira do seu cachorro. É um pastor alemão grande, muito bonito,dos pelos bem sedosos.
Me deu vontade de ter um também.
O cachorro parece ter mais força que o próprio dono, ele quer ir por uma direção e o cachorro em outra.

Estou quase chegando nos portões de entrada quando me deparo com um sujeito se aproximando de mim,o seu cheiro é de álcool puro,ele está um pouco suado, se eu fosse ele, tiraria aquele moletom para não suar ainda mais. Está ventando mas ainda assim está quente.
Ele anda cambaleando,quase não se segura em pé. Seus sapatos fazem um barulho esquisito.
Seus cabelos negros cobrem metade de seu rosto. Ele pára de andar.
Eu atravesso o grande portão do parque para poder sair dali e não olho para o cara atrás de mim.

-Ei você!-

Ai caramba, é comigo que ele está falando? Eu não paro de andar. Eu sinto passos vindo atrás de mim.
Uma mão toca meu ombro.

-Estou falando com você.

Eu me viro,assustado.

-Eu acho que conheço você.

-Eu acho que não,com licença eu preciso ir agora,boa noite. - Respondo. Não quero conversar com um estranho,ainda mais um bêbado. Começo a acelerar os meus passos.

-Ah Ken, não fuja de mim.

Espera um pouco, ele me chamou pelo nome. Afinal quem é ele?

-Agora eu que te pergunto,eu conheço você?

- Sou eu,Dylan.

-D-dylan? O que você está fazendo aqui? E desse jeito...

Ele abre os braços.

- Não vai abraçar seu amigo?

Eu fico relutante em fazer isso.

-Deixa de frescura Kentin, vem cá.

Antes de eu fazer qualquer movimento Dylan se aproxima de mim. Não acredito que ele está aqui, que saudades.
Eu retribuo seu abraço.
Ele me aperta.
Depois de alguns instantes o abraçando ele fala: -Agora,respondendo a sua pergunta. Eu meio que...- Ele olha para o outro lado depois se volta para mim,coloca as costas da mão ao lado da boca e sussurra: -Saí da escola militar.

-Sério?!

Um som estrondoso de carro interrompe nossa conversa. Um furgão preto se aproxima numa velocidade colossal.
A janela do motorista é abaixada por
um garoto loiro cheio de piercings no rosto.

-Ei Dylan! Vamos logo!

De longe dá para se ouvir um som de rock tocando de dentro do veículo.
No banco do lado dele está uma garota negra de cabelos vermelhos crespos usando um vestido roxo.

-Já vou!-Ele grita para eles.
-Olha Kentin eu preciso ir. Foi muito bom te reencontrar. Nós ainda vamos nos ver de novo por aí meu amigo.

Eu vejo Dylan entrar naquele carro e me pergunto onde está aquele rapaz tímido que conheci? Estranhei ele querer um abraço meu,ele não era assim. Vai ver é porque tem muito tempo que a gente não se vê.
Pelo menos ele encontrou a turma dele que são pessoas com as quais se identifica,eu acho.
Ainda bem que ele não está mais sozinho,fiquei preocupado com ele bêbado desse jeito.

Poxa será que não tenho uma conversa decente com alguém? Nos falamos bem rápido. E outra coisa,Dylan disse que saiu da escola militar. Não acredito. Deve ter acontecido alguma coisa que fez com ele não aguentasse ficar mais lá.
Aqueles garotos devem ter sido muito maus com ele,assim como foram comigo.