Cadê ele?

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"Toda a ação é designada em termos do fim que procura atingir."

Já está na hora de ir embora,já escureceu e a escola vai fechar.
Só tem a gente, alguns funcionários da escola e professores ainda.
De repente alguém entra no porão,fazendo um barulho de chaves enquanto caminha. É Xavier, um dos faxineiros. Ele é baixo, um tanto franzino,devendo beirar seus cinquenta e poucos anos.

-Hora de ir pessoal. - Diz ele com o olhar sério.

-Ah, Xavier- Rosalya reclama.

-Sem "mas", vamos logo. - Ele coça o nariz pontudo.

Íris e eu que estávamos sentados no chão começamos a nos levantar.
Amelie e Lysandre terminam de colocar as latas de refrigerante vazias em uma sacola para jogar fora depois. Castiel guarda sua guitarra e veste sua jaqueta. Rosalya põe algumas cadeiras de plástico uma em cima da outra.

-Eu não tenho a noite toda. - O homem põe as mãos na cintura.

Nos apressados e começamos a sair do lugar. Castiel olha feio para Xavier antes de sair. O homem, segurando uma vassoura, entra no porão, fecha as portas,ficando sozinho.

-Esses moleques! - Ele resmunga lá dentro.

Eu olho para os outros. Eles tentam segurar o riso mas não conseguem.
Eu também caio na gargalhada.

-De que estão rindo?! tenho cara de palhaço?!-

As passadas de vassoura do Xavier se intensificam, ficando mais agressivas.

De repente,ouço vozes chegando perto de onde nós estávamos. Uma delas é familiar para mim. Bem familiar.

-S-senhor e-espere.-

Vejo a diretora muito nervosa. Ela corre atrás de um homem bem alto e loiro.
Ele caminha mais rápido que ela. A senhorinha não consegue o acompanhar.

-Saia do meu caminho,senhora!-

"Meu Deus do céu! Não acredito! Tudo, menos isso."

Meus colegas observam aquilo com cara de espanto.

"Quem é esse cara?"

Alguém pergunta baixinho.

-Onde está o Kentin?!- Giles fala.

Lysandre, Amelie e Castiel se afastam, abrindo passagem para mim. Eu estava atrás deles. Eu caminho devagar,cabisbaixo.

-Estou aqui pai.- minha voz sai baixa.

-É m-melhor nós irmos,não é pessoal?- Diz Rosalya saindo de perto da gente.

Íris, Lysandre e Castiel a acompanham.
Íris olha para mim com pena.

-Hum...filhinho do papai.- Castiel diz.

-Castiel, deixa disso.- Lysandre põe a mão no ombro do amigo.

-Kentin, você sabe que horas são?-O homem massagea uma das suas têmporas com a mão, depois volta o olhar para mim e se coloca em posição de sentido.

Eu não posso deixar meu pai me envergonhar outra vez dessa maneira.
Pelo visto, ele não confia totalmente em mim. Eu não aguento mais isso. Eu não sou mais uma criança.

-Pai,por favor,não está nem tão tarde assim e eu não estava fazendo nada de mais.-

Ele arqueia as sobrancelhas.

-Ele está dizendo a verdade, Foi eu que pedi para Kentin ficar um pouco mais para ver meus colegas ensaiarem para um show.-

-Não se intrometa mocinha.-
Gil aperta os olhos e cruza os braços.

Amelie fica na minha frente.
A diretora se aproxima do meu pai,ficando do seu lado. Ele faz com que a velhota fique minúscula perto dele,por causa de sua altura.

-E-eu não disse senhor Giles que seu filho estaria aqui com os colegas de turma dele? - A voz da diretora sai um pouco trêmula. -Não há do que se preocupar, cuidamos muito bem de nossos alunos,pode ter certeza de que seu filho está em boas mãos.- Ela ajeita seus óculos.

Gil solta um longo suspiro.

-Vamos Kentin, conversaremos quando chegarmos em casa. Obrigado diretora pela orientação.-

Percebo que a diretora ainda está apreensiva. Eu entendo muito bem essa sensação. É o que meu pai causa nas pessoas e ele nem se importa.
Ele dá as costas a nós e começa a caminhar.
Sinto uma algo macio segurar uma das minhas mãos. É o toque da mão de Amelie.

-Vai ficar tudo bem.- Digo.

Ela me observa de um jeito compassivo.

"Não sei se vai ficar."

Aperto sua mão.

Ela está tão perto. Não consegui tirar os olhos dela.

-Vamos logo Kentin!

Solto a mão dela e sigo meu pai.

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