16_ Você é ridículo!

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Emma Hills

Caminhei até o Caden, que estava no quintal perto da varanda apenas observando as estrelas e a lua.

- A minha avó pediu pra te chamar porque o jantar saiu, noivo. - Avisei com um sorriso divertido.

- Você vai ter que pagar pensão para o Robinho, para a Ginnymione, e para a Bella. - Ele brincou com um sorriso.

- Você conhece algum lugar que eu posso comprar cigarro? - Dei um sorriso como quem não quer nada.

- É engraçado você falar isso, afinal, você está se casando com um traficante. - Ele provocou e eu gargalhei.

O celular do Caden vibrou no bolso dele e o Caden puxou o mesmo pra ver o que era.

- Acabaram de me colocar no grupo da família. - Ele contou e eu arregalei os olhos do tanto que a minha família é emocionada.

- Você estava observando a lua? - Perguntei olhando para cima e encontrando o céu estrelado.

- É, eu tava. - Ele deu de ombros. - Você gosta da lua?

- Quem não gosta? - Brinquei.

- Algum motivo em especial? - Ele me olhou enquanto eu ainda encarava a lua.

- Ela me faz sentir menos sozinha. - Fui sincera e o Caden sorriu fraco. - E você, algum motivo em especial?

Ele ficou um tempo em silêncio e depois apenas sorriu.

- Você ainda vai querer aquele cigarro ou prefere comprar do outro lado do mundo, apenas pra não pagar pensão? - Ele brincou e eu sorri divertida.

- Você não respondeu, Blanco. - Apontei com um sorriso.

- A sua avó deve estar esperando. - Ele se virou mas eu segurei no braço dele.

- Você não respondeu quando eu te perguntei o porquê de você ter se tornado traficante também. - Lembrei.

- O que você quer dizer? - Ele questionou confuso.

- Você aproveitou que os policiais estavam ali pra não responder a pergunta. - Juntei os pontos.

- Eu continuo sem entender, Emma. - Falou e eu encarei ele.

- Como você conheceu o Khoy? - Perguntei aleatoriamente e o Caden me encarou confuso.

- Aonde você quer chegar com isso? - Ele evitou a pergunta.

Eu só preciso provar o meu ponto...

- Você tem família? - Voltei a fazer uma pergunta aleatória.

- Emma, o que você tá fazendo? - Ele questionou e eu vi a confusão nos seus olhos apenas aumentar.

Eu fiquei um minuto em silêncio, processando tudo, e no fim levei as minhas mãos até a minha boca abaixando o olhar.

- Você nunca responde nada. - Percebi soltando uma risada desacreditada.

Levantei o olhar até o Caden e ele me encarava em silêncio, tentando entender tudo que eu estava falando.

- Durante esse tempo você me fez perguntas e eu respondi, mas sempre que eu te fiz perguntas, você mudava de assunto. Eu me sinto tão idiota por só ter entendido isso agora. - Expliquei.

- Isso parece loucura. - Ele apontou com um leve tom de irritação.

- Eu te fiz perguntas simples e você não respondeu. - Esclareci.

- Porque eu não vi sentido nelas. - Ele respondeu irritado.

- Você tá conhecendo a minha família toda hoje, Caden. - Apontei para a casa. - Eu não sei nada sobre você. Você é tipo um desconhecido pra mim...

- Desconhecido? - Ele repetiu em choque. - Eu te conheço muito bem, Emma. Essas semanas todas que eu passei te conhecendo não significaram nada?

- Exato, Caden. Você me conhece, mas eu não te conheço. - Soltei frustrada. - Eu sei o seu nome, a sua idade, e a sua profissão. Isso é tudo que eu sei. Eu sinto que eu to passando o meu tempo do lado de um completo estranho, eu estou me arriscando por um desconhecido! - Quase gritei.

- Isso é ridículo. - Ele sussurrou revirando os olhos.

- Você é ridículo! - Retruquei. - Eu tenho confiado em você.

- E eu não tenho confiado em você? - Ele argumentou.

- Você conhece as minhas paixões, as minhas dores, conhece o meu ex e tudo que ele me fez, eu te contei sobre o meu livro, te apresentei para os meus pais, e hoje você tá conhecendo o resto da minha família. O que eu sei sobre você, Caden? - Gritei.

- Você conhece o meu melhor amigo.

- Porque eu atendi a chamada dele sem querer. - Justifiquei. - Se eu não tivesse atendido a merda do seu celular sem querer, eu não faria a mínima ideia de quem é Khoy agora. - Me aproximei.

Nós estávamos gritando cara a cara um com o outro. O olhar do Caden parecia estar em uma batalha interna de confusão e querer estar certo, enquanto a sua voz apenas demonstrava irritação e angústia.

Eu prendi os meus olhos nos dele com ódio e esperei por ele me contar o mínimo dele, nem que fosse a sua cor favorita.

- Eu não estou pedindo pra você me contar sobre o seu pior trauma ou detalhar toda a sua infância pra mim, Caden. Eu estou pedindo o mínimo. Eu só quero te fazer uma pergunta e ter certeza que você vai me contar algo como eu contei tudo pra você. Porque, sinceramente, tudo que você tá fazendo agora, é me fazer arrepender de todo o tempo que eu passei com você criando uma amizade. - Soltei.

O Caden parecia perdido encarando os meus olhos, e por um momento, vi ele desviar o olhar para a minha boca.

- Eu estou implorando por algo que eu te dei sem nem você pedir... - Lembrei. - Eu sinto que estou dando tanto de mim para te conhecer e você não está me dando nada.

- Eu acho que o melhor é você se arrepender de todo o tempo que passamos juntos mesmo. - Ele respondeu antes de simplesmente virar as costas e ir embora.

continua...

O Vendedor De DrogasOnde histórias criam vida. Descubra agora