Emma Hills
... O Caden abriu um sorriso de canto se aproximando e eu arregalei os olhos.
- Não se atreva. - Ameacei me colocando na frente da porta.
- Ah, o que foi, gatinha? Você tem medo que eu faça muito barulho? - Ele provocou e eu fiquei com ainda mais ódio.
- Você precisa parar de querer arrombar as coisas. - Ordenei.
- Você tem um plano melhor do que quebrar a maçaneta? - Ele perguntou indignado.
Eu não tinha um plano melhor.
- Se o seu avô perguntar, foi o Brendon. - O Caden deu de ombros.
Eu encarei o Caden por longos segundos, me odiando por aquela opção parecer tão tentadora e então eu apenas respirei fundo e sai da frente da porta.
O Caden me encarou com um sorriso e se abaixou perto da porta, eu fiquei atrás dele e me abaixei também para ver tudo com atenção. O Caden procurou alguma coisa nas gavetas da pia e então puxou algumas lâminas.
- Isso talvez demore um pouco. - Ele avisou e eu não respondi.
Ele começou a fazer alguns movimentos com a lâmina na maçaneta e eu fiz uma careta confusa.
- Você vai riscar a porta. - Falei com ódio.
- Eu vou arrombar a maçaneta de qualquer jeito. - Ele se defendeu.
- Você só sabe fazer merda. - Insultei tentando puxar a lâmina da mão dele.
- Falou a pessoa que nos prendeu aqui. - Ele brigou de volta.
Eu fiz uma cara ofendida e continuei a tentar puxar a lâmina da mão dele, o Caden resistiu e não me deixou pegar a lâmina.
Naquela briga idiota, eu acabei me desequilibrando e caindo pra trás, mas levando o Caden comigo.
Se eu vou me fuder, não vou me fuder sozinha.
De algum jeito, o Caden conseguiu colocar o seu braço debaixo da minha cabeça para que eu não morresse tragicamente, mas isso não impediu da sua cabeça e a minha baterem.
O impacto do seu corpo contra o meu me fez fechar os olhos com dor.
O Caden conseguiu me encarar, depois de ter se ajeitado em cima de mim, e tudo que tinha no olhar dele era ódio.
- Foi sua culpa também! - Me defendi.
Vi algo vermelho na mandíbula do Caden e arregalei os olhos percebendo que a lâmina cortou ele durante a queda.
Ele percebendo o meu olhar chocado, levou os dedos até o corte na mandíbula e viu o sangue.
- Puta merda. - Ele sussurrou.
Ele voltou a me encarar com o olhar mais suave que antes, e eu congelei os meus olhos assustados nos dele.
Tivemos um momento de silêncio.
Depois de tantas brigas, finalmente paramos pra respirar. Ele me encarava arrependido, e eu devolvi o mesmo olhar.
Lubrifiquei os meus lábios e vi ele descer o olhar mais uma vez para a minha boca, só que dessa vez, ele permaneceu um bom tempo encarando.
A porta foi aberta e a imagem do meu avô foi revelada.
- Eu prendi vocês aqui pra vocês se resolverem, não pra transarem! - Ele reclamou cobrindo os olhos.
O Caden saiu de cima de mim e eu me sentei no chão em choque.
- Seu velho safado! - Insultei terminando de me levantar e saindo do banheiro com ódio.
[...]
A viagem de volta foi pior.
Nessa viagem eu não estava gritando de desespero e mandando o Caden parar de atropelar formigas.
Essa viagem era silenciosa.
A minha cabeça estava grudada na janela e eu observava os poucos carros que passavam pela estrada. O Caden estava calado do meu lado, apenas concentrado em me levar de volta pra casa.
Se a Ella e o Khoy tiverem transado na minha casa, eu provavelmente vou dormir na rua.
Sorri com esse pensamento e então eu notei que esse caminho era diferente.
Eu não conhecia esse caminho.
Me virei assustada para o Caden mas ele não me encarou nem por um segundo.
- Caden... - Eu chamei com a voz arrastada.
- Eu não conheci o meu pai. Ele me abandonou, e abandonou a minha mãe antes mesmo de eu nascer. A minha mãe me criou, me deu o melhor que ela podia dar, e sempre me colocou em primeiro lugar. Eu era rebelde, tinha raiva do meu pai por ele ter abandonado a minha mãe grávida e eu sempre jurei que se um dia eu encontrasse ele, eu mataria ele com as minhas próprias mãos. Mas eu também era cego, eu não reconhecia tudo que a minha mãe fazia por mim. Com 15 anos, eu comecei a vender drogas. Eu não queria, mas eu tinha que fazer aquilo. Tudo porque a minha mãe tinha câncer.
Eu não sabia o que falar, lentamente os meus olhos se encheram de lágrimas e o Caden continuou sem me encarar.
- Com apenas 16 anos, eu estava passando pela pior fase da minha vida. - Ele abriu um sorriso triste. - Eu me afundei nas drogas, me envolvi com as pessoas erradas, deixei de me importar com tudo, e conheci o meu pai. Ele acabou descobrindo sobre a minha mãe, de algum jeito. E quando eu vi ele, eu não quis matar ele, eu simplesmente não consegui fazer nada além de abraçar ele e chorar, porque a dor de ter crescido sem um pai era maior que a raiva de ter crescido sem um pai. Depois disso, eu me odiei ainda mais e me castiguei ainda mais. Eu não lembro de nada daquele ano, porque tudo que eu fazia era me afundar nas drogas. Eu não lembro quando eu conheci o Khoy, mas eu sei que eu conheci ele na minha pior fase, e eu também sei que se não fosse por ele, eu não estaria aqui hoje.
Quando a minha segunda lágrima caiu, o Caden olhou pra mim pela primeira vez, mas logo voltou a encarar a estrada.
- Assim como a Ella te salvou, o Khoy me salvou. - Ele deu de ombros. - O problema é que eu realmente não lembro de que maneira ele conseguiu me salvar antes que fosse tarde demais. Eu e o Khoy temos uma promessa, quando cada um estiver perto de morrer ou já tiver morrido, o outro vai fazer algo por ele. Quando eu estiver na beira da morte, o Khoy vai me contar como ele conseguiu me salvar. Então, quando na discussão eu te falei que pelo menos você conhece o meu melhor amigo, eu quis dizer que você conhece tudo que eu tenho.
O Caden me encarou como se esperasse que eu julgasse ele, mas tudo que queria fazer agora, é abraçar ele.
- A vida não é justa, não é? - Ele soltou com um sorriso. - Então, Emma, por favor, me perdoe por não te contar nada. Eu apenas não tenho nada de bom para te contar. Eu também não queria te envolver em nada que tem a ver com drogas, isso não te faria bem.
Eu abaixei o olhar e puxei a mão do Caden da perna dele, apertando a mesma com carinho.
O Caden encarou a minha mão junto da dele e devolveu o carinho, encaixando melhor as nossas mãos.
- Direitos iguais, Emma. - Ele falou atraindo a minha atenção. - Eu conheci a sua família hoje, então você conhece a minha família hoje.
continua...
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qnd tiver 22 comentários eu posto o próximo cap ainda hj
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O Vendedor De Drogas
RomanceEmma Hills passa pelo término de um relacionamento tóxico, e sua amiga cansada de ver ela sofrer, decide arrumar 27 dates pra ela. Depois de tantos encontros que foram um completo desastre, ela conhece Caden Blanco, um vendedor de drogas sarcástico...