Capítulo 6: William

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Otto esbarrou no meu ombro quando se jogou salão adentro, o que me fez sair do meu torpor. Assim que Ethan também alcançou a entrada, agarrei as duas portas e as fechei com um estrondo vendo o momento em que o lobo cinzento pulou chocando-se com a entrada surpreendido. Tentei fixar bem os pés no chão para que o impulso que ele fazia com o corpo sobre a porta não fosse suficiente. Acabei encostando o ombro entre as portas, vez ou outra descolava-o pela força que ele exercia do outro lado. O lobo não conseguia empurrar de forma eficiente, mas arranhava a entrada e vez ou outra conseguia colocar o focinho pra dentro emitindo alguns rosnados.

- A corrente, rápido! – Me lembrei do que Charlotte tinha dito. – Se os outros aparecerem, não vai ter como segurar isso aqui.

Ethan escorregou quando tentou pegá-la e meio que engatinhando veio até mim se erguendo de forma desengonçada. Otto correu até o portão para me ajudar. Ele mantinha um lado e eu o outro assim tínhamos um pouco mais de estabilidade no que fazíamos. Assim que ele agarrou a corrente demos o máximo de espaço que conseguíamos permitir para que envolvesse os puxadores. Ouvia os passos se aproximando pelo corredor enquanto o eco se propagava no salão e Ethan ia enrolando a corrente. Pelo aumento dos sons do lado de fora deu para perceber que os outros dois tinham alcançado a entrada também.

- Vamos precisar de alguma coisa para segurar isso aqui. – Ele gemia vendo as patas que apareciam entre o espaço das portas tentando agarrar sua perna. – O cadeado já não nos serve mais.

Charlotte foi a primeira a aparecer. Ethan lhe deu um comando e ela desapareceu pelo corredor novamente assentindo ao pedido. Os lobos não paravam de espremer o corpo entre o pequeno espaço e isso fazia com que a corrente deslizasse e afrouxasse o aperto que exercia mesmo com as duas mãos que seguravam as duas extremidades do metal e puxavam em sentidos opostos. Mais e mais dos seus corpos, os lobos conseguiam colocar.

Tinha um vidro estreito, no formato de um retângulo com uma tela metálica, na porta. Ele era fosco, mas era o suficiente para enxergar as formas do lado de fora. Tinham dois deles logo abaixo da película e um mais afastado observando do que imaginei ser o primeiro degrau. Aparentemente o líder tinha deixado o trabalho para aquela parcela do seu bando. Me perguntei onde poderiam estar os outros... Acampando próximos da estrutura?

Mesmo tendo que me concentrar na porta, comecei a indagar se aquele seria o único ponto no qual eles poderiam estar tentando invadir. Olhei pelo vidro novamente e percebi o alfa se afastando do bando lentamente, até que não pudesse mais enxergá-lo pela lateral. Fiquei receoso com aquele movimento, porém não tinha como fazer alguma coisa enquanto os outros dois ainda estivessem investindo na entrada.

- Vamos ajudar! – O resto do pessoal apareceu de ambos os lados do salão escorregando pelo caminho devido ao gelo que entrara e descongelara no piso.

- ALGUÉM PRECISA DESCER PRO OUTRO PAVIMENTO. – Berrei por conta dos rosnados que vinham do outro lado. – PRECISAMOS VER SE NÃO FIZERAM NADA NO LABORATÓRIO.

Timothy correu até um dos acessos das escadas, o resto, ou pelo menos a maioria, veio ajudar com a entrada usando o corpo para manter a porta selada. Paige foi a única que se manteve a uma distância segura horrorizada com a tentativa dos lobos de adentrarem ao prédio. Agora que estávamos em seis ficou um pouco mais fácil de segurar. William estava de frente pra mim me olhando com uma expressão sofrida sentindo os impactos ininterruptos dos lobos.

- Aqui! – Charlotte voltou segurando alguns espetos de perfurar carne.

- Foi o melhor que você encontrou? – Ethan lhe questionou como se fosse uma piada, mas quando uma pata quase alcançara sua canela, o comentário foi deixado de lado.

Ele e Leon ajustaram as correntes para que apertassem mais e então enfiaram os espetos entre os espaços. Nos entreolhamos sem saber ao certo se aquilo iria funcionar e mesmo assim aos poucos fomos nos afastando. As portas tremiam com o impacto e as correntes vibravam, mas os espetos não pareciam tender a se soltarem. Esperamos um tempo no salão para verificar se de fato estaríamos seguros. Nada parecia querer ceder e com o passar dos minutos, os lobos pareciam ter compreendidos ou então foram pegos pela exaustão, o fato era que tinham abandonado a tentativa.

É ASSIM QUE EU MORROOnde histórias criam vida. Descubra agora