Capítulo - 10: Sem saída

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Caminhávamos rapidamente ao passo que procurávamos não esbarrar em nada ou produzir o mínimo de barulho possível. Embora já houvesse percorrido inúmeros espaços dos andares abaixo, tudo era muito parecido e estranhamente entrelaçado pelo emaranhado de corredores acessíveis. Este andar além de não termos o visitado muito para ter certa noção de por quais ambientes passávamos, era extremamente fechado e sem qualquer indicação sobre as portas de acesso as salas. Não sabia se era claustrofóbico, mas a pouca visibilidade e a respiração próxima dos meus colegas me causavam uma certa pressão em relação ao espaço, principalmente na facilidade com que meus dedos encontravam as paredes laterais quando estendia o braço tentando entender as diferentes direções que tomávamos.

- Ouviram isso? – Charlotte perguntou atrás de mim.

Paramos um segundo para se atentar ao que ela se referia. O som se aproximava cada vez mais e não parecia vir de um único sentido. Conseguia ouvir de ambos os lados.

- Estão nos dois corredores adjacentes. – William observou. – O que isso quer dizer?

- Todo o espaço do prédio deve ter sido bem aproveitado. – Charlotte pensou. – Algumas salas deste andar devem estar abertas, só precisamos que as portas não estejam pelas passagens que a gente precisar seguir.

- Isso vai ser um problema. – Sussurrei. – Não vamos saber com certeza aonde eles vão estar e agora precisamos tomar mais cuidado, até mesmo ao escolher aonde entrarmos.

- E se voltássemos? – Charlotte opinou.

- Ainda não estaríamos seguros. Já deixamos nosso cheiro por todo o caminho. – William lhe respondeu. – Aliás, sabemos que não existe um único acesso para os andares. Estes podem ter vindo por outro lado. O problema está em sabermos se dar pra continuar ou não por aqui...

- Não temos luz e nem certeza do caminho que fizemos até aqui, quer dizer, ao não ser que alguém tenha decorado tudo até aqui. – Só houve o silêncio em resposta a observação que fiz. – Vamos continuar, é provável que tenham se dividido mais à medida que vasculhavam pelo prédio. – Apenas não tinha muita certeza se isso era algo bom ou ruim. Por um lado, seria melhor de lhe darmos com seus números, por outro, teríamos maiores dificuldades de avançar pelos espaços e o medo que sentiríamos só despertaria ainda mais os seus instintos.

- Que falta de sorte não termos alcançado a sala de estudo. – William murmurou inconformado.

- Como será que eles estão? – Charlotte sussurrou.

- Vamos esperar que dê tudo certo para que a gente saiba a resposta logo. – Ele lhe respondeu.

Era eu que estava à frente do grupo. Pela conversa que ouvia dos dois, entre os três, Charlotte era quem seguia mais atrás. Estiquei o braço o máximo que pude e com muito cuidado tentava localizar possíveis obstáculos no nosso caminho sem deixar que meus movimentos pudessem derrubar algo. Vez ou outra comunicava baixinho aos outros. Seguimos mais alguns metros até perceber que meus dedos não se mantinham alinhados em concordância ao percurso reto, mas se dobravam a direita em um ângulo de 90°. Não dava para alertá-los sobre isso verbalmente, então simplesmente agarrei o braço de William quando consegui alcançá-lo e esperei que fizesse algo similar com Charlotte quando o guiei na nova direção.

Continuei vasculhando o perímetro com a mão livre esperando não encontrar uma porta nos primeiros seis metros, assim como queria que fosse o mesmo caso considerando o caminho esquerdo que não tomamos. Os dois evitaram conversar e até mesmo controlavam a respiração irregular por medo de servir como alerta ao que temíamos encontrar, porém era óbvio que se a sorte não estivesse ao nosso lado, ao menos deveríamos fechar a entrada o mais rápido que conseguíssemos ao localizá-la ao longo do corredor. Percebi que a rugosidade da parede parecia não se alterar ao passo que continuávamos e já deveríamos ter ultrapassado os seis metros e por aquele breve momento me permiti respirar aliviado. Estávamos seguros? Com toda certeza, não. Por não termos noção do que existia no outro caminho que não havíamos escolhido, ainda não era hora de comemorar e dificilmente seria tendo em vista o tamanho do prédio e os diferentes esconderijos e caminhos que levariam em algum momento, a alcateia até nós.

É ASSIM QUE EU MORROOnde histórias criam vida. Descubra agora