Capítulo 7: Desconforto generalizado

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Acordei com umas batidinhas de leve no braço. Estava meio desnorteado ainda e por isso só me aconcheguei mais no sofá sem nem mesmo abrir os olhos. Mas me preocupei com o arco estranho que meu corpo fazia ao redor de algo até de fato encontrar o estofado. Movido pela curiosidade, semicerrei os olhos e ergui minha cabeça um pouco. William me olhava sem jeito quando fez um gesto com a cabeça para a esquerda. Leon estava com o braço estendido, se apoiando na lareira enquanto bebia alguns goles de água e nos observava. Dava para perceber uma expressão divertida em seu rosto. Provavelmente ele pegaria no meu pé sobre isso depois, mas como tinha acabado de acordar não me importava tanto assim com o que fossem pensar. Coloquei minha mão na lateral do sofá para me dar equilíbrio ao levantar.

Observei o ambiente. Estava quase vazio tirando nós três. Acabei por perceber que todos tinham nos vistos juntos. Devia ter considerado que ainda teria essa possibilidade na noite passada, mas apenas concentrei minha atenção nas palavras de William. De uma maneira ou de outra já tinha acontecido e dentre as nossas preocupações, isso estava abaixo do solo.

Balancei a mão para que Leon saísse da frente e então peguei a garrafinha de água próxima a lareira. O material estava cheio de gotinhas de água e ainda gelado. Me toquei que ontem não nos preocupamos em tirá-las de perto da lareira e por isso ou a água teria evaporado ou esquentado demais, o fato era que alguém tinha recolhido um pouco mais de neve para derretermos.

William dera um bocejo e se espreguiçando caminhou até a lareira pegando uma das outras e levando até a boca. Imaginei que horas seriam para que desse tempo de todos saírem e um grupo ainda recolher a neve. Fui até minha mochila que estava com as alças ao redor de uma cadeira recostada a mesa que Leon e eu tínhamos jogado os livros. Tirei o meu celular de dentro de um dos bolsos e chequei a hora. 10:00 am. Estávamos nos aproximando do início da tarde...

- Os pombinhos demoraram pra acorda hein. – Leon falara dando uma piscadela pra mim.

William não se deu ao trabalho de respondê-lo. Ele olhou pra mim fazendo um aceno de cabeça para segui-lo quando se aproximou da porta, mas neguei. Olhou rapidamente para Leon e como se tivesse compreendido alguma coisa, deixou a sala. Quando ele saiu, meu amigo esperou alguns instantes para ter certeza, olhou algumas vezes para a porta e então se aproximou de mim devagarzinho.

- O que rolou entre vocês? – Perguntou. – Só notei que você não estava vindo com a gente quando já tinha entrado, ontem.

- A gente ficou conversando. – Lhe disse sem detalhes.

- Certo..., mas e o lance do sofá?

- Foi ideia dele. – Ele arregalou os olhos surpreso. – Eu ia acabar dormindo com o rosto em algumas dessas mesas duras aí.

- Mas você dormiu EM CIMA dele, cara. – Ele me acotovelava.

- Era mais confortável. – Dei de ombros sem ver muita importância nisso, porém Leon compreendera de uma forma equivocada minhas palavras.

Com um sorrisinho malicioso me envolveu com seus braços e foi me puxando pra fora da sala. Acho que estava me guiando até o refeitório ou pelo menos esperava que estivesse fazendo isso, pois estava faminto. Não sabia se ele já tinha comido alguma coisa já que ainda estava na sala quando acordei. Pelo que sabia poderia ter acabado de levantar também.

***

Por um dos corredores que passamos vi uma placa que sinalizava um banheiro. Nesse instante, notei que era uma outra coisa que estava precisando no momento. Me desvencilhei de Leon que ficara sem entender, mas logo se aproximou quando compreendeu aonde eu estava indo. Empurrei a porta e adentrei o espaço. Tinham quatro cabines, dois mictórios de frente para nós e um espelho que utilizava toda a extensão da parede exceto o local das pias. Era razoavelmente grande. Leon seguira até o espelho e eu apertado fui até um dos mictórios desabotoando a calça e puxando o zíper rapidamente sentindo um certo alívio. A porta que dava acesso ao banheiro balançou por um certo período, mas assim que parou e o ambiente ficara selado novamente acabamos por sermos envolvidos por um cheiro forte que emanava provavelmente de uma das cabines. Ele não esperou muito para abandonar o banheiro, eu - por ser uma coisa habitual - ainda tentei ativar a trava mesmo embora a água não fosse sair, antes de seguir o seu exemplo.

É ASSIM QUE EU MORROOnde histórias criam vida. Descubra agora