II. Atingidas

104 9 3
                                    

Sam passou o dia a chorar, como se o mundo estivesse a cair sobre ela, ela não conseguia sentir nada mais além de dor, o pior era não compreender o porque.

"O que fazes aqui?" Questionou ao ver Deena diante da porta de seu apartamento, Deena nem tinha batido, Sam a encontrou porque ia deitar o lixo fora.

"Eu não te queria magoar..."

"Não me digas." Sam riu com ironia e sem paciência.

"Eu sinto..."

"Tu não sentes nada, estás morta por dentro." Disse friamente. "És uma verdadeira criança Johnson."

"Não me chames isso." Pediu calmamente. "Sempre pensei que me compreendias."

"Eu compreendi até aquilo que não era para compreender, eu aceitei, até aquilo que não era para aceitar, meu amor por ti me deixou tão cega, que apenas me consigo sentir que nem uma idiota." Gritou não se importando se os vizinhos fossem ouvir. "Tu só tens olhos para ti mesma, tornaste te incapaz de amar, de chorar de ser a porra de um ser humano."

"Amar, chorar... não tenho o desejo apenas de ser uma pessoa fraca."

"Então tens estado com a pessoa errada, já que parece que sou demasiado fraca para ti." Sam teve que se aguentar para não atirar o saco do lixo em cima de Deena.

"Tu sabes como eu sou..."

"Um coração de pedra que não tem pena de nada nem de ninguém, nem de si mesma."

"Porque teria pena de mim mesma?" Sam suspirou mostrando a tristeza em seus olhos.

"Porque quando somos vazios por dentro, isso nos torna desinteressantes por fora, e no final vais ficar sozinha, ou com alguém como Sheila que te usa para um sexo mais bruto, mas não te preocupes não és a única ela tem a sua própria caderneta." Deena engoliu seco, Sam era uma pessoa tão sensível, e além de tristeza o que Deena via nos olhos de Sam era raiva, odio, e ela tinha sido a causa disso.

"Algo mais?"

"Sai da minha frente, porque eu quero te bater novamente, mas sei que mais tarde me vou sentir mal sobre isso, então apenas desaparecesse da minha vista." Deena abanou a cabeça afirmativamente dando costas e saindo do prédio, e as lágrimas voltaram a correr pelo rosto de Sam.

Deena voltou para sua casa, e encontrou Sheila e o vestido que ela iria usar aquela noite. Sheila estava ali apenas porque sim, porque ela precisava de alguma companhia.

"Ela disse que sou vazia que ia terminar sozinha, mas estou sempre rodeada de pessoas." Explicava para Sheila enquanto esta a ajudava com o cabelo.

"O teu pai é dono de uma das maiores empresas de advogados, tu advogada e sua filha, claro que as pessoas querem estar perto de ti, ao estar perto de ti, vivem a fantasia que estão perto dele." Deena engoliu seco com a explicação. "Preto para uma passagem de ano, não é meio... obscuro?"

"Meu pai gosta de preto." Explicou levantando-se.

"Vais passar a passagem de ano com ele?"

"Não, a primeira festa é negócios e depois vou ter com os meus amigos." Explicou dando de ombros.

"Nos vemos na casa dos teus amigos depois então, o que duvido que Kate ainda nos aceite lá." Piscou pegado as suas coisas e saio.

Deena se levantou diante do espelho, se olhou mil e uma vezes e não sentia nada, sua cabeça estava estranha. Ela afastou Sam do modo que ela pretendia, mas seu peito e sua cabeça pareciam não concordar.

Mas ela tinha mais em que pensar, pegou nas chaves de seu veículo e se dirigiu para a casa de seu pai que era uma verdadeira mansão e naquele momento estava cheio de gente rica.

My love is a ghostOnde histórias criam vida. Descubra agora