IX. Preocupação

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Fazia apenas dois dias que Samantha fazia companhia a Deena na casa, era estranho, por todos os motivos possíveis. Mas ela queria Sam ali, e de modo egoísta gostava que Sam não recordasse nada, ela sabia quando a memoria voltasse que com ela vinha o merecido odio.

Ela sabia porque fez o que fez, e ainda não sabia bem como agir naquele momento, sua mente estava confusa, seu corpo sentia demasiadas coisas. Tantas emoções, fazia anos que não se sentia tão viva, era como se não fosse apenas Sam a perder a memoria, mas também Deena.

Ou Deena apenas se permitiu a ignorar situações, segredos, memorias que naquele momento ela não queria lidar. Ela queira renovar aquela casa, ela queria estar ali, e ela queria Sam a seu lado, naquele momento ela tinha isso então ela ia aproveitar o quanto durasse.

"Toda a história humana prova que desde o dia em que Eva comeu a maçã, a felicidade do faminto homem pecador depende em grande parte do almoço." Deena tirou os olhos do seu computador para poder encarar Samantha. "Lord Byron que disse, e eu concordo." Deu de ombros sorrindo. "Vamos comer? Fiz peixe no forno com batatas."

"Ok." Deena sorriu levantando-se da cadeira seguiu Samantha até há mesa onde esta a refeição. "Sabes que não precisas fazer isto todos os dias, como não precisas fazer o meu pequeno-almoço, apesar de eu amar as panquecas."

"Eu sei, mas quero... posso?" Questionou em um tom provocador colocando um pouco de suco de laranja no copo de Deena.

"Queres sair daqui hoje?" Sam olhou Deena entusiasmada com a pergunta. "Gostaria de te mostrar o que este lugar tem a oferecer, o preciso fazer antes que te enterres mais naquela biblioteca entre os romantistas mais que mortos."

"Eu gosto do que tenho lido." Sam reclamou.

"A realidade é que meu avô amava que dessem atenção há sua coleção, quando fiz aqui a primeira festa com os nossos amigos aquela sala ficou trancada a sete chaves, tinha tanto medo que eles destruíssem aqueles livros..."

"Então já estive aqui antes?" Sam interrompeu Deena.

"Várias vezes." Deena tentou dizer como se não fosse nada de importante. "De qualquer modo veste algo quente que lá fora vai estar frio. "Mudou o assunto o mais rápido que pode.

De tarde estava um sol que não aquecia muito, mas fazia o dia perfeito para Sam que amava aquele frio, o cheiro da terra quando tinha chovido há não muito tempo.

"Vives em um pequeno paraíso." Sam elogiava o lugar olhando pela janela do carro que ia aberta.

"Sempre amaste este lugar, não sei quem o ama mais eu ou tu." Admitiu fazendo Sam a olhar.

"Há quanto tempo nos conhecemos?"

"Dez anos, eu acho." Deena dizia tentando não dar importância e com muito cuidado com o que respondia.

"Fico tão triste ao não me lembrar de nenhum de vocês, apesar de me lembrar de alguns colegas de escola, e até de Tommy... é tão estranho." Suspirou frustrada.

"Tu vais recordar-te de tudo..."

"Tenho medo do que me posso lembrar, tenho medo de algumas verdades." Admitiu perdendo-se novamente no lugar em sua volta.

"Aqueles que mais sabem, mais profundamente sofrem com a verdade." Deena citou quase sem voz.

"Lord Byron o autor do dia." Sam sorriu vendo que o carro parava. "Cavalos." Gritou entusiasmada.

"Eu sabia que ias gostar, pedi a um amigo meu para nos deixar dar um passeio." Teve que falar um pouco mais alto Sam apenas correu em frente ate aos animais.

My love is a ghostOnde histórias criam vida. Descubra agora