Capítulo 23

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Aquele vento zumbia como eu nunca havia escutado. Meus cabelos também estão molhados e escorridos em minhas costas, o fatídico vestido também estava molhado. Ele era tão lindo, cheio de pedras brilhantes e em um tom roxo, sua saia era estufada.

Tudo acontecia de novo, repetidamente.

Escuto altos sons de cavalos e corro, mas agora aquele lugar não parecia distante. Uso todas as minhas forças para correr até o descampado, que parecia muito com o descampado próximo ao castelo. Não tive muita noção de tempo, pelo contrário. A cor de crepúsculo era presente no céu.

Consigo observar carruagens um pouco distantes.

Carruagens? Em que tipo de distopia eu estava?

— Você tem que levá-la - um homem alto e esbelto, com feições marcantes, falava essa mesma frase incessantemente. - não importa o que aconteça, você deve levá-la, Serena, você é tudo o que ela tem agora.

A chuva pesada começa a cair, meus olhos embaçam, mas sou capaz de ver o então homem entregar algo para a mulher dentro da carruagem, antes da mesma partir com toda a força de seus cavalos.

— Mas o que... - eu tento me questionar, mas um barulho estrondoso me faz cair com tudo na grama alta e molhada. Levo minhas mãos aos ouvidos, devido à grande barulhada. Parecia que aquele lugar estava prestes a explodir de vez.

Caída ao chão, com as mãos trêmulas e em choque pelo barulho, enquanto gotas pesada de água insistiam em bater contra a minha pele. Viro meu corpo em sinal de respostas para aquele alvoroço e me deparo com o castelo da Academia.

Ele está em chamas.

— Estão atacando o castelo - o homem, que outrora falava com serena, caminha em direção ao castelo junto com vários outros. Deviam ser guardas reais, ao julgar pela vestimenta - tentem obter ajuda, eles estão dentro do castelo. O rei e rainha estão dentro do castelo!

— Sim, senhor - os guardas falam em uníssono 

Reúno forças para me levantar. Não sabia o que mais pesava, o enorme vestido ou a situação presente. Tudo parecia tão nebuloso, eu definitivamente deveria estar sonhando, mas não tinha tanta certeza.

Me viro com certa dificuldade, posso sentir pessoas correndo para o descampado. Em seguida, um estrondo ainda maior do que o anterior é ecoado, me fazendo cair mais uma vez. Porém, diferentemente da última vez, me acordo.

Pude sentir minha respiração ofegante, assim que me sento na enorme cama. Aqueles sonhos, se é que eu poderia chama-los assim, estavam começando a ficar fora do controle. Respiro fundo, sentindo o ar fresco da manhã adentrar pela sacada que estava aberta.

— Chega - digo pulando da cama e indo em busca do meu roupão

— Alteza? - Noah adentra em meu quarto com uma expressão de espanto ao me ver acordada. Ela trazia consigo o carrinho com meu café da manhã mas, assim que me viu, tratou de parar. - já está acordada?

— Ah, sim, Noah - tento disfarçar minha agitação com um sorriso - Bom dia, não se preocupe, comerei no refeitório

Noah me olha de cima a baixo, eu estava com um pijama de bolinhas e um roupão roxo por cima.

— A senhorita pretende ir dessa maneira?

     Eu, Dandara e Sae-Rom não estávamos lá em nossos melhores tempos, desde que brigamos feio na semana em que cheguei. Porém, aquilo era uma questão bem menos delicada do que o assunto recente. Sae literalmente se afastou por um tempo de mim e Dandara. Não sei ao certo o quanto aquilo iria durar, mas sendo sincera, eu não me importava. Não por agora.

𝑨𝒅𝒆𝒏𝒐𝒗𝒂 𝑨𝒄𝒂𝒅𝒆𝒎𝒚 - 𝑬𝒔𝒄𝒐𝒍𝒂 𝒓𝒆𝒂𝒍Onde histórias criam vida. Descubra agora