Trentesimo Capitolo

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Soren Santinelle

- Comece logo menino, está me deixando aflita - disse minha madrinha me olhando curiosa, mas esse olhar só dura uns minutos se esconde de voltando a feição branda, sem expressão.

- Va com calma - Heitor que se sentou a pouco tempo ao meu lado fala - temos todo o tempo do mundo.

Dou um longo suspiro tentando me acalmar, olho para cada um dele, que estava aflito, principalmente meus pais, para só aí eu começar a falar.

- As pessoas que me adotaram se chamam Sofia e Walter Oliveira - o nome no parecem nem um pouco desconhecidos para nenhum deles, já que todos olham assim que eu falo os nomes para minha madrinha, que me olha tensa - a verdade é que eles não foram os melhores pais do mundo, mesmo eles tendo me pagado para criar quando eu fui deixado na porta da casa deles, eu acho que eles não gostavam muito de mim. Na verdade, das três crianças e dos dois adultos que tinham na casa que eu cresci, contando comigo, só meu irmão mais velho gostava de mim, o Henrique, mas ele também já não morava a algum tempo com nossos pais.

"Henrique foi embora de casa bem antes deles me adotarem, mas ele sempre vinha nos visitar, e era o único dentro daquela casa que realmente gostava de mim - digo dando um longo e doloroso suspiro por lembrar daquilo - sempre fui muito esforçado e dedicado na escola, e assim sempre tirava as melhores notas da turma, o que não os agradava muito, já que eu sempre estava acima do filho biológico deles, então começaram as agressões e também foi nessa época que pararem de me dar refeições completas, e para piorar a minha vida Henrique parou de nos visitar, então eu também não tinha mais a quem recorrer para pedir ajuda.

"O serviço social não ajudava, eles achavam que eu estava mentindo porque foi isso que disseram a ele e meus irmãos apenas concordaram. Como ele não me davam comida a minha única solução foi recorrer ao roubo - digo e logo depois desvio o olhar - a primeira vez que a polícia me pouco eu tinha onze anos, também foi nessa época que eu passei pela primeira vez pelo reformatório. Meus pais adotivos nem mesmo foram no julgamento e assim eu acabei um ano no reformatório, a minha sorte foi que eu continuaria estudando.

"Depois de um ano, com meus doze anos e meio eu saí do reformatório e como eu não tinha mais casa minha única saída foi roubar novamente, mas eu fui pego depois de dois meses e voltei para o reformatório, só que dessa vez a pena foi só de alguns meses - a pausa que eu dou e um pouco longa demais, antes de finalmente continuar - dos meus onze aos meus dezesseis anos eu entrei e sai do reformatório. Foi quando da sexta vez que eu saí eu me cansei, eu estava quase completando dezessete anos na época, então eu recorri a um outro caminha que poderia me dar outra coisa, dinheiro".

- E como conseguiu o dinheiro? - perguntou Samuel ao meu lado, me olhando nervoso.

- Você é meu irmão gêmeo - digo finalmente olhando para ele - se estivesse esgotado, e sem mais opções na vida, não tivesse família e nem ninguém, mas mesmo assim tivesse algo que muitos quanto viam achavam mais do que só bonito, e já se estive desesperado o que você faria? - pergunto olhando diretamente para os seus olhos.

Samuel me analisa por um tempo, antes de finalmente arregalar os olhos me olhando, mais do que só espantado. Passo meus olhos por todos da sala e vejo que todos já entenderam a aonde eu quero chegar.

- Com dezesseis para dezessete anos eu comecei a me prostituir nas ruas do Rio de Janeiro - digo por fim olhos nos olhos do meu pai Pietro, que a essa altura já chorava sendo aparado por meu pai Bernardo e por Benjamin, silenciosamente eram suas lagrimas - eu continuei estudando se isso consola vocês, só que com o dinheiro que eu ganhei com alguns programas me dava a oportunidade de alugar uma casa pequena na periferia do Rio, eu conseguia me manter, guardar dinheiro e ainda pagar uma escola particular.

"Com mais ou menos meus vinte anos eu conheci Heitor - digo e olho para ele sorrindo - ele na verdade estava bêbado e acho que drogado - olho para ele que sorri sem graça ficando vermelho - nos dormimos juntos e no dia seguinte nem um oi o idiota me deu"

- Isso quer dizer que posso matar ele - escuto uma voz desconhecida vindo da porta.

O homem em questão na porta estava com um terno mais do que só chique, igual a todas as pessoas aqui. O mesmo olhava para Heitor com um olhar assassino.

- Não - respondo - você deve ser Hericco Santinelle, il mio padrino (o meu padrinho).

- Continue - disse ele me olhando.

- Con la benedizione del tuo padrino (Com a sua benção padrinho) - digo o olhando.

- Dio ti benedica (Deus lhe abençoe) - respondeu o mesmo - agora continue.

- Heitor ainda estava apagado na cama, quando um outro homem entrou no quarto de hotel que estávamos - contínuo agora olhando para os outros - o nome dele era Pedro. Pedro para mim foi uma luz no fim do tuneo, ele era gentil, atencioso, uma boa conversa e bonito - dou uma pausa - ele apareceu na minha vida no momento em que eu estava acabando a faculdade por estar adiantado demais, mas também no momento em que eu estava me afundando nas drogas

"Eu comecei a usar com dezoito anos, mas no começo eu estava controlado, eu conseguia parar, mas aos vinte meu corpo pedia a droga pelo menos uma vez na semena. Pedro apareceu e me ajudou a parar... - dou uma pausa olhando para o nada - com vinte e um eu já estava completamente limpo, e depois eu acabei criando uma sensação de dever com ele, e também foi nessa época que ele começou a querer mais comigo, eu tinha parado de trabalhar com programas a mais ou menos um mês, já que tinha começado a minha residência, e só aquele valor já que ganhei com os anos e que investi dava para me manter, e eu também tinha dinheiro guardado, então eu e Pedro começamos a namorar.

"Eu achei que poderia sentir algo por ele, mas eu simplesmente não conseguia. Nós ficamos dois anos nessa relação, com altos e baixos - dou um longo e cansado suspiro - Pedro sempre foi muito ciumento, mas o ponto alto foi quando depois que Heitor pediu para mim ficar com as meninas e o Adam, Pedro apareceu um pouco bêbado no meio da noite, nós discutimos e na manhã seguinte quando eu cheguei na casa onde eu estava morando com ele, ele tinha cheirado cocaína. Quando começamos a namorar eu falei que a única coisa que nosso relacionamento não suportaria isso, o fato dele fumar ou cheirar drogas.

"Fiel a minha palavra eu o deixe na manhã seguinte - longo após outra pausa e um longo suspiro. Sinto Heitor me abraçar de lado, me dando apoio - Heitor me convenceu a morar com ele por um tempo, até eu comprar um apartamento ou uma casa e me mudar... - antes que eu continue Beatrice me interrompe".

- E a sua casa? - ela perguntou.

- Eu já tinha vendido quando eu fui morar com Pedro - respondi olhando para ela - o negócio foi que depois de um mês ele foi me procurar na casa de Heitor, Pedro não estava muito bom, ele queria voltar, mas a raiva dominou ainda mais ele por eu estar morando na mesma casa que Heitor, Pedro dês do começo do nosso relacionamento sempre teve um ciúmes excessivo com referência a Heitor, e quando ele me viu lá na casa do mesmo ele começou a me bater. 

Aquele Garoto (Trilogia Meu Criminoso - Livro 03)Onde histórias criam vida. Descubra agora