Ventiduesima Capitolo

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Soren Santinelle

Foi aí que minha cabeça deu um trezentos e sessenta, eu já os quero como meus pais. Os pais que eu nunca tive na minha vida, os pais que agora eu quero conhecer mais do que tudo, mas o meu medo está falando mais alto agora na minha cabeça. E agora eu não sei o que fazer, parece que todo o meu mundo, com todas as minhas certezas se destruíram, isso tudo com simples palavras

- Eu quero conhecê-los - digo depois de uns minutos em conflito comigo mesmo - mas os depois do aniversario dessa coisinha linda aqui - digo apontado para Theo que ainda dormia tranquilamente.

- Quando quer e o aniversário dele? - perguntou o pai de Fredericco, Luca.

- No sábado - respondeu Miguel ao meu lado.

Eu ainda estava maio perdido em meus pensamentos, mas notei o pequeno sorriso ao lado de Simon Santinelle, um dos pais de Fredericco, intercalando silenciosamente e discretamente o olhar entre o filho e Miguel com Theo no colo.

- Vocês têm filhos então? - perguntou o sr. Luca.

- Na verdade a Agatha, o Adam e a Amalia são só meus filhos - disse Heitor ao meu lado.

- Eles também são meus filhos - garanto olhando para o mesmo - mesmo não tendo vindo de mim, ainda sim são meus filhos de coração.

- Acho de deveríamos resolver isso logo - resmungou Heitor me olhando.

- O que quer dizer com isso? - perguntei não sabendo do que ele estava falando.

- O que acha de uma guarda de adoção? - perguntou ele me dando um beijo em meus lábios.

Ele realmente quer isso?

Eu estaria ligado permanentemente na vida dele, ainda mais forte que antes, ainda mais com um filho a caminho e um três que eu posso ter com o meu nome logo mais para frente.

- Isso já é o bastante - disse o sr. Luca - Benjamin, Bernardo e Pietro vão amar saber que já tem netos.

- Desculpa? - pergunto não entendendo muito do seu comentário.

- Esqueceram de contar seus idiotas - resmungou o sr. Simon sorrindo debochado - Dois anos depois que você nasceu seus pais se envolveram com uma terceira pessoa, o Benjamin.

- Quer dizer que eu tenho um terceiro pai? - pergunto.

- Isso mesmo - responderam Fredericco e seu pai Luca ao mesmo tempo.

- Isso é estranho - disse Miguel ao meu lado.

- Eu já me acostumei com isso - disse o sr. Simon olhando para os dois - isso é porque vocês não viram quando Fredericco era menor, o jeito de acordar e de dormir era igualzinho os do Luca na mesma idade.

- Como você sabe disso? - perguntou Luca olhando para o marido.

- Sua mãe me contou na primeira vez que nós conversamos a sós - respondeu dando no ombro como se não fosse nada.

- Você não vai fazer isso comigo não é papa? - perguntou Fredericco parecendo uma criança, já que estava com um bico nos lábios e os olhos brilhando em direção do pai.

- É claro que eu vou fazer - respondeu o sr. Simon debochado - também vou falar o quão ingrato você era com os seus pais.

- Eu já pedi desculpas - resmungou o mesmo - eu estava ocupado.

- Quando eu trabalho noites e dias em projetos arquitetônicos com você pequeno eu ainda sim tinha tempo para conversar, fazer o lanche e brincar com você senhor Fredericco Santinelle - disse o Sr. Simon.

- É sempre assim? - pergunto para o sr. Luca que olhava os dois divertidos.

- Só quando Simon está irritado - respondeu o mesmo sorrindo - mas não se preocupe a loucura Santinelle é de família, geração para geração.

Fredericco Santinelle.

Deixei meus pais com Soren e Heitor e sai logo atras de Miguel.

Esse menino é o mesmo que eu esbarei a alguns dias atras na saída do bar, ele é lindo, aqueles olhos verdes são a coisa mais linda do mundo, e aquele pequeno menininho com ele? Que coisinha mais fofa.

- Se quer me chamar para sair me perseguir não é a melhor escolha – disse segundos depois do lado de fora da casa se virando para mim.

- Eu não precisaria te seguir se não tivesse fugido de mim na outra noite – falei me colocando ao seu lado e sorrindo para ele.

- Naquela noite eu estava com pressa – respondeu com um sorriso nos lábios me olhando - então você é primo de Soren – afirmou segundos depois.

- Sim – respondei no mesmo segundo – meu pai Luca e o pai dele Bernardo são primos, nos configurando como primos também - respondi ficando seria – o engraçado é que ele já era meu amigo antes de ser meu primo, e eu era seu psicólogo então acho que sei coisas sobre ele que ele não queria que um primo soubesse.

Ele dá um sorriso de lado antes de pegar a carteira de cigarro no bolso e acender um, no mesmo momento paro e apenas fico olhando para ele, um pouco intrigado pelo cigarro.

- Comecei a alguns anos – disse alguns segundos depois quando deu à primeira tragada – foi como um meio de escape para meus problemas, agora virou um vício completo. Merda isso faz tão mal a minha saúde, me sinto mal por fumar e se algo acontecer comigo como meu filho fica? – disse sorrindo amargamente.

- Então por que não para? - perguntei calmamente não querendo forçá-lo a nenhuma resposta de verdade.

- Eu não sei – disse calmamente.

Ficamos em silencio por alguns segundos depois disso até que percebi que ele estava me olhando então olhei de volta.

- Vou viajar para os Estado Unidos em algumas semanas – falou completamente decidido – eu vou parar.

Com isso ele apaga o cigarro em suas mãos e o joga junto com o masso na lata de lixo que estava a poucos passos de nós.

- Sabe que logo vai sentir os efeitos da falta da nicotina, não é? - perguntei preocupado, porque esses efeitos podem levar a uma irritabilidade.

- Tenho que ter um ponto de partida para começar a parar – falou – e se eu tiver um câncer de pulmão por causa do cigarro? Como meu filho vai ficar? Não foi nada que você fez ou disse, mas agora vendo o Soren achando sua família, me faz pensar que ele pode ter muito tempo ainda porque ele é saudável e eu não, isso pode me tirar um tempo preciso com o Theo, ele é meu bem mais precioso, preciso estar com ele - disse.

Não pude deixar de sorrir para ele, que também me olhou e sorriu de volta.

- Para onde vai? - perguntei e ele me olhou confuso – para qual estado? - perguntei.

- Arizona – respondeu sorrindo – fui chamo por uma empresa no Arizona, consegui o visto de trabalho e o Theo o de estudante – falou feliz.

- Quer sair comigo enquanto estiver lá? - perguntei calmamente com um sorriso calmo direcionado a ele. 

Aquele Garoto (Trilogia Meu Criminoso - Livro 03)Onde histórias criam vida. Descubra agora