Resenha planetária - o planeta está triste

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Vi volta e meia na minha cara tu pedindo pra parar,
Vi dia ou outro você gritando não suportar mais chorar.

Oh, meu amigo, não erre tanto assim,
Não a ponto de achar viver é isso,
Você não gira, mundão, em busca de ser feliz,
Você é só mais um a dar à vida sentido.

Mas não que isso não seja o bastante
Pra sorrir num instante aconchegante.
Só entenda, dona grande Terra delirante,
É comum chorar de saudade pelas fotos na estante.

É difícil convencer você, grandão,
Mas seu giro nos mantém vivendo,
E o meu viver, senhora gentil esfera,
Te dá o norte a explorar.

Suas lágrimas carentes de atenção,
Que um dia pensou do fundo serem em vão,
Jamais correram pelo vácuo em solidão...
Não, ela nutre cada tato que beija,
Cada olfato que lembra,
A audição que embeleza,
Um paladar que festeja,
Cada visão que almeja
Os sentires de uma vida inteira.

Vamos, dona Mãe Natureza,
Reerga seus ecossistemas,
Saia já dessa tristeza
Porque tanto se rasteja.

Pare de ser um bicho do mato,
Saia logo desse quarto,
Veja os mundos desesperados
Que necessitam ar renovado.

Pare de pensar que a vida é gargalhar,
E desgravitacionar toda vez que desabar;
Aprenda a dormir antes de acordar,
E a sofrer de meteoros antes de se orgulhar.

Há dias, dona Terra, que doer é natural,
E há dias que um riso não se sobrepõe ao mau.
Mas cair não é motivo pra uma era glacial,
Preserve a sua espécie, pois não haverá igual...

Coragem pra girar no vazio de só ruídos,
Beba do seu chá e se supere como um tiro,
Sangre só no instante verdadeiro em que é preciso,
Siga de tua crença inabalável a teu destino,
E faça com teu sangue chamativo teu caminho.
Grite: "na terceira camada, eu orbito!",

E orbite, orbite com vontade teu espaço,
Até que esteja mesmo esgotado.
Depois, quando a luz vier na tua direção,
Se lembre, e chore de alegria: você cumpriu sua missão!

AlmaOnde histórias criam vida. Descubra agora