5. Decepções.

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Anabeth.

Acordo de manhãzinha com uma leve dor de cabeça e uma sede incontrolável, a famosa ressaca. Estou um pouco atordoada com o que aconteceu entre eu e Theo ontem mas, já passou, vou tentar me despreocupar com isso. Com a higiene matinal já feita, desço para falar com os meus pais; assim que entro na cozinha, vejo os dois sentados na mesa tomando café e individualmente presos nos seus pensamentos.

- Bom dia! - digo sorrindo e pegando uma xícara para colocar café. 

- Bom dia! - eles respondem em uníssono.

- Se divertiu ontem?  - meu pai pergunta.

Difícil resposta pai.

- Sim, me diverti sim, foi muito bom rever meus amigos. 

Ele assente e responde um "Que bom."

- Filha, preciso que vá comigo ao mercado de carro para fazer as compras, pode ser? - minha mãe me olha e pergunta.

- Claro mãe, só vou trocar de roupa. - digo e subo para o meu quarto.

Coloco um short jeans, camiseta branca e chinelos. 

- Pronto, vamos. 

No caminho do mercado eu e minha mãe conversamos um pouco: 

- E então, como você está? - ela me pergunta.

- Estou melhor e a senhora? 

- Melhorando... Está difícil sem sua avó mas estamos tentando seguir em frente.

Ficamos em silêncio o resto do caminho. Lembro-me de quando eu era criança, ia quase todos os dias a casa da minha avó materna, sempre fomos muito próximos a ela, uma senhora dos cabelos pretos pintados e um sorriso permanente no rosto, sempre muito alegre e receptiva. Mesmo sendo apenas sogra do meu pai, ele a considera bastante por ela já ter o ajudado em uma fase complicada da vida dele. 

- Chegamos! - minha mãe disse, cortando meus pensamentos.

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Já estamos nesse bendito mercado há cerca de uma hora, minha mãe fazia questão de passar em todas as fileiras pra checar se não estava esquecendo algo, eu a ajudava mas ela ia sozinha virando nos corredores a procura de alguma coisa. Eu estava no corredor dos doces (sozinha, minha mãe já tinha ido a outro corredor) olhando os preços de bolachas, cookies, quando ouço meu nome.

- Ana? Oi! 

Não é possível. Essa voz é familiar até demais. Me viro para ver quem é e-

- John, oi! - digo sorrindo.

Droga, ele estava acompanhado. 

- Tudo bem? Essa é minha namorada Emily. - aponta para uma mulher ao seu lado.

Ela era realmente bonita, cabelos médios loiros, olhos castanhos claros, um sorriso bonito e acolhedor. 

- Olá Emily, é um prazer te conhecer. - sorrio e damos um aperto de mãos. 

- John me falou de você, é um prazer. - ela sorri de volta.

Espera aí, ele falou de mim? Espero que não tenha falado mal. 

- Foi bom ter encontrado com você, nós vamos viajar para Londres semana que vem, tem alguma dica de hotéis bons ou apartamentos pra alugar? - John perguntou.

Parece que o azar insiste em ficar ao meu lado.

- Ah é? Que legal! Tem vários lugares bons sim. 

E então disse tudo a eles.

- Ótimo! Quem sabe não nos encontremos lá. Você volta pra lá quando? - John disse.

- Semana que vem também. - dou um sorriso amarelo. 

Os dois levantam as sobrancelhas em gesto de surpresa.

- Bom... Esperamos te encontrar lá! - John diz sorrrindo.

Emily indiretamente olha pra ele juntando as sobrancelhas como um "Esperamos?".

Nos despedimos e eles foram embora. Tenho é medo de encontra-los por lá.

- Filha? Ah finalmente, estava te procurando. - minha mãe aparece no começo do corredor e vem andando até mim.

- John apareceu com sua namorada e disse que irão ficar um tempo em Londres... - comecei a falar.

- Ah é? Que bom. - minha mãe responde enquanto olha o preço de uma bolacha recheada.

- Eles irão semana que vem. 

- E o que tem?

- Mãe, eu vou semana que vem também.

Ela me olha com os olhos arregalados e depois de alguns segundos começou a dar risada.

- Mas você é mesmo azarada, minha filha! E quanto tempo eles vão ficar lá?

- Eu não sei. 

Tá, nem é nada demais mas me incomoda saber que posso encontra-los a qualquer momento.

Os dias se passaram rápido demais pra minha tristeza, o resto da semana não fiz nada que não fosse tentar animar meus pais e os deixá-los bem e sinceramente, funcionou. A minha volta a Inglaterra está me deixando nos nervos, não quero voltar para aquele trabalho estressante, ultimamente tudo que preciso é de pura paz e sossego. 

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Amanhã já voltarei e estou muito mal por isso, meus pais vieram conversar comigo mais cedo e falaram que estão igualmente tristes por precisarem ficar sozinhos, é uma situação complicada e difícil pra nós mas não posso fazer nada, preciso trabalhar. Passo a tarde arrumando minhas malas e organizando até então meu quarto, meus amigos me mandam mensagens falando pra eu voltar mais vezes, o único que não mandou foi Theo, como já esperado. Acho que eu realmente irei voltar mais vezes pra cá, nunca tinha cogitado isso pois minha vida em Londres é maravilhosa mas, gostei de ter ficado por aqui. Estou fechando a última mala, vejo no relógio e está marcando 20h, eu realmente passei a tarde toda arrumando minhas coisas; antes de dormir, tomei um banho e me deitei pra organizar mentalmente o dia de amanhã, listando certinho o que irei fazer, estou ansiosa. 






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