03. the players

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"Todos os meus amigos sempre mentem pra mim, mas eu sei o que eles estão pensando."

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Neil Josten
Manhã seguinte a madrugada do crime, 09h09

As ruas estavam paradas.
Meus dedos tamborilavam no balcão da cafeteria Foxes.
Lá fora os carros passavam sem muita preocupação com uma fina chuva que os cobria. A cafeteria estava quieta com apenas alguns murmúrios pelas mesas. Faço meu pedido e fico em pé esperando os cafés chegaram.

Na TV as únicas notícias que passavam eram sobre o novo "Serial Killer" que poderia estar a solta.

- Um termo muito excêntrico para alguém que só matou uma pessoa até agora.- Deixo escapar em um sussurro.

A atendente me entrega os cafés e eu balanço a cabeça em um obrigado silencioso, logo em seguida tomando um gole de um dos 4 copos. Kevin estava de ressaca e precisava de algo forte.

-"Típico."- Penso revirando os olhos.

- Ele matou de um jeito estranho, talvez mereça esse título. - Escuto uma voz aveludada falar e me viro para ver o dono dessa fala.

Olho para a mesa atrás de mim e vejo um homem loiro sentado em uma mesa, usava roupas pretas e comia um doce que só de olhar me deixava enjoado.

- O que disse? - Pergunto sugestivamente.

- Você ouviu, não irei repetir. - Ele diz sem interesse, dando mais uma mordida no doce sujando o canto de sua boca com uma mistura de açúcar e canela.

- Pode ser que eu não tenha te ouvido.- Digo provocando o pequeno homem em minha frente.

- É, com essa sua cara de lerdo pode ser que você realmente não tenha me ouvido.- Ele revida agora me encarando intensamente.- Ou melhor, me entendido.

Me sento na cadeira a sua frente me debruçando sobre a mesa, sem desviar meus olhos dos seus castanhos amendoados.
Levo minha mão direita em direção ao canto sujo de doce em sua boca mas paro no meio do caminho, me pergunto o que estava fazendo mas olho para seu rosto e vejo ele acenar minimamente como se deixasse eu fazer o que queria fazer, por mais que não soubesse o que era.
Continuo o movimento da minha mão e limpo o canto de sua boca logo lambendo meus dedos sujos de açúcar e canela.

Doce.

- Está bem,- falo mexendo meus ombros de forma tranquila.- Me diga o por quê de você achar esse assassino merecedor desse título.

- Não acho que ele seja merecedor. Acho que ele não merece nada, nem mesmo a morte. - Ele diz se encostando no encosto da cadeira,- Por mais que ela seja a única coisa que ele mais deseja.

Seus olhos me diziam que ele estava faminto por algo, por mais banal que fosse, essa pessoa a minha frente ansiava por uma conversa que o prendesse e ansiava por algo intrigante. Ao mesmo tempo seus olhos não transmitiam nada.

- Por que você acha que ele anseia a morte?

- Talvez ele não tenha outras opções a não ser isso. - Ele desvia o olhar para o balcão da cafeteria atrás de mim e fica uns minutos quieto.- Ou talvez ele apenas não saiba o que quer e esteja querendo chamar a atenção das pessoas.

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⏰ Última atualização: Jun 28, 2023 ⏰

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