Capítulo Onze

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Sábado, 19:10

Faltavam 10 minutos para o início do filme e os dois seguiram para a sala de cinema. O espaço era amplo e estava relativamente lotado, optaram por sentar na última fileira de cadeiras, duas cadeiras após o corredor. As demais cadeiras que ainda restavam foram sendo ocupadas aos poucos, porém, as duas cadeiras entre Nadya e o corredor ficaram livres. O cheiro da pipoca impermeava pelo ar daquele espaço fechado.

— Tem certeza que você não vai querer pipoca? Ainda dá tempo de eu sair e ir comprar.

— Não Bruno, estou sem fome, muito obrigada.

Nadya agradeceu, não iria fazer aquele garoto gastar com ela nada além do que fosse estritamente necessário, ela sequer gostava de estar naquela situação de "dependência".

Quando eles adentraram no cinema, um rapaz postado na entrada entregou-lhes dois óculos 3D, o que deixou Nadya um tanto a contragosto, pois ela não tinha prestado atenção que o filme era desse tipo. Filmes assim sempre deixavam a garota com uma dor de cabeça daquelas quando ela retirava aqueles óculos, mas optou por não comentar disso com Bruno, ela não queria parecer mal agradecida.

Agora, sentados lado a lado, ela tinha posicionado os óculos no alto da cabeça, disposta a só começar a usá-los quando o filme finalmente tivesse início, estava imersa em seus pensamentos, tentando afastar a imagem daquelas pernas que vira no banheiro, quando sentiu o calor de uma mão encostando-se ao seu braço. Era Bruno, mostrando aqueles dentes ultra brancos em um belo sorriso.

— Se importa se eu levantar o braço dessa cadeira? Ele me incomoda...

Nadya retribuiu o sorriso, sabia que aquilo era uma desculpa um tanto esfarrapada, que na verdade o real motivo por ele querer levantar o braço da cadeira era retirar aquele empecilho que afastava os dois. Ela consentiu e ele levantou-o. Como era de se esperar, ele se aproximou dela e passou um dos braços sobre seus ombros.

Os trailers tiveram início e os dois colocaram os óculos. O primeiro trailer era de um filme de ação, com carros caríssimos em alta velocidade fazendo manobras que desafiavam a gravidade e outros explodindo em pedaços. Bruno a apertou e sussurrou no ouvido da garota:

— Esse aí será o próximo que iremos assistir.

O segundo trailer era de um filme de terror, onde pessoas se perdiam dentro de uma caverna e dentro dela havia criaturas canibais sedentas por sangue. Nadya procurou desviar os olhos da tela enquanto as cenas passavam, levantou o olhar e nesse exato instante, a criatura aparecia na tela com os braços estendidos e ela veio diretamente para o assento onde eles estavam sentados. Nadya levou a mão aos olhos, tomada por um pânico súbito.

— Está tudo bem, o filme é 3D, lembra? — Lembrou Bruno, apertando o ombro da garota para confortá-la.

Ela teve que se esforçar para voltar os olhos para o telão, repetindo para si mesma que era só um efeito bobo. Embora parecesse que a criatura quisesse pegá-la.

Após outro trailer de ação, o filme começou. Nem 20 minutos haviam se passado e ela já sentia a cabeça girar. No inferno, certamente as pessoas tem que usar esses óculos como instrumento de tortura. Pensou ela, ironicamente enquanto sentia Bruno se aproximar mais e mais dela, até que ele decidiu ultrapassar o espaço pessoal dela e tentar beijá-la. Por impulso, Nadya afastou o corpo para o lado, e sentiu seu ombro esbarrar numa pessoa. Virou a cabeça para o lado, pronta para desculpar-se, mas a cadeira estava vazia, do mesmo jeito que estava quando ela chegara. Intrigada, voltou o rosto para Bruno e nesse momento ele beijou-a. Nadya sentiu uma explosão de sensações dentro dela, os óculos se esbarraram, mas eles não ligavam, derretiam-se no beijo um do outro, até que Nadya recobrou o juízo, perdido por alguns segundos, afastando o garoto dela.

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