Evocação - Você Acredita em Maldições?

Capítulo Treze

Quinta-feira, 17:25

David estacionou o carro na garagem de sua casa. Estava muito estressado. Nesses últimos tempos estava praticamente servindo de escravo para seu pai. E isso estava irritando intensamente ele, pois ele tinha perdido grande parte da liberdade que tinha, ele tinha que arrumar alguma desculpa para se livrar daquilo por alguns dias. Seu pai tinha dinheiro suficiente para bancar dez motoristas diferentes, mesmo assim preferia usar seu filho como motorista. A desculpa usada por ele, além do trauma que adquirira pela direção, era que, depois do acidente que sofrera, tinha que treinar alguém para assumir seu lugar nos negócios, e esse alguém era David.

Contudo, David nunca tinha se importado com os negócios da família, ele almejava mais a herança que herdaria quando seus pais se fossem. Não que ele desejasse que seus pais morressem; algo que tinha chegado perto para os dois, seu pai num acidente de carro, e sua mãe, que dois anos antes tinha descoberto um câncer no seio esquerdo, que fora curado rapidamente, pois estava no estágio inicial e não era maligno.

Mal tinha chegado a sua casa e já sabia que dentro de alguns minutos seu pai ligaria para ele, pois o fechamento da venda de um novo loteamento já estava para ser concluído. O cliente era dono de dois grandes empreendimentos e a área em negociação era muito cobiçada. A cidade onde morava estava em constante crescimento, o que estava enchendo os olhos de investidores, pois renderia muito dali a alguns anos.

Entrou na sala e viu algumas cartas em cima da mesinha, constatou que a empregada devia as ter deixado ali antes de ir embora. Olhou todas, tinha cartas de IPVA dos três veículos que a família possuía, contas dos cartões, mas nenhuma especial direcionada a ele.

Sentou-se no sofá e ligou a tevê, não havia nada de especial passando. Seu celular vibrou. Ele retirou-o do bolso e viu que tinha recebido um torpedo, que dizia: Oi, tudo bem? Ainda está de pé hoje à noite? Estou morrendo de saudades, Beijos.

Era uma mensagem de sua amiga colorida, Rafaella.

David tinha se envolvido com ela enquanto namorava com Nadya. Ele sempre fora a fim dela, mas ela nunca tinha sequer olhado pra ele, e isso o deixava furioso, pois mulher nenhuma o tinha rejeitado. Então, certo dia um amigo confidenciou a ele algo que tinha acontecido: ele era apaixonado por uma garota, mas ela nunca tinha dado bola para ele — caso similar ao de David —, mas tudo mudou depois que ele começou a namorar uma amiga dela. Pois ele viu que a garota olhava para ele de maneira diferente, até que um dia ele ficou a sós com a garota em questão, e tudo foi fácil, ele nem precisou pedir para ficar com ela, porque ela o agarrou com voracidade. Após o relato do amigo, David bolou um plano, iria ficar com alguma amiga de Rafaella.

Rafaella tinha apenas duas amigas que David conhecia, uma delas era uma garota acima do peso, então logo David a descartou, pois preferiria não ter Rafaella a passar vergonha ficando com uma garota gorda e mal arrumada. A outra amiga dela era extremamente magra, David ria ao se imaginar com uma garota daquela, pois quando fosse abraçá-la, poderia acabar fraturando alguma costela dela. Estava quase desistindo de seu plano, quando viu Rafaella em um parque rindo ao lado de uma garota incrivelmente linda, tinha os cabelos pretos e lisos, que em contraste com o sol, brilhavam sutilmente. Nesse momento decidiu que seria ela.

Então David se aproximou dela e fez com que ela se apaixonasse por ele; descobriu que o nome dela era Nadya e que era de uma família mais humilde. Tornou-se amigo dela e, consequentemente, da pessoa que tanto queria.

Só que nessa amizade, David acabou se apaixonando por Nadya e começou a se esquecer de Rafaella.

Um mês depois de conhecer Nadya, decidiu pedi-la em namoro e viu que seria um relacionamento durável, pois além de ser uma garota de família, respeitável, amiga e mais uma dezena de adjetivos, o que mais lhe chamou a atenção era o fato de Nadya ser virgem.