Nadya estava terminando sua corrida; dois meses seguidos à risca seu exercício favorito.
Completando quatro quilômetros em 30 minutos, ela avistou sua mãe pela janela da cozinha de sua casa; provavelmente preparando o café da manhã como de costume, seu pai saía sempre às 6 da manhã para o trabalho e, duas horas depois, sua mãe levantava para preparar o café para as duas, antes de também ir para o trabalho.
Maria, além de uma ótima dona de casa, trabalhava de empregada doméstica para uma família de classe alta. Já Dionisio, seu pai, sempre trabalhou em construção civil, ganhando um salário baixo, e passava os finais de semana fazendo “bicos”, como ele mesmo dizia, mas mesmo com todo esforço eles não conseguiam completar um bom salário.
Sua casa não era grande, muito menos luxuosa. Mas era bem cuidada e muito organizada. Mãe e filha faziam uma dupla perfeita no quesito arrumação.
Desde pequena Nadya viu o sofrimento dos pais, então se dedicou totalmente nos estudos, sempre lendo também; não revistas teens como todas as garotas da sua idade, mas livros de bom conteúdo. Livros eram suas paixões desde que aprendeu a ler as primeiras palavras. O primeiro livro completo que leu, foi quando terminava a segunda série do ensino fundamental, Barcos de papel; que conta a história de um grupo de amigos que se perderam dentro de uma caverna que encontraram durante um passeio. Depois de terminá-lo, nunca mais deixou de ler um dia sequer. Como nunca pôde ter uma estante de livros, seus exemplares de leitura eram emprestados da biblioteca municipal de sua cidade natal e atual: Sorocaba. Sua lista atual de leitura, no momento conta com quase 200 livros lidos. Desde nosso consagrado autor, Érico Veríssimo ao romancista internacional Nicholas Sparks. No último mês, Nadya prestou vestibular em quase todas as faculdades do interior de São Paulo e também na faculdade que sempre sonhou: a USP.
Entrando em casa ela viu sua mãe com um largo sorriso estampado no rosto.
– Nossa, por que tanta felicidade? Ganhamos na loteria? – Nadya ficou surpresa ao ver sua mãe tão resplandecente, não por estar sorrindo, mas porque ela mostrava um brilho diferente em seus olhos.
– Não filha, muito melhor que isso. – Maria respondeu, apontando o dedo para a mesa.
Nadya percorreu os olhos até o local onde sua mãe apontava e não acreditou no que viu. Uma carta com três letras no nome do remetente. Ainda não acreditando no que seus olhos viam, pegou o envelope na mão e confirmou: USP - Universidade de São Paulo; no Brasão, havia uma figura humana sentada em uma cátedra, empunhando uma espada com dois escudos ao lado. Seu coração saltou, ela não sabia se era uma resposta positiva ou negativa, rasgou o papel que lacrava o conteúdo da carta e passou rapidamente os olhos em cada letra. Terminou a leitura em prantos, a mãe, assustada com a reação da filha, perguntou:
– Por que está chorado? Não conseguiu passar no vestibular? – Enxugando as lágrimas de Nadya, ela escutou a resposta.
– Pelo contrário, são lagrimas de felicidade mãe – ela abraçou a mãe e completou: – Passei, e com a nota máxima.
E assim ficaram as duas, sem nada a dizer uma para a outra, nesse momento não havia nada para ser dito. Era o sonho de uma família se realizando. Um lampejo cruzou a mente de Nadya, e por apenas um breve instante seu sorriso desapareceu. David.
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Evocação - Você Acredita em Maldições?
ParanormalEsta Obra encontra-se Registrada na Biblioteca Nacional. Logo estará disponível para venda. Boa leitura. Contém cenas fortes, recomendado para o público maduro. Tudo estava ocorrendo perfeitamente bem na vida de Nadya: recentemente ela ganhara uma b...