Capítulo Doze

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Sábado, 22:45

Bruno e Nadya estavam saindo do estacionamento do shopping, quando viram o temporal que estava caindo. Bruno ligou o para-brisa no máximo e ligou o som num volume baixo, estava tocando Hero, de Chad Kroeger, da banda Nickelback. Nadya relaxou, já sentia que tudo não tinha passado de ilusão. Olhou para aquele garoto lindo sentado ao seu lado que prestava muita atenção na estrada e sorriu. Ela estava começando a ficar com medo, ainda lembrava de todo o terror que tinha passado com David, no começo do namoro ele tinha sido muito "perfeito", porém, com o passar do tempo ele mostrou suas garras. Será que esse seria assim também? David havia lhe enganado perfeitamente, mas ela não podia acreditar que todos os garotos fossem iguais ao David, ela podia arriscar novamente, mas ainda não era a hora, por enquanto, eles continuariam ficando, só isso e nada mais, pelo menos até ela ter certeza de que não aconteceria o mesmo que já tinha acontecido. Deus me livre de outro David. Pedia ela todas as noites ao Pai Celestial.

Nadya foi arrancada de seus pensamentos com uma voz suave e com uma música do 3 Doors Down: Here Without You.

- Está pensando em quê?

- No quanto foi bom sair com você... - Respondeu Nadya, abrindo um sorriso.

- Quer marcar outro dia?

- Você tem o meu número, e também sabe o meu endereço, é só marcar.

Enquanto Nadya respondia, sentiu que tinha alguém sentado no banco detrás do dela. Olhou para trás com o coração engasgado em sua garganta, mas não viu nada. Percebeu que estava ficando paranoica e isso era a última coisa que gostaria que Bruno pensasse que ela era.

- Está preocupada? - Perguntou Bruno, olhando para onde Nadya acabara de olhar.

- Não, só pensei ter visto algo.

- Tem certeza que você não namora? Desde que saímos de sua casa, você parece preocupada com alguma coisa, olha para os lados como se esperasse que alguém aparecesse.

- Posso te falar a verdade?

- Não acredito. Você tem namorado mesmo. Eu sabia. Como uma garota linda igual a você iria estar solteira? Nunca!

- Bobo, não é isso... - Nadya riu, estava começando a apreciar Bruno. Ele era muito diferente dos outros garotos. Se fosse outra pessoa, nem ligaria se ela tinha namorado ou não.

Ela queria contar a ele o que estava acontecendo, mas ficou com medo de ele achar que ela estivesse ficando maluca, então decidiu falar um pouco da vida dela.

- Eu tinha namorado, mas ele foi um cafajeste comigo, me tratava mal e ainda me traiu com uma garota que considerava melhor amiga.

- Nossa, que burro. Dá zero pra ele!

Dessa vez, Nadya gargalhou. Como um garoto podia fazê-la não tirar o sorriso do rosto? Bruno era lindo e o jeito engraçado dele fazia com que se tornasse um cara irresistível.

- Está certo, mas se o cara é um temendo mala como você diz, por que namorou ele?

- Quando começamos a namorar, no ensino médio, ele era o cara, entende? Sabia ser meu amigo, me dava atenção, era o sonho de toda garota, entretanto, quando ele completou dezoito anos, Tchum. Como em um passe de mágica, ele começou a fazer tudo de errado. Ainda fiquei algum tempo com ele, mas ele piorou a cada dia. Então, tudo acabou. E hoje eu agradeço a Deus por tê-lo tirado de minha vida.

- Quem agradece sou eu! Sorte a minha ele ter sido um Mané.

Nadya estava começando a sorrir, quando viu ao lado do carro uma sombra os acompanhando. Sentiu seu corpo começar a tremer. Sua respiração começou a embaçar o vidro, era como se de repente tivesse caído a temperatura do carro em uns 10°. Olhou para o ar condicionado e viu que estava ligado. Estranho. Pensou Nadya, olhou novamente para o vidro e viu que o vulto estava ficando para trás, foi seguindo o trajeto da sombra até não conseguir mais ver onde estava. Ficou aliviada, como não estava vendo muito bem, devido ao temporal, percebeu que se tratava de um motoqueiro que diminuiu a velocidade, contudo ao se virar e olhar para frente ela viu surgir um vulto bem no meio da pista.

- Cuidado! - Berrou, e empurrou o braço de Bruno para ele desviar do que ela achava ser uma pessoa.

O carro deslizou e foi para a pista na contramão, Bruno tentou frear o carro, no entanto, a pista estava totalmente encharcada e não foi possível evitar a colisão com um poste.

Nadya viu tudo rodar, olhou para Bruno, que sacudia a cabeça, como se tentasse reajustar os sentidos. Ela não sabia o que dizer, por uma besteira tinha feito Bruno bater o carro.

Ele olhou-a e abriu a boca para dizer alguma coisa, mas não disse nada. Retirou o cinto de segurança e desceu do automóvel, mesmo com a chuva forte.

Enquanto ele olhava para o estrago que tinha feito no carro, colocou as duas mãos na cabeça, como se dissesse: Estou ferrado!

Que burrice a minha, agora que o garoto nunca mais vai querer sair comigo, vai pensar que sou louca. Refletia Nadya em seus pensamentos. Bruno entrou novamente no carro. Seus cabelos pretos, agora molhados, escorriam pela sua testa, dando a ele um ar de ator de Hollywood de um filme de drama.

- Me desculpa?

- Olha, era para eu estar muito bravo contigo, mas te perdoo se me contar porque fez aquilo.

- Desculpe, é que pensei ter visto alguém no meio da pista e me assustei... - Nadya sentia um nó na garganta, lágrimas começavam a brotar em seus olhos, mas ela não queria chorar. Não queria parecer mais desajustada ainda.

- Está perdoada, mas só tem um problema.

Nadya pensou em responder, só que se quisesse não chorar na frente de Bruno tinha que só escutar, uma palavra que saísse, as lágrimas sairiam junto. Então assentiu com a cabeça.

- Meu pai não vai me deixar sair mais com o carro dele, então poderemos sair de ônibus.

Nadya tirou o cinto e abraçou o garoto, encostando seu rosto na pele molhada dele. Fazia menos de 24 horas que o conhecera, mas já estava se apaixonando.

Duas lágrimas rolaram pelo rosto dela e antes que Bruno percebesse, ela o beijou. Só pararam de se beijar quando viram alguns carros parando para o olhar o acidente. Bruno engatou a ré, fez uma manobra e colocou o carro de volta na pista, piscou duas vezes para os outros motoristas que pararam para ajudar ou mesmo por curiosidade. Seguiram com mais cuidado e com a velocidade reduzida, em direção a republica.

Após mais alguns minutos, chegaram e deram-se um beijo de despedida.

- Obrigado, obrigado por tudo. - Agradeceu Nadya, enquanto dava um selinho nele. - E, mais uma vez, me desculpe, foi sem querer.

- Tudo bem. Como já disse: sem problemas!

Nadya desceu do carro e acenou, enquanto o via partir.

Agora ela estava sozinha, mais uma vez.

Nadya pensou que poderia ter chamado Bruno para subir até o apartamento dela, pois ela se sentia mais protegida com ele ao seu lado. Mas o que ele acharia se ela o chamasse? Que ela era fácil. E que sua desculpa era ainda mais esfarrapada, imagina: Estou com medo de um fantasma.

Agora, repassando as coisas na mente, percebia que era tudo besteira.

Fantasmas não existem!

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