Capítulo Dois

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Terça-feira, 08:00.

Nadya ainda não conseguia entender o que estava acontecendo, ela achava que David agiria de outra maneira quando ela contasse que iria ter que sair da cidade para estudar, mas não, ele agiu completamente diferente do esperado.

Nadya e David namoravam há cerca de dois anos. Ele era o namorado que toda garota sempre sonhou em ter: cavalheiro, simpático, romântico e amigo, sempre escutava atentamente tudo que ela contava e dava os melhores conselhos, até que tudo mudou: ele completou dezoito anos, e mudou do vinho para um copo com água de esgoto. Saía com os amigos e sumia durante os finais de semana, começou a tratá-la com ignorância, e o pior de tudo: ficou com a única garota que ela considerava como amiga.

Ela terminou com ele, é claro. Não havia dado um fim ao relacionamento antes, pois achava que era uma fase e ele logo voltaria a ser o David de sempre, mas o fato de ele a ter traído foi inconcebível. Mas o pior de tudo ainda estava para acontecer: no final de uma tarde, ela estava com um amigo em frente de casa conversando. Ele apareceu e com seu carro novo atropelou o garoto.

Após atropelá-lo, ele saiu do carro ameaçando: Se eu ver qualquer garoto perto de você, vai acontecer pior que o que fiz agora. Você, mesmo não querendo, ainda é a minha namorada!

Ao contar para ele que estava indo embora, inacreditavelmente, ele aceitou numa boa, mas com uma pequena condição: ela não podia contar a ninguém que eles haviam terminado. Um pedido estranho, porém que não mudaria em nada, já que, de qualquer modo, ela ainda não havia notificado a ninguém oficialmente que o relacionamento dos dois havia acabado há algum tempo. Sua mãe desconfiava do súbito afastamento dos dois, mas não aborrecia Nadya com perguntas. E como ela era grata a isso.

Agora também não importava mais, ela já estava em São Paulo estudando, hoje seria seu segundo dia de aula. Nadya estava em busca de um emprego para ajudar a pagar a mensalidade da república onde estava morando.

Como toda manhã, ela estava fazendo seus exercícios em um parque perto da república. O local era bem movimentado. Com uma pista de corrida, que dá a volta em todo local. No meio tem locais de lazer e uma cascata artificial.

Um garoto, de uma beleza fora do comum estava parado mais à frente ao lado da pista. Seu coração acelerou ao vê-lo olhando diretamente para ela, seus olhares se cruzaram. Os dois ficaram se olhando, até Nadya perceber que já estava derrubando uma garota que estava correndo em um ritmo mais leve.

– Desculpe-me, estava meio distraída – Nadya ajudou a garota a se levantar, justificando sua falta de atenção.

– Tudo bem, essas coisas acontecem – respondeu a garota exibindo um sorriso. – Eu estava quase parando de correr mesmo, estou tão fora de forma.

Nadya escutou as palavras da garota e analisou seu corpo bem definido. Seios fartos, cintura fina e pernas de se invejar. O rosto dela que mais chamou atenção. Era como se Nadya estivesse se olhando no espelho, a garota possuía olhos castanhos acinzentados, lábios finos, nariz pequeno e os cabelos negros e lisos. A única diferença entre as duas era uma pinta que Nadya tinha na bochecha direita. Como se a garota tivesse feito a mesma análise que Nadya, exclamou:

– Nossa! Parece que estou me olhando no espelho! – exclamou, colocando a mão direita sobre a boca, estupefata. – Tudo bem, talvez um de nossos pais tenha pulado a cerca.

– Resta-nos a dúvida de qual deles foi... – respondeu Nadya, brincando com o fato de elas parecerem irmãs gêmeas. – Dizem que no mundo tem ao menos três pessoas idênticas sem nenhum grau de parentesco e a probabilidade de se esbarrarem é maior que setenta e cinco por cento.

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