AVISO DE GATILHO: este capítulo contém descrições de ataques de pânico!
•••••••••••••••Conversar com Helena era como adentrar em um novo mundo.
Os dois trocavam mensagens há apenas duas semanas, mas Carlos já sentia um grande impacto. Era só que... O jeito natural e leve dela de tratar as coisas, seu olhar mais complexo diante da vida e de questões sociais. Aquela garota havia vivido uma vida completamente diferente da dele.
Não é que Carlos Eduardo não soubesse que aquele tipo de coisa existia. Ele sabia, claro, não vivia debaixo de uma pedra. Todavia, sempre fora vilanizado por todos a sua volta.
Mas, pelo modo como Helena lidava, tudo repentinamente lhe pareceu uma grande besteira.
Nem sempre, entretanto. Às vezes, ele tinha grandes crises existenciais, se culpando por deixar-se ser manipulado pelo "inimigo". Quando sentia aquilo, cravava as unhas na pele de seu próprio braço e chorava de culpa.
Era uma constante luta contra si mesmo. E era extremamente cansativo.
A verdade corre selvagem
Como uma lágrima por uma bochecha
Tentando salvar a face, e o desgosto do papai
Eu estou mentindo através de meus dentesSinceramente, ele sentia estar fazendo tantas coisas no piloto automático. Especialmente quando estava com Sofia. Não fazia sentido, ele gostava tanto dela... Mas não conseguia sentir o que os caras sentiam com suas namoradas.
Ele sabia que era porque seu amor por Sofia era, na realidade, platônico. Assim como qualquer amor que já teve por qualquer menina.
Sabia muito bem. Porém, ainda tentava mentir para si mesmo.
Mas de nada adiantava. Não mudava o que sentia, o que queria, e o que não conseguia sentir ou querer.
Era extremamente cansativo viver assim. Parecia carregar consigo um peso no peito, aonde quer que ele fosse.
Mas nada se comparava com a sensação que tinha quando colocava os pés na igreja de seu pai.
Aquele devia ser o lugar onde se sentia acolhido, em comunhão com Deus. E, de fato, lembrava-se de sentir acolhimento ao ir para lá quando criança. Entretanto, aquele sentimento se encontrava extremamente distante dos seus atuais ao ir para a igreja.
Sentia-se sufocado lá. Todos os presentes (especialmente os adultos) esperavam que ele continuasse o legado, que se tornasse um pastor. Que se casasse com Sofia e tivesse filhos biológicos. Assim, sentava-se no banco durante o culto, ao lado de suas irmãs e sua mãe, próximo à família de sua namorada. Dessa forma, ouvia o sermão de seu pai.
O sermão era sempre repleto de julgamento disfarçado de preocupação com os "pecadores".
Essa voz interior
Vem me consumindo
Tentando substituir esse amor que eu finjo
Com o que nós dois precisamosE não importava o quanto Carlos quisesse negar. O que ele mais queria era ter coragem e se sentir livre e com a consciência limpa para ser um "pecador".
Mas tentava se desviar desses pensamentos. Certamente só estava considerando aquilo porque queria sentir-se bem com o que sabia ser errado, uma fraqueza.
Será mesmo?
Bem, qualquer que fosse o caso... Ter Leandro lá não ajudava em nada.
Leandro era um dos amigos de Amanda, tendo integrado o grupo cerca de dois anos antes. Volta e meia, ele ia para a casa de Carlos (não sozinho, entretanto. Roberto não deixaria que um garoto viesse sozinho visitar sua filha), e conversava ocasionalmente com o irmão mais novo de sua amiga.
![](https://img.wattpad.com/cover/186965870-288-k856639.jpg)
VOCÊ ESTÁ LENDO
A trilha sonora de nossas vidas
Teen FictionHelena tem duas certezas em sua vida: A primeira é que música é sua paixão, e a segunda é que ela é, sem sombra de dúvida, lésbica. O que ela não tem certeza, entretanto, é como vai sobreviver mais um ano e meio no inferno chamado Colégio da Graça d...