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      Todos vestindo roupas sociais, isso poderia ser o meu maior pesadelo, até que eu vejo ele e tenho certeza de que não estou dormindo.
      Vamos começar do início.
      Acordei no hospital e os médicos disseram que eu tive uma overdose e estava morta por três minutos, havia um policial no quarto conversando com meus pais, eu sabia o que aquilo poderia significar, eu seria presa ou internada em um hospital psiquiátrico.
       Eu não estava tentando me matar, talvez tivesse pensado na possibilidade, mas a única coisa que eu estava fazendo era tentar esquecer dos meus problemas.
        Felizmente um pouco mais tarde me avisaram que eu não seria internada nem presa, eu teria que passar o verão todo num buraco chamado de ilha. Já estive lá algumas vezes para visitar minha tia, mas nunca tive que ficar mais do que 3 dias.

[...]

        Passei a viagem de carro inteira dormindo, quando estávamos chegando a minha querida mãe me acordou, no meu fone estava ouvindo a minha música favorita do Panic at the disco, House of memories.
        Depois disso não demoramos muito para chegar na casa branca num dos melhores bairros da ilha, minha tia já esperava por mim na porta, ela vestia um vestido branco todo manchado de tinta e segurava alguns pincéis e um cookie queimado.
         Desci do carro e minha tia correu para me abraçar, quando eu era mais nova ela costumava ser minha vizinha, até o marido dela surtar e quebrar todas as suas coisas e pedir divórcio, ela por sua vez com apenas 21 anos largou tudo e resolveu se mudar para cá. Éramos muito próximas, mas quando ela foi embora e passamos a vê-la uma vez por ano acabamos nos afastando.
       - Como você está Liz?- Perguntou a mais velha utilizando o apelido que apenas ela pode utilizar, "Liz", geralmente me chamam de Lizzie ou Elizabeth.- Você cresceu tanto desde a última vez que eu te vi!
      - Ela está um caos, acredita que ela tem bebido e usado drogas?- Disse minha mãe saindo do carro.- Isso é decepcionante, a minha filha andando com viciados, vou voltar para o carro. - Minha tia apenas riu, e isso deixou minha mãe furiosa, fazendo-a sair pisando forte e bufando.
     - Mas enfim, como você está querida?- Perguntou novamente.
     - Bem, eu acho.- Respondi.
    Minha mãe voltou para o carro sem ao menos se despedir e meu pai deixou minhas malas na porta e se despediu.
    - Fique viva pequena.- Suas palavras foram como faças entrando no meu coração e seu abraço foi o mais sincero que eu já recebi, eu sabia que ele não queria ir embora, mas minha mãe destrói tudo e todos então ele não tinha escolha.- Amo você.- Ele depositou um beijo em minha testa e se foi.
     -Eu tentei correr atrás do carro, mas na teoria parecia mais fácil, enquanto eu corria meus olhos se encheram de lágrimas e não consegui enxergar mais nada, caí de joelhos e minha tia me abraçou por trás. Após isso ela me levou para casa e eu dormi o resto da tarde.

[...]

    -O meu quarto era cheio de telas em branco penduradas na parede, ele era bonito, aparentava estar limpo e tinha cheiro de lavanda. Me dirigi até o andar de baixo e vi minha tia comendo um dos cookies queimados que havia feito mais cedo.
    - Boa noite, Liz, está se sentindo melhor?- Perguntou assim que me viu descendo as escadas.
   - Sim, obrigada por me trazer de volta para o quarto. A propósito, por que a casa inteira está coberta de telas pintadas e apenas o meu quarto elas estão em branco?- Questionei.
   - Ah sim, as telas servem para nos expressarmos, como é o seu quarto acredito que deveria apresentar a sua essência.- Respondeu.
   - Isso é muito interessante, quer ajuda com os cookies?- Disse apontando para os cookies totalmente queimados.
   - Achei que nunca iria perguntar. - Minha tia soltou o cookie de sua mão e despejou a bandeja no lixo.- Por onde devemos começar?- Continuou.

[...]

   Assim que os cookies ficaram prontos minha tia devorou vários, acho que faz tempo que ela come coisas queimadas, ela sempre foi um desastre na cozinha.
   Minha tia é apenas 10 anos mais velha que eu, nós nos entendemos bem, seu nome é Aurora, quando eu era mais nova acreditava que ela fosse a Bela adormecida com seus cabelos loiros e ondulados, quando eu tinha 11 anos ela veio para essa merda de ilha, eu fiquei tão brava que quando tínhamos que que vir visitá-la eu fingia estar doente e quando meus pais viajavam eu ia para festas e só voltava para casa no dia que eles chegariam, mas aos 13 anos eles pararam de acreditar nisso.

[...]

    Acordei por volta das 3 da manhã e não conseguia mais dormir, peguei um dos cigarros escondidos no fundo falso da minha mala e saí pela janela do meu quarto em busca da praia.
   Não precisei andar muito, deixei minhas coisas na areia e fui em direção à água, quando cheguei num lugar fundo o suficiente mergulhei até encostar na areia , acho que havia pelo menos uns 3 metros de profundidade, quando voltei à superfície já não tinha mais ar e nem forças então saí daquela área, ao fundo percebi que havia alguém me observando na faixa de areia então voltei correndo.
   - Você é idiota? O que tá fazendo na água as 3 da manhã?- Disse um garoto loiro acendendo o cigarro que eu deixei com o casaco.- Onde arrumou isso?
  - Em Nova York, o que você tá fazendo aqui? Perguntei pegando meu cigarro e colocando na boca, me cobri com o casaco pois estava vestindo apenas uma calça de moletom e um sutiã de renda.
   - Trouxe mais desses?- Perguntou e eu assenti pois havia trago no mínimo uns 70 daqueles. - Eu moro aqui e vi uma maluca entrando na água e vim para garantir que ela não ia se matar. Enfim, consegue me arrumar uns desses?- Finalizou apontando para o meu cigarro.
   - Eu não sou traficante seu babaca, por que todo mundo acha que eu vou me matar?- Disse e saí andando de volta para casa.
   Quando eu cheguei tomei um banho para tirar o sal do meu corpo. Não sentia mais sono nenhum então tirei uma das telas da parede e peguei os materiais que minha tia havia deixado para mim numa caixa que eu pintei quando era criança e lhe dei de aniversário quando ela fez 15 anos. Separei todas as tintas mas não consegui fazer nada então apenas assinei, é assim que eu me sinto, vazia.
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Deixa a estrelinha por favor, essa história eu tenho trabalho faz dias e eu criei uma conta no tiktok onde eu vou postar edits sobre a fanfic. <3

𝘕𝘦𝘷𝘦𝘳 𝘨𝘰𝘪𝘯𝘨 𝘣𝘢𝘤𝘬- 𝘖𝘶𝘵𝘦𝘳 𝘉𝘢𝘯𝘬𝘴 Onde histórias criam vida. Descubra agora