Rafe Cameron
(15 de agosto de 2020)Amanheci no colchão gelado de Lizzie, mas ela não estava ali para que eu observasse seu rosto e cada detalhe adorável que ela tinha, talvez tudo isso tivesse um propósito, diziam as pessoas, mas eu não conseguia acreditar. Aurora apareceu no quarto durante a madrugada e chorou comigo, conversamos um pouco e ela voltou para seu quarto, seu choro dava para ser ouvido a quilômetros de distância. Os pais de Lizzie organizaram tudo rapidamente para que o funeral fosse no dia seguinte, assim não perderiam tempo na ilha, era como se para eles fosse só mais um dia resolvendo os problemas de Lizzie.
Durante a manhã procurei seus perfumes, tentando encontrar algo com seu cheiro, mas meu nariz só se lembrava do cheiro de sal, sal da praia onde seu corpo foi encontrado, a praia onde eu segurei seu corpo sem vida. Senti um aperto enorme no coração, precisava de Lizzie, mais do que de ar para respirar, mas ela estava inacessível agora e para sempre. Sarah deixou roupas pretas limpas para que eu usasse hoje eu assim eu fiz.Lizzie Parker
(15 de agosto de 2020)Todos vestindo roupas sociais, isso poderia ser o meu maior pesadelo, até que eu vejo ele e tenho certeza de que não estou dormindo.
Sempre pensei em como seria a morte, se iria para um lugar vazio ou se realmente existiria um céu, mas é apenas um meio termo. De onde estou consigo ver o rosto sem expressão de Rafe na multidão durante o meu funeral, estou presente e ao mesmo tempo não estou, tento segurar sua mão e um arrepio percorre todo seu corpo, o fazendo se afastar. Minhas amigas permanecem juntas chorando baixinho no ombro das outras, os pogues no fundo da sala, com olhos inchados e vermelhos. Minha tia está na primeira fileira, ela parece 10 anos mais velha, seu rosto está inexpressivo e inchado, lágrimas escorrendo e o cabelo bagunçado. Meus pais não expressam nada, nem tristeza nem felicidade, apenas tédio, e isso fica perceptível quando minha mãe se levanta para atender uma ligação. Percorro todo o salão vendo rostos conhecidos e novos também, chegando ao lado do meu caixão posso ter certeza que realmente acabou, e eu nunca terei 18 anos. Quando atravesso as portas as horas se passam e todos já estão jogando um punhado de terra no meu caixão, meus pais estão indo embora e posso ver minha tia acertando um tapa no rosto de minha mãe, ouço cada xingamento de Aurora e gostaria de ter tido coragem para falar tudo aquilo. Rafe abraça minha tia depois disso e é assim que eu me despeço, sabendo que fui amada e nada no mundo mudaria isso.Rafe Cameron
(3 meses depois)Depois do enterro de Lizzie não fui capaz de continuar em Outer Banks então decidi ajudar meu pai trabalhando na sede da empresa, em Nova York, conheci todos os lugares que Lizzie havia me falado, sentindo tudo que ela deveria ter sentido.
Nesse dia em específico recebi uma ligação de Sarah.
- Encontraram cartas.- Disse a garota antes que eu pudesse dizer qualquer coisa.- Lizzie deixou cartas.- E então desligou.
Juntei algumas coisas em uma mochila e fui para o aeroporto, pegando um dos aviões particulares para chegar o mais rápido possível em Outer Banks. Foram poucas horas de viagem mas a agonia era enorme, sem saber se aquelas cartas eram de despedida ou suicídio, meu coração doía e nem whisky conseguia parar com a dor.
Encontrei com todos na casa de Lizzie, eram 4 cartas, uma para mim, outra para Aurora, outra para as garotas e a última para os outros pogues. Peguei a minha carta e subi para o quarto da garota, sentei ao lado de sua cama me abraçando ao seu travesseiro que ainda tinha seu cheiro e rasguei o lacre, sua letra bem desenhada deixava claro que aquilo era mesmo dela, tornava tudo mais real.
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𝘕𝘦𝘷𝘦𝘳 𝘨𝘰𝘪𝘯𝘨 𝘣𝘢𝘤𝘬- 𝘖𝘶𝘵𝘦𝘳 𝘉𝘢𝘯𝘬𝘴
Fanfiction𝘌𝘭𝘪𝘻𝘢𝘣𝘦𝘵𝘩 𝘓. 𝘗𝘢𝘳𝘬𝘦𝘳 é 𝘢 𝘵í𝘱𝘪𝘤𝘢 𝘢𝘥𝘰𝘭𝘦𝘴𝘤𝘦𝘯𝘵𝘦 𝘱𝘳𝘰𝘣𝘭𝘦𝘮𝘢 𝘲𝘶𝘦 𝘷𝘢𝘪 𝘱𝘢𝘳𝘢 𝘷á𝘳𝘪𝘢𝘴 𝘧𝘦𝘴𝘵𝘢𝘴 𝘦 𝘧𝘪𝘤𝘢 𝘤𝘰𝘮 𝘷á𝘳𝘪𝘰𝘴 𝘨𝘢𝘳𝘰𝘵𝘰𝘴 𝘢𝘱𝘦𝘯𝘢𝘴 𝘱𝘢𝘳𝘢 𝘱𝘳𝘦𝘦𝘯𝘤𝘩𝘦𝘳 𝘰 𝘷𝘢𝘻𝘪𝘰 𝘯𝘰 𝘴...