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Ashley

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Ashley

Nós continuamos juntos, por mais que a hora de ir pra casa já tenha passado alguns minutos, mas o horário que se foda.

Cooper, depois de alguns minutos deitados no meu colo, pensativo, se levanta e olha para mim. Ele sorri, um sorriso brilhante e sincero, um sorriso que achei que não iria ver hoje ou em alguns dias. Ele se endireita no banco e olha para a paisagem e para o céu que começa a perder a luz do sol.

-Ela era brilhante- ele diz, com o sorriso ainda em seus lábios, olhando para o pedaço de sol que ainda brilha para nós. -Por mais que as últimas lembranças que tenho dela não sejam as melhores, ainda consigo me lembrar de muita coisa antes da bebida e das drogas. Quando estava lá, os primeiros dias, e talvez um pouco antes dela ir embora daqui.

Eu aperto a sua mão e o observo contar mais sobre ela. Não sei o que está passando dentro da sua cabeça agora, mas se ele se sentir liberto depois que falar disso comigo, não me importarei de continuar aqui por horas ou até semanas.

-Any- diz ele, com os olhos fechados. Mas logo olha para mim. -O nome dela é Any. Não e se já te disseram isso ou se você se lembra.

Eu não me lembrava

-Nunca havia visto uma mulher tão forte como ela. Ela aguentava tudo com um sorriso no rosto, um sorriso radiante, e ninguém nunca iria dizer que aquele sorriso não era verdadeiro. Mas eu acho que foi isso que a fez desabar de um hora para outra. Ela estava tentando construir uma casa em cima de um vulcão prestes a entrar em erupção. Fico feliz que consegui ajudá-la antes que ela destrua aquela casa, mas fico destruído quando percebo que tive que me afastar dela pra isso.

-Foi necessário.- Aperto a sua mão ainda mais.

-Eu sei- ele concorda com um sussurro.

-Que bom que você ainda tem essas lembranças dela. Tenho certeza que ela sente a sua falta, e que no fundo te agradece por ter feito isso.

-É a única coisa que eu quero. Mas, sabe... ela nunca me ligou.

Fico em silêncio. O que poderia possivelmente falar agora para melhorar essa situação?

-Cooper- chamo depois de alguns minutos. Ele olha pra mim. -Seu pai sabe, ele sabe disso? Do porquê você voltou e como a sua mãe está?

Seu rosto volta a ficar sombrio novamente. Ele respira fundo e solta a minha mão, logo cruzando os braços.

Faz que não com a cabeça.

-Ele não sabe?- Pergunto mais alto que imaginei.

-Acha que ela está bem. Ele só acha que eu voltei porque quis, porque cansei de ficar lá com ela.

-Por que você não contou pra ele? Isso é sério.

-Porque ele também não fica de bom humor quando se trata da minha mãe. Ele ainda se culpa por ela ter ido embora, e com razão, porque a culpa foi realmente dele.

-Isso não importa, aquela mulher poderia ter morrido, ele precisa saber disso.

-Não, Ashley, ele não precisa. Se ele soubesse só iria piorar as coisas. Minha mãe já me odeia, agora imagina eu contar para o meu pai e ele ir lá. Ela finalmente está bem, já saiu da clínica e está bem, e se meu pai for lá, tudo vai de sido em vão, ela vai voltar com a vida que tinha. Acredite em mim, minha mãe não aguentaria ver meu pai agora, e também não acho que meu pai iria se sentir melhor se soubesse. Isso- ele respira fundo mais uma vez. -Isso iria acabar com os dois.

Não falo mais nada. Se ele não quer contar, não seria eu que obrigaria. E sei como é difícil mudar a opinião do Cooper.

Quando que ele vai ligar o carro e ir para casa bravo comigo, bravo por eu ter perguntado sobre a sua mãe e fazê-lo se lembrar de tudo aquilo, ele se aproxima de mim e beija a ponta do meu nariz. Então diz:

-Obrigada por dividir o peso comigo, me sinto como uma pena voando pelo ar agora.

-Obrigada por confiar em mim para dividir o peso- respondo beijando a ponta do nariz dele, assim como ele fez comigo.

Cooper olha no relógio e toma um susto. Aparentemente não havia percebido que estava quase de noite.

-Você já devia estar em casa- exclama, com uma mão na cabeça.

-Eu sei, e você também.

-O que vamos fazer?

-Cooper, relaxa, eu não me importo. Não vão nos separar de qualquer jeito. Sabe disso. Pelo menos não agora.

-Mas vão conseguir se dermos motivo o suficiente.

-Eles já têm motivo o suficiente, mas não importa.

Encosto meus pés no painel do carro e deito mais o banco. Ligo o som e coloco uma musica mais animada. Agora todo aquele sentimento ruim e clima tenso já haviam ido embora. Agora nós dois estávamos nos sentindo mais leves.

Eu aumento o volume no máximo e saio do carro. Então dou a volta e abro a porta que ele está. Cooper me observa com gargalhadas. Puxo a mão dele e o tiro do carro. Mexo meus ombros, minhas pernas e meus braços, dançando sem parar. Seguro as mãos deles e também as mexo, para que ele dance comigo.

-Vamos, não se preocupe, aproveite- digo jogando as mãos para o alto e sentindo no meu peito que, por um momento, estou livre.

-Quem é você?- Ele pergunta, me analisando, dançando suavemente com a música.

-Sou a pessoa que você soltou do estupido cubículo que eu vivia, agora se solte também.

Cooper então parece que de repente foi atingido por um soco de adrenalina no seu peito. Seu corpo se mexe como nunca havia visto antes. Ele dança da maneira mais solta e espontânea o possível, ele se encontra no meio de tanta loucura, assim como eu.

Ficamos ali por horas, como se o mundo já estivesse acabado e nós fossemos os únicos sobreviventes.

Vejo meu celular tocando algumas vezes no carro, mas não atendo.


Quando chego em casa, minha mãe e meu pai gritam tanto comigo que por um momento jurei que havia perdido a audição ou a sanidade. Recebi mais inúmeros discursos sobre eu não poder voltar àquela hora para casa, mas ignorei como sempre.

Mas me sinto mal por ser tão indiferente com eles. Eles ficaram legitimamente preocupados, e só estão fazendo isso para me proteger, mas não posso ignorar o fato de que a proteção deles as vezes é muito exagerada e me faz miserável.

Sei que, antes dos nossos pais brigarem, o plano era nos mandar para a mesma faculdade, onde nós dois aprendêssemos a administrar uma empresa, mas agora, tenho certeza que eles iriam mandar um para cada canto do país, e não havia nada que eu poderia fazer para mudar aquilo a não ser aproveitar as últimas semanas que eu tinha com ele.

Sei que, antes dos nossos pais brigarem, o plano era nos mandar para a mesma faculdade, onde nós dois aprendêssemos a administrar uma empresa, mas agora, tenho certeza que eles iriam mandar um para cada canto do país, e não havia nada que eu poder...

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-Sou tão difícil que até o covid me pegou só dois anos depois

-amo vocês!!

Diga meu nomeOnde histórias criam vida. Descubra agora